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sexta-feira, 12 de abril de 2013

O tempo em camadas vividas...














         





As teias que envolvem o quadro escondido pelo tempo são como uma manta de filigrana
No fundo do sótão, por trás de móveis desconjuntados, da bola de basket careca de tantas partidas
A tela esquecida, na penumbra dos dias permanece guardando a história dum tempo, dum espaço...
Não feito o quadro de Dorian Gray, apenas se descascando imperceptível mente, devagar...















No dia em que se fez a mudança de casa, nesse dia ele seria relegado para o fundo do sótão
Esta casa do presente, já muito antiga, não tem  nenhuma parede onde ele possa ser pendurado

Nenhum prego, nenhum acessório poderá suster o peso da pintura, as paredes liquefazem-se

Nesta casa a luz faz com que o azul do mar da tela se derrame qual maré pelo chão, pelos quartos

As gaivotas volteando por cima do barco artesanal ouvem-se pelos corredores, ah o calor...

O calor, a brisa do mar não chega para amenizar o torpor , o chão de madeira ferve, a areia queima..














Por dentro de nós passam mundos, passados,  presentes e futuros, atropelam-se as noções elementares
O vivido, são camadas de vida vivida e em qualquer delas existimos intensamente, nos apaixonamos, nos angustiamos  parecendo que só aquele presente existiu, são tantos presentes
Camada a camada vamos vivendo a vida vivida, fluindo...
O que se vive no presente, é apenas mais uma camada a acrescentar às outras, às que passaram
É o momento real, que nos envolve, que nos faz agir e que nos faz pensar no impalpável  futuro
Ele virá, será presente e de imediato mais uma camada a sobrepor as outras...














A dimensão dos sonhos sonhados, das vontades, dos desejos, do que se imagina no cenário presente
Essa é a única dimensão que não se junta as camadas do tempo, a dimensão da mente
Ela projecta e desenha, pinta, ela representa só para ti, exclusivamente és tu e sonhas para ti
Dentro de nós estão mundos passados,  presentes e futuros, atropelam-se as noções elementares
O viver transforma-se numa grande aventura, numa viagem de constantes revelações, materiais, etéreas, whatever, maravilha !











segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Charles Bukowski - song by Tom Waits



 Charles Bukowski, o poeta maldito, boémio, louco  é um dos escritores contemporâneos mais conhecidos dos EUA, e alguns diriam que é o poeta mais influente e o mais imitado. Nasceu no dia 16 de Agosto de 1920 em Andernach, na Alemanha.
Sua obra obscena e estilo coloquial, com descrições de trabalho braçal, bebedeiras e relacionamentos baratos, fascinaram gerações de jovens à procura de uma obra com a qual pudessem se identificar.
Teve problemas com  alcoolismo e trabalhou como carteiro, operário e motorista de camião apesar de ter estudado jornalismo sem nunca se formar .
Bukowski tem sido erroneamente identificado com a Geração Beat,  por certos temas e estilo similar, mas sua vida e obra nunca mostraram essa inclinação. A cidade de Los Angeles, suas ruas e atmosfera, foram sua principal influência, tratando de histórias com temas simples, misturando por exemplo corridas de cavalo, prostitutas e música clássica. Ele escreveu mais de 50 livros, sem contar milhares de publicações baratas.
Uma de suas principais actividades durante anos foi a leitura de suas poesias em universidades e eventos culturais. Sua leitura debochada às vezes provocava escândalos e desordem com a plateia, algumas delas registadas em áudio.



                                                                   
Nunca me senti só. Gosto de estar comigo mesmo. Sou a melhor forma de entretenimento que posso encontrar.


                                                                       
Por que há tão poucas pessoas interessantes? Em milhões, por que não há algumas? Devemos continuar a viver com esta espécie insípida e tediosa? O problema é que tenho de continuar a me relacionar com eles. Isto é, se eu quiser que as luzes continuem acesas, se eu quiser consertar este computador, se eu quiser dar descarga na privada, comprar um pneu novo, arrancar um dente ou abrir a minha barriga, tenho que continuar a me relacionar. Preciso dos desgraçados para as menores necessidades, mesmo que eles me causem horror. E horror é uma gentileza.
                                                                                  



Caí em meu patético período de desligamento. Muitas vezes, diante de seres humanos bons e maus igualmente, meus sentidos simplesmente se desligam, se cansam, eu desisto. Sou educado. Balanço a cabeça. Finjo entender, porque não quero magoar ninguém. Este é o único ponto fraco que tem me levado à maioria das encrencas. Tentando ser bom com os outros, muitas vezes tenho a alma reduzida a uma espécie de pasta espiritual. Deixa pra lá. Meu cérebro se tranca. Eu escuto. Eu respondo. E eles são broncos demais para perceber que não estou mais ali.

                                                                                 



Há bastante deslealdade, ódio, violência, absurdo no ser humano comum para suprir qualquer exército em qualquer dia. E o melhor no assassinato são aqueles que pregam contra ele. E o melhor no ódio são aqueles que pregam amor, e o melhor na guerra, são aqueles que pregam a paz. Aqueles que pregam Deus precisam de Deus, aqueles que pregam paz não têm paz, aqueles que pregam amor não têm amor. Cuidado com os pregadores, cuidado com os sabedores. Cuidado com aqueles que estão sempre lendo livros. Cuidado com aqueles que detestam pobreza ou que são orgulhosos dela. Cuidado com aqueles que elogiam fácil, porque eles precisam de elogios de volta. Cuidado com aqueles que censuram fácil, eles têm medo daquilo que não conhecem. Cuidado com aqueles que procuram constantes multidões, eles não são nada sozinhos. Cuidado com o homem comum, com a mulher comum, cuidado com o amor deles. O amor deles é comum, procura o comum, mas há genialidade em seu ódio, há bastante genialidade em seu ódio para matar você, para matar qualquer um. Sem esperar solidão, sem entender solidão eles tentarão destruir qualquer coisa que seja diferente deles mesmos.


                                                                                



Se você for tentar, tente de verdade. Caso contrário nem comece. Isso pode significar perder tudo. E talvez até sua cabeça. Isso pode significar não comer nada por três ou quatro dias. Isso pode significar congelar num banco de praça. Isso pode significar escárnio, isolamento. Isolamento é uma dádiva. Todo o resto é teste da sua resistência. De quanto você realmente quer fazer isso. E você vai fazer isso, enfrentando rejeições das piores espécies. E isso será melhor do que qualquer coisa que você já imaginou. Se você for tentar, tente de verdade. Não há outro sentimento melhor que isso. Você estará sozinho com os deuses. E as noites vão arder em chamas. Você levará sua vida directo para a risada perfeita. Esta é a única briga boa que existe.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Bukowski