quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Farewell 2014 - music by Soja




                           











Não contabilizo os anos mas tento reflectir sobre a sua passagem ...
Decepções,  momentos maravilhosos, desencontros previsíveis, solidão no desapego, amar sem limites, celebração da vida e lágrimas também...
Amar sem dúvida incondicionalmente mas dentro do racional, amar-me incondicionalmente sim.
O mundo mais virtual, as pessoas mais egoístas, os seres se desumanizando e o reino do supérfluo reinando...
O tempo passando célere, o vivido se sobrepondo ao por viver...
Viver é a palavra de ordem e nunca submissão, ali na esquina tem um sorriso quente esperando por ti...











E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.









Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.


E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?









 Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.








Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.

Rubem Braga
Extraído do livro "A Traição das Elegantes".




sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Somos feitos de músicas...





                                         








Algumas canções extraordinárias  vivem dentro de nós a vida inteira e connosco seguirão para além do tempo...







Auscultei-me acerca daquelas canções que no inicio se revelaram profecias e fontes de inspiração, meio abstracta a ideia, e depois de reflectir um bocado surgiram estas...








No tempo destas canções, vivíamos numa tribo nómada, nocturna, no future, bas-fond, hanging around ...








Nesta sinuosa viagem na imponderabilidade da vida, nesta fascinante existência que nos surpreende sempre,  nada é,  tudo está sempre em processo dinâmico, nada permanece ... 








Como agir, quando de dentro de nós  uma voz grita as nossas certezas, as nossas estratégias, o nosso acreditar, o tudo é possível?









Na base dessa marca que te define como ser, que define a tua personalidade, a tua pessoa, estão  canções mágicas, músicas que te embriagaram  e se alojaram dentro de ti para sempre, e te transformaram ...








Estas canções foram a metamorfose, depois delas e de tudo o que culturalmente a elas estava ligado , nunca mais fomos os mesmos...







Nada nem ninguém muda a essência de cada um,,,




sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Fazer o quê?



















Raios partam os dias zangados. Nada há que se possa fazer para fugir deles. Esperam por nós, como credores ajudados por juros injustificáveis, para nos cortarem a fatia do nosso coração que lhes cabe. 

Não são como os dias tristes, que não conseguem habituar-se a uma realidade qualquer, que se revelou, sem querer, desiludindo-nos de uma ilusão que nós próprios inventámos, para mais facilmente podermos acreditar, falsamente, nela. Mas assemelham-se para mais bem nos poderem magoar. Depois. Quase ao mesmo tempo. Bem.






Quem não tem um dia zangado, em que ninguém ou nada corresponde ao que esperávamos? A felicidade é a excepção e o engano. Resulta mais de um esquecimento do que de uma lembrança. 

Pouco há de certo neste mundo. São muitos os pobres, mas não são poucos os ricos. As pessoas do sexo masculino não se entendem nem com as pessoas do sexo masculino, nem com as do sexo feminino. As pessoas, sejam de que sexo e sexualidade forem, compreendem-se mal. Dão-se mal, por muito bem que se dêem.








 As mais apaixonadas umas pelas outras são as que menos bem aceitam as diferenças, as incompreensões, os dias zangados e as noites zangadas que apenas servem para nos relembrar que todos nós nascemos e morremos sozinhos. E que viver é um enorme entretanto, de que devemos tirar partido, sobretudo quando há a sorte de amar e ser amado ou amada. 

Os dias zangados são dias de amor. Ninguém se zanga por desamor. O amor sobrevive e continua, como vingança. 

Miguel Esteves Cardoso










Nunca implore carinho, atenção ou amor. Se não é dado por vontade própria, não vale a pena ter....
Desconhecido








domingo, 9 de novembro de 2014

Bukowski nos solos de Zappa





















ignis fatuus

a única solidão é
sono ou morte
nós não éramos inteligentes, o bastante
gentis com os outros e cruéis para si mesmos
quando pedimos a nós mesmos por misericórdia
e isso foi negado

a mais sagrada privacidade permanece
nos esperando
e tudo que foi
incompreendido ou abandonado
se reunirá

deixe meu fracasso ser sua sorte
isso que foi um quebrado
e descuidado
erro

que seja conhecido
que saber sua própria morte
é morrer duas vezes
uma vez realmente
e então, quase nada

que seja conhecido
que não há nada tão feio
em tudo que é tangente
como a besta humana
um truque definido contra o sangue de sua alma

que seja conhecido
que a solidão é a única
misericórdia
e a única
amante









que seja conhecido
que um homem não precisa ser Cristo
para ser crucificado

que seja conhecido
que um homem pode ser
crucificado
a cada dia
a cada momento
a cada respiração
de sono e vigília
e então ser atormentado novamente

