domingo, 27 de outubro de 2013

Lou Reed & the wild side







                                               
                                       1942 - 2013












A música de Lou Reed soa no ar e as imagens nítidas dum tempo memorável fazem acordar um passado que se viveu intenso, cheio de excentricidades e excessos.
Ouvi pela 1ª vez Lou Reed em Lisboa em 76, depois dessa ouvi muitas vezes mais, muitas mesmo, esse som único e estranhamente embriagante, a voz inimitável do bardo do mundo underground, do bas fond, das cores e ideias de Andy Warhol , do psicadélico, das drogas e das putas.














Velvet Underground e a arte de Warhol !!!

Patty Smith, Television, Stranglers, Genesis, Bob Marley, Peter Toch, Steely Dan, Peter Frampton, Joan Armatrading, Steve Miller, Peter Green, Caetano, Gil, Chico, etc...  um tempo de grande música e de grandes criações, Lou Reed entre todos eles  era a imagem do rebelde dos rebeldes, do junkie introspectivo.
Um tempo em que aliados à música, os livros e o cinema formavam como que uma religião, eram a igreja que nos guiava; o surrealismo, Dali, Fernando Pessoa, Breton,  Boris Vian, Burroughs, Kafka, Lautreamont, Ingmar Bergman, Gavras, Antonioni, Arrabal, Woddy Allen, Copolla, Scorcese, etc.










Os meus longínquos 19 anos, vivendo sem lar, saltitando de casa em casa mas com sede no cruzamento da  Alexandre Herculano com a Av. da Liberdade, na república da freakalhada,  sala de musica, dormitório e palco de todas bebedeiras e de todas viagens ,onde tantas vezes matávamos  a fome,  livres, anarkas e jovens ! 
Lou Reed criou aquela que é talvez a canção que mais me marcou, que era como um hino, quando tocava sentíamos que o nosso caminhar era mesmo selvagem, against the sistem !!!!


She says, "Hey babe, take a walk on the wild side"

He said, "Hey babe, take a walk on the wild side"
And the colored girls go
Doo do doo, doo do doo, doo do doo










 

Sem dúvida que foi esta vivência intensa que me transformou neste ser também meio surreal, desconhecido,  sempre colado a mim e de rebeldia em rebeldia a personalidade foi-se vincando, esta, lúdica, louca, angustiada mas romântica e  poética!!! 
Lou finalmente encontrou o verdadeiro lado selvagem dos seus anseios, a viajem psicadélica ou uma outra dimensão qualquer, a definitiva !!!


Vicious, you hit me with a flower
You do it every hour
Oh, baby you're so vicious!









segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Mayra Andrade e a africanidade





                                                     
                                               Ilha de Sta carolina - Arquipélago de Bazaruto















África, do pôr do sol que se incendeia em vermelhos e laranjas.  
Incendeiam-se também as savanas e os corações cansados e desiludidos...
África das doces tangerinas, das mangas de mel e dos doces sorrisos das gentes!










O amargo das vidas perdidas contrastam com a dádiva da beleza dos palmares infinitos...
África das praias paradisíacas e virgens, do espaço onde o tempo se perdeu para sempre de si.
Na sede do ultraje e da rapina, o nosso futuro eternamente se adia,  o futuro desacontece...









África dos contrastes, onde as minoriazinhas reinam sobre a maioria, como vampiros sedentos
A música e a dança, os corpos frenéticos no som dos tambores, o suor e as lágrimas, a força...
África, o cheiro da terra, o perfume que se prende para sempre na memoria, a marca umbilical










As capulanas e as vozes, o colorido da vida nas ruas, vive-se intensamente sem esperança... 
Africa, o berço do homem, o ninho inexplorado que de repente parece ter despertado...toda a cobiça !
O sabor dos dias é macio, sem a violência do preço a pagar para se viver que se paga nos outros continentes .
África, és o continente das reservas naturais e os teus filhos docemente penam pela sobrevivência, numa forma quase religiosa de não reagir.