
O bass dando o beat e o individuo seguindo a passo e compasso
gin e manga juice escorrendo para as meninges sedentas
o feriado deixou um trilho de musicas pela cidade e elas ficaram ecoando , ecoando...
na boca da toca o narizito empinado fareja o sentido das coisas
uma pontada nas costas lhe avisa da perenidade de estar
da penumbra olha o verde das folhas da majestosa mangueira em flor
os sons planam ao nível do tecto, ele está submerso
a terra o rodeia, os grilos grilam a meio tom, trinam...
na cave o solilóquio vai profundo e a escuridão se aproxima sorrateiramente...
Faça-se luz e a musica se pronuncie....
Lá onde os sonhos ficaram pendurados em varais, se abram as cortinas e deixem a noite ser plateia ...
Tambores tocando , os arautos das vidas perdidas se fazendo ouvir em harmonias complicadas, desenhando mapas e notas musicais nas histórias infames dos desconsolados.
Tacteando , inalando aromas, olhando longamente acaba o insone provando o sabor salgado das coisas estáticas...
Coisas feitas de corações de pedra, de cores vivas escarradas no chão da ignomínia dos homens, lá onde não encontras o paraíso...
Rebusca e busca e encontra o mesmo, nada...
Falar de coisas alegres, de sorrisos e beijos de amor, falar das mãos dadas na berma da praia, falar do brilho no olhar de quem acredita, falar de ilusões, falar da espera eterna, falar em fé, falar...
Falar de coisas alegres, de sorrisos e beijos de amor, falar das mãos dadas na berma da praia, falar do brilho no olhar de quem acredita, falar de ilusões, falar da espera eterna, falar em fé, falar...
Para quê fingir?
Lá na caverna, lá na toca, lá na cave a esperança tremeluz tal vela que pouco ilumina e o individuo não se agacha, não!!!
Sai da toca e ao clarão da noite de néon atira sarcástico e meio demente a pergunta lapidar:
-Podes me indicar oh noite interminável, como fazer para só vislumbrar um pouco desse tal de paraíso?
Obviamente que a noite não lhe responde mas mesmo assim aguça o ouvido, não vá a noite sussurrar e ele não ouvir...