que seja conhecido
que um homem pode morrer
e morrer
e morrer
e morrer
e ainda sentir a dor
e saber que está morto
e ainda sentir a dor
e saber que não há nada que ele possa fazer
e ainda  sentir
a dor
que seja conhecido

que seja conhecido
que os templos não são nada
e os sinos não são nada
e a fama não é nada
e a vitória não é nada
e o sexo não é nada
e que a solidão traz loucura
e a multidão traz loucura
e bebem  e comem o corpo
como um tigre
que não há nenhuma voz para falar com
nenhum ouvido para ouvir








que seja conhecido
que haverá outros homens como eu
levantados  para a boca dos leões
queimados  por falsos amores
enganados por gentileza
alvejados pelo intelecto
tontos por ramalhete
sacrificados para o lucro
utilizados como mão de obra barata
e estes serão os mais gentis dos acontecimentos
em comparação com o que vai entrar no olho
e na orelha
e no cérebro
e escoar para as entranhas para começar seu
trabalho de morte
eu tenho pena que todos esses meus irmãos
que vão me seguir nos séculos
Incapazes de amar, porque não há nada para amar
Incapazes de matar, porque não há nada vivo
Para sempre pendurados e
sangrando e tontos
Pela besta
humana
as paredes
os jardins
o sol
as flores
os beijos
as bandeiras
os mares
os animais
a comida
os licores
as pinturas
as sinfonias
tudo inutilidade

que seja conhecido
que a maioria dos homens
adoram quando podem ver
e eles vêem uns aos outros
e eles adoram isso
porque eles vêem muito pouco

que seja conhecido
que eu sou amargo
e condenado
e cansado
e inútil

que seja conhecido
que quando esperança final se vai
lá permanece, mas olhando para a dança
e observando a relação fraca
dos idiotas
com muito pouco anotações








que seja conhecido
que eu estou morto
mas não existe raiva

que seja conhecido
que a maioria dos homens estão mortos
muitos anos antes do enterro

que seja conhecido
que muitos homens morrem na infância
que muitos homens nascem mortos
embora as suas partes se movam
e fazem som
e crescem
e avançam
no comportamento adulto
e fazem  as coisas da
civilização

Que seja conhecido
que estes homens nunca existiram
e que seus funerais
foram  enormes farsas
e também as lágrimas mortas
para o já morto

que seja conhecido
que os próprios vermes
estavam mais perto da verdade
na medida em que
não
choram

que seja  conhecido
que o nascimento não é santo
que a morte não é santa
que a vida não é santa

que seja conhecido
que eu tenho sangrado sem coroas
que  eu vou sangrar em um momento
que eu vou sangrar para sempre
vermelho
vermelho
vermelho
e os falcões vão dançar
dentro dos meus ossos
e regozijar

que seja conhecido
que eu não morra pelos pecados do homem
mas que eu morra pelo o quê o homem é
e para o que eu quase fui
eles- muito pouco de qualquer coisa
em mim mesmo levantou o suficiente
para ver o horror
o adoecer
e enlouquecer
e murchar

não tome como pessoal
o que eu digo sobre a vida
completamente
ou o homem
completamente
a não ser que
em outro plano
você se considera
um defensor da vida e do homem
o que é apenas uma outra fraqueza natural das espécies
como um rato guardando seu ninho
e para o qual
eu não posso te culpar totalmente

a única solidão é a morte
mas não esta morte
não esta morte
não
esta

morte.

Charles Bukowski






segunda-feira, 27 de outubro de 2014

...ouvindo The Cinematic Orchestra










                                                                                                        







     





Li algures que o ser humano é solitário, irremediavelmente ele é sozinho...
Somos sozinhos e mesmo quando vivemos a dois continuamos sozinhos, apenas passamos a ser duas pessoas sós dividindo suas solidões, compartilhando suas solidões...
Puxa, é algo muito severo, é uma condição que nos deixa a total responsabilidade de ser e de existir....

Ainda por cima deixa-nos também num existir ao sabor da nossa intuição,  entregues a nós próprios ou a uma escolha, nessa diversidade de opções que o homem foi inventando, tentando encontrar a melhor formula para lidar com isso.











Fará isto algum sentido, os solitários felizes e os solitários angustiados?

Acredito que a empatia, mais do que a paixão nos ajuda a não nos sentirmos tão sós.

Ela abre de imediato as portas a uma comunicação mais fácil, mais prazeirosa e isso no fundo é o anseio do prisioneiro de si próprio; encontrar alguém que olhe a vida de um modo semelhante ao seu, ai a solidão não será tão grande.










O prazer, a empatia, a paixão, isso tudo nós sentimos sozinhos mesmo que partilhado com alguém, apenas projectamos a nossa ideia de simbiose, a nossa sensação de  "química", só e apenas...
Pelo que concluo que tudo isso não passa de uma divagação criada e alimentada pela nossa mente solitária.
A angustia voltou e divagando sobre o sexo dos anjos vou repintando esse velho quadro inacabado, há tanto tempo arrumado na poeira do sótão.





















domingo, 12 de outubro de 2014

...que se quebrem as grilhetas !!








                               

                             
                                                     foto de Zeca de Oliveira












Meu país vai para eleições na quarta feira dia 15 e pela primeira vez a Frelimo poderá sair do poder que ocupa desde a Independência em 1975.
 Seria bom que tal acontecesse, porque o povo está cansado desta ditadura encapotada de democracia,  que existe apenas para servir os interesses de uma oligarquia que vem enriquecendo despudoradamente, enquanto o povo vai continuando cada vez mais pobre, cada vez mais miserável.





Renamo e MDM, as alternativas ao poder estabelecido, fizeram a sua campanha num nível muito inferior à máquina riquíssima da Frelimo, mas mesmo assim,  sem artifícios para alienar as populações, arrastaram multidões que se mostraram interessadas em ouvir discursos diferentes, discursos críticos às promessas nunca cumpridas do passado, ouviram palavras cheias de esperança, promessas possíveis de ser realizadas.
 Esperamos que este país possa acordar das trevas, que este país possa finalmente se libertar das amarras do partido único, que tem permanecido ao leme deste país como se o país fosse uma propriedade sua durante tantos e tantos anos.








 Sonhar é legitimo, e como moçambicano tenho sonhado um dia acordar e ver o meu país liberto desta triste realidade .
 Espero que seja desta vez, que de mãos dadas possamos todos construir um verdadeiro  Estado de Direito , com forças politicas de cores diferentes, em igualdade de direitos e de possibilidades, que possam elas lealmente esgrimir seus programas, suas ideias, em liberdade e com um único fito, o de servir os moçambicanos.








sábado, 27 de setembro de 2014

Os eus do Eduardo White



















 
Hoje sou eu e não sou, estou em mim como uma realidade etérea dentro e física fora. Sai de casa um e voltei para ela outro. 
Dei conta desse facto, agora, quando me sentei junto ao computador e quis escrever e não pude.
 Entretanto, uma campainha fictícia tocou-me e abri o peito para espreitar quem era e era o outro que tocava.
 Esqueceste-te de mim, disse-me. 
Eu fitei-o alarmado porque nunca tal realidade se tinha dado assim tão evidente.
 Desculpa-me, respondi-lhe. 
Abri mais o peito e ele entrou-me e logo fiquei dois num ápice. Sentamos-nos os três. Eu, a matéria, e os dois outros que me ocupam e que são informes e intactáveis e que aqui falam comigo de modo estranho.










Acho inacreditável que não seja eu nenhum de vós dentro de mim, afirmo-lhes. 
E eles riem-se e eu calo-me estupefacto. Se sou dois e percebo, quem é este dentro de mim?
 Pergunto-lhes. Sim, porque se os vejo, sou e se com eles falo, penso e se penso e não sou eles, sou eu , então, mais um outro. 
Isto não me agrada, cogito. Mas... e com qual pensa este que agora sou? 
Outro, respondem-me eles. 
Eu vazo de inacreditar. Eu baralho-me de imperceber. Somos três, e' isso que somos? 
Sim, respondem eles. Tu és a parte material desse que és, neste exacto momento e esse que és, é a outra parte com que a tua matéria se pensa. 
Mas, porra, e então vocês? grito-lhes, irritado.









 Nós somos os outros que tu de vez em quando és e nós o tu que a gente é quando assim o queremos. 
Sou, pelos vistos, um hospedeiro? pergunto-lhes eu. 
Do teu ponto de vista, sim, porem, do nosso, não.
 A confusão engorda, a duvida alonga-se. E o que fazem então, aqui, vocês? pergunto-lhes.
 Eu venho escrever por ti e este vem fumar contigo e o que tu és, e és tu e estas ai e nós aqui.
 Caramba, ó meus senhores, eu já não percebo nada. Se eu sou eu o este que estou e vós sois eu o esses que são, quem sou eu? 
Todos nós, dizem eles, e nós todos tu. 
Brrrrr, merda danada. Já estou a espalhar-me de imperceber. Esperai, digo-lhes eu, eu vou dormir para ver se me arrumo e volte a entender esta salada toda. Nós vamos contigo, dizem-me eles. Porque? pergunto-lhes.
 Porque nós também precisamos de o fazer e se não fizermos contigo não o poderemos fazer com mais ninguém. Nós somos tu e tu és nós, lembras-te? 
E eu levanto-me, sem dizer nada, e venho deitar-me e eles comigo ou eu com eles, fico sem saber dizer. E durmo.

Eduardo White







sábado, 6 de setembro de 2014

...relendo Eduardo White











Crê. 

Deus me chega pela manha, pelo dia que se abre para o azul, para a pureza que de tudo emana, para o renovado e para o cantado.
Deus abraça-me com a frescura e se senta dentro de mim. Faço-lhe o café, aparo-lhe a barba e troco a sua túnica de cetim. Deus é, desse modo, todo cordial e distraído, percorre-me a casa, vasculha-me os livros, pede-me versos e num pássaro, num segundo, veste-lhe as asas.





Deus dormita cansado em frente à televisão, ressona tão forte como uma trovoada e por vezes chove ou se incendeia numa tempestade e eu acordo-o e Ele se levanta todo assustado. Depois quer brincar e pergunta-me pelas crianças e eu digo-Lhe: Deus, os meninos já estão crescidos. E Ele olha-me, fixamente, e questiona: E tu? E e eu brinco, não tenho outro remédio, e carrego-O ás cavalitas enquanto se ri, embora já pese muito esse meu Deus querido e gordo, e Ele esconde-se pelos quartos, pelas roupas penduradas ou desarrumadas, pelos jornais abandonados pela sala, pelos lençóis quentes em que dormi.









Deus é grande, mas é uma tão pura e ingénua criança que tem momentos que chora, descontrolado, chora os males do Mundo que Nele senti, chora a miseria, as guerras fratricidas, chora as crianças mortas, os homens tristes e desempregados, chora os crimes bárbaros, a sua igreja pedofilizada, chora os rios que não correm, os mares tristes e desrespeitados, chora os animais selvagens, o seu comercio, os seus abates, chora as árvores cortadas e os jardins bombardeados.

Depois pára e soluça e passo-Lhe a mão pelos longos e já brancos cabelos e Ele encosta o seu rosto enrugado ao carinho com que as abri. E como menino olha-me e fala-me: Eu já na acredito nos meus milagres, estes homens não gostam de si.











 E eu dou-lhe um beijo sentido e demorado e dou-Lhe um bocado de mim. Da minha esperança, da minha alegria por te-Lo ali, da minha verdade quando O recebo, das minhas dádivas que as suas mãos eu pedi.

E, então, Deus se levanta, enxuga as lágrimas, pede-me um copo de agua, despede-se longamente de tudo aqui em casa e parte deixando-nos abençoados e eu acreditando que O vi.
Deus é isto e e' nesse Deus que creio a quem rezo e, com Ele, amo quase tudo o que já vivi. Deus é bonito, esse meu Deus com quem cresci.

Bom dia, amigos e esteja Deus convosco e vos abençoe e também vos guarde como a mim.


Eduardo White








https://www.facebook.com/pages/Eduardo-Costley-White/476547045724526?ref=ts&fref=ts

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Eduardo White, o poeta maldito...










                                                             






 Faleceu ontem o meu amigo, companheiro de viagens interiores alucinantes, parceiro de saltos no abismo das almas e também meu inimigo em discussões geradas nas muitas nossas noites de excessos... 

Foi-se embora e nem se despediu, foi como quem já tivesse partido faz muitos anos, ficaram no limbo as suas palavras tantas vezes vomitadas, de impulso gritado a despropósito ou a propósito de nada ou a doçura de suas rimas, dançando feito borboletas do paraíso nos perfumando as almas...
Palavras que construía com mestria nata, perfeitas , melodiosas, com sabor e cheiro, vivas !!

Eduardo é para mim o maior poeta de Moçambique e é também um dos maiores poetas da língua portuguesa e nem mesmo a insensibilidade com que o nosso país se despediu dele  fará mudar isso.
O mundo se renderá à sua obra mágica, ímpar e o colocará no lugar que já lhe estava reservado desde antes dos tempos... 

Eduardo era um poeta da tribo dos poetas malditos, sereno e sóbrio era o gentlemen, ébrio era um furacão que ninguém aguentava...

Rodava pelas barracas e vielas escuras de Maputo, seus ambientes de eleição, como uma assombração divina , chegava e a poesia se enchia de musas pairando à sua volta, as noites poderiam ir de loucas a insanas ou de solenes às lágrimas do desespero existencial...

Eduardo de lágrima fácil era um angustiado compulsivo e ao mesmo tempo um boémio da música, de humor sarcástico, ferino e sempre acompanhado por aquele seu riso sacanoide...
Eduardo White, a nossa terra perdeu o verdadeiro artesão mestre das palavras, perdeu essa fabricação contínua de poesia que te saia aos borbotões a toda a hora, tinhas só uma língua, tu falavas poesia, eras a poesia !
Adeus Eduardo White !!!! 











Quando a morte me chegar, não me dêem flores e nem discursos para moldar. Levem-me para casa, para que todos os dias possa voltar aos meus lugares de onde parti. Chamem pelo nome do meu País para que eu sinta as ruas que em vida percorri, chamem por ele, devagar, para que a morte saiba que não morri.

Quando eu morrer, não quero beleza das mulheres que eu amei perto de mim, antes quero os filhos onde toda vida eu cresci e quero-os belos nessa hora, e fortes e grandes como um rio para os celebrar, como uma linha de frio que mesmo, morto me faça sorrir e quero-os vivos e cheios de si, que do escuro onde me descobri se acenderá uma vela trémula de Deus e de mim.

Não quero padres nem missas que me encomendem, quero o barulho dos amigos com quem vivi, os que me deram as mãos quando precisei, os que nunca voltaram as costas quando eu enfraqueci, os que comigo beberam, os que comigo receberam o que a vida me deu e não percebi.

Quando morrer, digam um a um o nome das mulheres simples dsa minha Pátria, essa que a tornaram carne e chão, pão e vento, essas que têm estradas infinitas dentro de si e uma cama generosa para podermos dormir. E não lembrem os meus versos nesse dia que eles foram demasiado pequenos paar o merecerem e nem me demorem demasiado a velar e nem se compadeçam com os motivos porque não haverá gente para me chorar.

Quando eu morrer, recordem-se, se o puderem, quero um pedaço da terra onde eu brinquei e fui menino sobre o meu peito, uma goiaba, um pássaro que se solte do meu cadáver e que para o azul se incendeie e com isso me faça subir não para as luzes das estrelas que nunca quiz, mas para o infinito que ambicionei e pelo qual me perdi. Quero os rostos dos alfaiates sorrindo-me das velhas máquinas, das velhas fumando seus grossos cigarros em papel de caqui, quero campainha de uma ginga na magreza robusta de um pescador e uma cachaça de cana e um bolinho de sura para que a vida saiba que eu vivi.

Quando eu morrer não quero a íngua do luto, quero a lembrança de ter sido feliz, muito ou pouco, mal ou bem, quero isso que fui, quero isso que tive, quero tudo o que não dei nem nunca recebi para que seja pura a morte e se adoce como um fino licor de aniz. 

Por isso, quando eu partir, lembrem-se de Deus porque eu o vi, bebam com ele um copo e dancem e catem e abracem o Mundo como ele se abraçou a mim e acreditem que estarei convosco, e acreditem que beberei convosco, e acreditem que abraçarei o Mundo da mesma maneira que o escrevi.

E quando tiver chegado a hora de me estenderem nesse eterno repouso, nesse perpétuo sono onde me dividi, eu lembrar-vos-ei melhor por isso, mesmo que nunca o tenham sido, e lembrar-me-ei de mim, feliz, nessa hora que nunca quiz.

Mas se houver quem disto se ria, quem disto fizer gozo desmesurado, antes de morrer eu recordo-lhes que não quero na morte o que na vida me recusaram, nem eles, nem brilhantes, nem foguetes, nem gente se lembrando dela para que do morto se esqueça, nem nada que seja grande porque nunca o fui e nem que julgue hipócritamente poder merecer.

O que quero, quando eu morrer, haverá de ser TUDO o que a morte me levar do quase NADA que a vida se prestou a roubar-me. Tão sómente isso, eu quererei quando eu morrer.

Eduardo White






http://videos.sapo.mz/C1QLW0wTDQRZJNSy85kP

sábado, 19 de julho de 2014

Dalai Lama e o reggae de Chronixx









A um palmo de ser pleno e sendo-o já na sua plenitude interior,
o homem que planta naquele jardim as flores do adeus, espera...
Espera que ser feliz não seja uma doce quimera...

Acredita e sente que sim, que vai ser
Sabe que tem a tranquilidade e que só pode ser assim !!







Embora seja possível atingir a felicidade, a felicidade não é uma coisa simples. Existem muitos níveis. O Budismo, por exemplo, refere-se a quatro factores de contentamento ou felicidade: os bens materiais, a satisfação mundana, a espiritualidade e a iluminação. O conjunto destes factores abarca a totalidade da busca pessoal de felicidade. Deixemos de lado, por ora, as aspirações últimas a nível religioso ou espiritual, como a perfeição e a iluminação, e concentremo-nos unicamente sobre a alegria e a felicidade, tal como as concebemos a nível mundano. A este nível, existem certos elementos-chave que nós reconhecemos convencionalmente como contribuindo para o bem-estar e a felicidade. A saúde, por exemplo, é considerada como um factor necessário para o bem-estar. Um outro factor são as condições materiais ou os bens que possuímos. Ter amigos e companheiros, é outro. Todos nós concordamos que para termos uma vida feliz precisamos de um círculo de amigos com quem nos possamos relacionar emocionalmente e em quem possamos confiar.








Portanto, todos estes factores são causas de felicidade. Mas para que um indivíduo possa utilizá-los plenamente e gozar de uma vida feliz e preenchida, a chave é o estado de espírito. É crucial. Se utilizarmos as condições favoráveis que possuímos, tais como a saúde ou a riqueza, com fins positivos, para ajudar os outros, esses factores contribuem para uma vida mais feliz. 
Claro que, pessoalmente, também tiramos partido destas coisas —-facilidades materiais, sucesso, etc., mas se não tivermos a atitude mental correcta, se não cuidarmos do factor mental, estas coisas acabam por ter pouca incidência sobre o sentimento geral de felicidade. Por exemplo, se guardarmos ódio ou rancor no fundo de nós mesmos, isso acabará por destruir a nossa saúde, destruindo assim um dos factores. Por outro lado, se nos sentirmos infelizes ou frustrados, o conforto material não chegará para nos compensar. Mas se mantivermos um estado de espírito calmo e sereno, poderemos sentir-nos felizes mesmo se a nossa saúde não for das melhores. Em contrapartida, mesmo se possuirmos objectos raros ou preciosos, podemos querer deitá-los fora ou destruí-los num momento de grande cólera ou ódio. Nesse momento, os bens não significam nada para nós.








Existem actualmente sociedades com um grande grau de desenvolvimento material e no seio das quais muitos indivíduos não se sentem felizes. A nível superficial, essa abundância é muito atraente, mas por trás existe um desassossego mental que leva à frustração, a discórdias desnecessárias, à dependência das drogas ou do álcool e, no pior dos casos, ao suicídio. Não existe portanto nenhuma garantia de que a riqueza por si só possa trazer-nos a alegria ou a satisfação que procuramos. O mesmo se pode dizer dos amigos. Quando estamos muito zangados, mesmo um amigo muito próximo pode parecer-nos glacial, frio, distante e muito irritante. 
Tudo isto indica a enorme influência que o estado de espírito, o factor mental, pode ter na nossa vivência de todos os dias. Portanto, temos de ter esse factor seriamente em linha de conta. Independentemente de uma prática espiritual, mesmo em termos mundanos, a nossa capacidade de desfrutar de uma vida agradável e feliz depende da nossa serenidade mental. 
Talvez devesse acrescentar que quando falamos de um estado de espírito calmo ou de paz de espírito não devemos confundir isso com um estado de insensibilidade ou de apatia. Possuir um estado de espírito calmo não significa estar completamente alheado ou amorfo. A paz de espírito, esse estado de serenidade, tem de estar enraizado na afeição e na compaixão, o que implica um grande nível de sensibilidade e de sentimento.









Enquanto nos faltar a disciplina interior que conduz à serenidade, sejam quais forem as facilidades ou as condições exteriores que nos rodeiam, elas nunca nos trarão esse sentimento de alegria e de felicidade que procuramos. Por outro lado, se possuirmos as qualidades interiores de serenidade e de estabilidade, mesmo que os factores exteriores de conforto normalmente considerados como indispensáveis à felicidade não estejam em nossa posse, podemos ter uma vida alegre e feliz. 

Dalai Lama, in 'The Art of Happiness'












sexta-feira, 11 de julho de 2014

O Buddha na lucidez de Pessoa


















Ninguém a outro ama, senão que ama
O que de si há nele, ou é suposto.
Nada te pese que não te amem. Sentem-te
Quem és, e és estrangeiro.
Cura de ser quem és, amam-te ou nunca.
Firme contigo, sofrerás avaro
De penas.










Não só quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
Não menos nos limita.
Que os deuses me concedam que, despido
De afetos, tenha a fria liberdade
Dos píncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada
É livre; quem não tem, e não deseja,
Homem, é igual aos deuses.







Não queiras, Lídia, edificar no spaço
Que figuras futuro, ou prometer-te
Amanhã.  Cumpre-te hoje, não 'sperando.
Tu mesma és tua vida.
Não te destines, que não és futura.
Quem sabe se, entre a taça que esvazias,
E ela de novo enchida, não te a sorte
Interpõe o abismo?








Não quero as oferendas
Com que fingis, sinceros
Dar-me os dons que me dais.
Dais-me o que perderei,
Chorando-o, duas vezes,
Por vosso e meu, perdido.
Antes mo prometais
Sem mo dardes, que a perda
Será mais na 'sperança
Que na recordação.
Não terei mais desgosto
Que o contínuo da vida,
Vendo que com os dias
Tarda o que 'spera, e é nada




                                       





 





poesia de Fernando Pessoa 

         

sexta-feira, 27 de junho de 2014

O suicídio das borboletas - music by Lenny Kravitz



















Um dia levantar-se-ão ventos tépidos e acariciantes e as borboletas rodopiarão pelo salão.
Como cores de aguarela dançarão pelo chão de pólen enquanto vozes em surdina chorarão seus sonhos perdidos em tons dos blues dos despojados...
Os aromas das várias flores levitarão e as borboletas se embriagarão, perdidas de tesão beijarão os espelhos.
Arrancarão depois as asas e sem cor cairão extenuadas, olhando ajoelhadas o reflexo decrépito do corpo nu de lagarta desmembrada









Pestanas longas ocultam o olho visionário, o olho de água e fogo que vê para além do sol e para além do purgatório.
Por trás deste olho um crânio de ideais falhados e sonhos esburacados.
Por dentro daquele sujeito amores felizes e paixões intensas se levantaram como ténues correntes dum qualquer calmo oceano, e tudo arrastaram para as areias desertas de uma qualquer ilha perdida.
Náufrago numa terra de borboletas exóticas, viverá como adestrador de casulos, orquestrador e circense, inventará a valsa dos insectos suicidas.







Enquanto a incúria, o boçalismo, a arrogância, a cobiça e tantos outros podres permanecerem, o destino de nós todos será o de permanecermos escravos, apáticos, conformados, medíocres, pobres ou então teremos de acordar e lutar pela nossa dignidade.

 Temos de ter tomates, deixar o conforto da cobardia  e dizer BASTA !!!  





   

terça-feira, 6 de maio de 2014

Tarrus no país da cobardia






















Como a tormenta que se não adivinha, a chuva miúda ia borrifando nossos dias com incertezas e apreensões aos magotes  e mesmo assim íamos seguindo nossas vidas...
A morrinha que caía mais nuns dias do que noutros deixou de o ser e rapidamente se está a transformar em  chuva grossa,  a nós só nos resta esperar que não vire uma tempestade destruidora....
O desfecho  é mais que sabido e caminhamos sim para aquilo que nós, a maioria,  não queríamos que acontecesse mas que no intimo de cada um de nós,  sabíamos que iria acontecer, a guerra  ...









Como uma máquina gigante, surreal, que surge no horizonte da ficção cientifica e esmaga tudo à sua passagem ou como o ciclone que girando a uma velocidade alucinante segue lentamente moendo tudo à sua passagem, esta borrasca promete nos deixar de novo de rastos, esmagados contra o chão, nus, sem direito a sonhar ou a querer...
As rajadas já varrem vidas faz tempo mas agora a fúria já aumentada grita com voz de trovão e nós nos agachamos, nos estendemos colados ao asfalto, nos escondemos em baixo dos autocarros enquanto os morteiros entram em acção e vomitam desprezo, despeito, desrespeito, desgraça....








A dignidade de cada um de nós está moribunda e junto com ela o respeito por nós próprios há muito que apodreceu e não existe medicina nem religião que sare essa cobardia, essa má formação congénita de um  provável cidadão  de um país que nasceu doente...
O cidadão sonhado, de um  país que ainda não existia, anunciado com o fervor de ser o seu maior anseio, por  Craveirinha, continua adiado....
Somos um povo humilde e submisso, que grilhetas nos colocaram nossos ancestrais que não conseguimos gritar a nossa indignação, lutar  e ao invés disso  nos deixamos violar?









Porque não somos guerreiros?
Porque não nos manifestamos e não lutamos pelos nossos direitos?
Porque nos agachamos e nos escondemos heróis atrás do teclado e depois  mostramos sorrisos falsos, comprometidos, convenientes  em público ?
Porque não fazemos nada e aceitamos ser cúmplices conscientes  dos crimes dos nossos algozes?
Assim sendo devemos aceitar que temos o país e o governo que merecemos !!
Somos fracos, sem personalidade e sem sentido de pátria !!!
Somos cobardes e como tal temos o país no estado em que está, um país raptado, rapinado,  à beira do precipício   !!







quinta-feira, 1 de maio de 2014

Gabo de Macondo para Maputo ...







                                  










 Macondo cresce a partir de um pequeno assentamento num lugar isolado e com quase nenhum contacto com o mundo exterior, para eventualmente tornar-se num grande e próspero lugar que  antes era apenas um bananal. O estabelecimento do bananal vai levar Macondo à queda, a que se segue  uma gigantesca tempestade de vento que vai limpa-la do mapa. Enquanto a cidade cresce e até cair , as diferentes gerações da família Buendía desempenham um papel importante, contribuindo para seu desenvolvimento e para o seu fim.












Segundo a Ministra, na administração pública, defesa e segurança, a taxa de reajuste salarial é de oito por cento, um incremento de 222,40 MT, fixando o salário mínimo em 3.002,4 MT.
No sector da pesca semi-industrial, a taxa de reajuste é de 11,1 por cento, um acréscimo de 317 MT, o que eleva o salário mínimo para 3.167 MT, enquanto o da pesca de Kapenta o reajuste é na ordem de oito por cento, correspondente a um incremento de 212 MT, fixando o salário mínimo em 2.857 MT.
Para as pedreiras e areeiros, o salario mínimo passou para 4.316 MT, resultante do reajuste de 11 por cento, o correspondente a 428 MT, enquanto o subsector de salinas o reajuste de 3,15 por cento aumentou 122,47 MT, elevando o mínimo para 4.010 MT.
etc etc etc...
O salário dos médicos não sofreu nenhum reajuste
                                                                 1 USD = 32 MZN









                                                                                                              ciganos em Macondo





A cidade de Macondo foi fundada por José Arcadio Buendía e os membros de sua expedição, composta de vários amigos, esposas, filhos, animais de estimação e todos os tipos de utensílios
O seu objectivo era cruzar a oeste de montanhas em busca de uma saída para o mar. O sítio onde nasceu Macondo era o lugar onde uma noite, depois de ter vagado  26 meses pelo mundo, José Arcadio Buendía sonhou que estava  numa cidade barulhenta, com casas de paredes de espelho, cujo nome era Macondo








Na Assembleia da Republica os representantes do “povo” ganham, no mínimo, 68.273,50 meticais. Isto é, um pouco mais do que 27 vezes o valor pecuniário que é pago ao cidadão que menos ganha no país.









 A casa dos Buendía é ampliada  várias vezes para acomodar descendentes, cônjuges e também os visitantes . 
O Laboratório Alquimia situava-se na mesma.






A Assembleia da República aprovou ontem, em definitivo, a proposta de lei que fixa as regalias do Presidente da República, em exercício e após a cessação de funções.
“uma viagem anual de férias para qualquer parte do mundo em voo de primeira classe e ajudas de custos” para o presidente cessante “cônjuges e filhos menores ou incapazes. A lei aprovada determina que, após a cessação de funções, o presidente venha a usufruir de um subsídio de reintegração equivalente a “dez anos de vencimento-base actualizado”
 “verba destinada à manutenção e equipamento da sua residência, entre outros subsídios”
o Estado deverá reservar 46,2 milhões de meticais para garantir “dignidade” ao Chefe de Estado em exercício e cessante









Macondo é destruída por um ciclone e na sua destruição também morre o último descendente da família Buendía.,,







segunda-feira, 3 de março de 2014

Ir atrás das palavras com Jazz







                










Saudades de escrever de supetão, com as palavras a arfar, a gritarem desespero e angústias...
Vomitar as dores e as náuseas da condição humana, fazer as letras estremecerem e se encherem de lágrimas...

Onde está essa alma perturbada, sem esperança, rastejando pelos becos do desencontro, onde está?






 




Ah !  A felicidade e a plenitude deram cabo desse ser avinagrado a copos de vinho e intoxicado a fumos de levitação... eternamente enquanto dure, soi dizer-se ...
Saudades da poesia corrosiva, da miscelânea de pensamentos ansiosos, de urgências de pranto e de raivas assassinas a abarrotar...
O amor é fatal para quem ama a maldição dos sentires pungentes, para quem se descreve pela dor em palavras lavradas a sangue..









Ah ! A insatisfação é uma das fraquezas maiores dos humanos, só queremos estar onde não estamos e nada nos satisfaz, somos ambíguos e fomos feitos para ser felizes e infelizes, nunca seremos algo equilibrado, seremos sempre carentes de barriga cheia ou plenos de vazios e sorrisos.











Falar e dizer banalidades ou calar e mastigar o fel da sabedoria parida a ferros, entre dentes cerrados de insubmissão ou a entrega macia à doçura e ao carinho .
Sobra a possibilidade do improviso, da divagação sem rumo, sobra o prazer de dizer e eu digo.
Sou e estou feliz e mesmo assim rasgo palavras ao sabor doutros sentires, crio verdades falsas, desfaço torrões de sal no açucar !!








segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Os Beatles e a falta de inspiração























                             

















   





                           




                     



Escrever devia ser fruto da alegria, da felicidade, do prazer, de textos lindos, de música feita de palavras, mas para alguns é esse estado de alma que simplesmente demite a inspiração...
Para alguns a dor, a angústia, o sofrimento, são os catalisadores de palavras profundas que viram escritos vindos de precipícios, dos abismos escuros da alma...
O vazio do branco imaculado duma folha por escrever, não faz mossa nessa minha afortunada falta de inspiração !!