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terça-feira, 9 de abril de 2013

Por favor, guerra de novo, NÃO !









                                






Impossível não querer entender, tudo está a acontecer seguido e ao mesmo tempo.
Lá da Coreia ameaçam mentes loucas e cheias de raiva fazerem explodir o planeta com armamento nuclear...
Nós frustrados com a nossa vida sem futuro melhor, conformamo-nos por estar muito longe de Pyongyang e sorrimos seguros e em paz  na nossa merda de realidade...
... mas um mal nunca vem só, para fechar o ciclo da desesperança e do desengano, oiço o matraquear das AK47 em Muxungué e vejo os cidadãos tranquilos viajando de autocarro num suposto país em paz  a serem mortos sem compaixão, o dejá vu da guerra civil está aí, real...












A guerra, que aflige com os seus esquadrões o Mundo, 
É o tipo perfeito do erro da filosofia. 
A guerra, como tudo humano, quer alterar. 
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito 
E alterar depressa. 
Mas a guerra inflige a morte. 
E a morte é o desprezo do Universo por nós. 
Tendo por consequência a morte, a guerra prova que é falsa. 
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer alterar. 
Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza os pôs. 
Tudo é orgulho e inconsciência. 
Tudo é querer mexer-se, fazer coisas, deixar rasto. 
Para o coração e o comandante dos esquadrões 
Regressa aos bocados o universo exterior. 
A química directa da Natureza 
Não deixa lugar vago para o pensamento. 
A humanidade é uma revolta de escravos. 
A humanidade é um governo usurpado pelo povo. 
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito. 
Deixai existir o mundo exterior e a humanidade natural! 
Paz a todas as coisas pré-humanas, mesmo no homem, 
Paz à essência inteiramente exterior do Universo! 

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos" 
Heterónimo de Fernando Pessoa













Como é que se faz um País?

Será que não conseguem os homens ser solidários e deixar de lado a avidez vampírica pelo Poder?
Começo a crer que a tal mudança que diziam ir acontecer a 21 de Dezembro começa a fazer sentido...
Como uma onda de um Tsunami surrealmente enorme ela se vem aproximando desde então...
As relações, as atitudes, a fragilidade de todo o quotidiano, a perenidade de tudo como se  o presente fosse o último dia das nossas vidas, egoísmo, futilidade , culto do consumismo pelo consumismo, completamente oco de qualquer fundamento, ou seja, o boçalismo elevado a status dominante da sociedade, a insensibilidade para com o povo de um país riquíssimo que vive no limiar da miséria, a dança dos abutres, o riso das hienas, o cheiro a podre...
Que porra de merda é esta em que se transformou o meu país ?!?!
Obra mal feita, em vez construção responsável e em vez de se plantar para colher no futuro, colhem-se frutos híbridos, doentes no imediato .
O imediato é a religião e para isso o poder a qualquer preço como doutrina!!
A guerra muda tudo, destrói gerações, gasta tempo de vida, é uma merda !!
Tomara que esses senhores pelo menos consigam fazer calar as armas antes que nos desfaçamos em sangue !!










Triste será se um dia a vivermos de novo à base de  repolho e carapau, falarmos do país que Moçambique já era antes desta  2ª guerra civil e também falarmos daquele país grandioso em que Moçambique se poderia ter transformado, se os homens tivessem sido menos egoístas, menos cegos, menos orgulhosos, menos burros  neste momento!!!
Façamos uma  mistura de liberdade, ganância, tesouros naturais, egoísmo, tesão de  ditadura, deslumbramento, ódios, sentimentos de injustiça, desespero, pobreza  extrema, sem vergonhiçe, muito dinheiro, etc, deitemos esses ingredientes voláteis num oceano de bom senso e os deixemos esfriar.
Verificaremos que depois de frios estes ingredientes não têm mais poder para nos fazer enlouquecer a ponto de começarmo-nos a matar uns aos outros, entre irmãos; acordaremos como se tivéssemos estado a viver um pesadelo, tenho a certeza.
Consertemos as nossas almas, resgatemos a nossa essência de povo e falemos das coisas que nos separam chamando os bois pelos seus nomes !!!
Não subestimemos estes sinais, este aviso de Muxungué é um sinal muito forte.
Basta de impunidade, basta de se pensar que alguns têm mais direitos do que a maioria, sejamos honestos e construamos a paz, a felicidade e o desenvolvimento deste País  na base da verdade e do trabalho abnegado em prol de todos...
Parem esta palhaçada que já está a trazer de novo o luto provocado pelo ódio !!
Chega !!









terça-feira, 13 de setembro de 2011

A cerveja preta complexada da Laurentina 2 - Emmanuel Jal

                            Emmanuel Jal no CCFM




Hoje senti vergonha de ser moçambicano!!!
A ignorância é para mim o maior flagelo e esta noite senti que nós buscamos ser um povo ignorante.
Os fazedores de opinião, a "inteligenzia" , aqueles que são a elite pensante, os personagens da cultura, os que supostamente denunciam o que não vai bem, a nata da elite que estudou fora, aqueles que se acham conscientes da sua diferença dos demais, não estiveram, afinal não existem na realidade....
Não questiono o povo em geral, aquele que vive anónimo e morre anónimo , que há muito  deixou de fazer parte dos cidadãos com possibilidades de virem a construir uma sociedade normal, banal, sem nada mais que a simples possibilidade de serem pessoas comuns.
...não,  para esses o lúdico nem sequer faz parte do seu mundo, a sua realidade é mais a luta diária pela miserável sobrevivência, e desses é o reino dos céus....não o reino da terra !!!
Não acuso ninguém, não existe realmente alvo, existe sim é uma nuvem de ignorância  voluntariamente assimilada , naturalmente e por opção, fruto de um vazio no cerne do indivíduo, mesmo que na prática esse individuo  represente e exerça o mundo que supostamente "pensa", o mundo que dita leis, que manda bitaites , que cria fórums, que quer ser participativo e outros afins.
Bom, depois deste devaneio incompreensível para muitos, vou falar sobre os factos que me puseram assim, envergonhado de ser moçambicano !!


Emmanuel Jal  , não é simplesmente uma estrela sudanesa da world music, ele representa a história dos meninos da guerra, dos meninos usados em todas as guerras, dos meninos tantos que estiveram na guerra civil moçambicana,esses mesmos que fizeram operações militares letais,que atacaram colunas nas estradas deste país , queimaram autocarros , que matavam como os meninos do " Deus da Moscas "de William Golding ; a sua história passou ontem no CCFM,no Festival Dockanema.
Documentário terrível, chocante , uma forma de exorcismo da nossa própria história, momento solene que passou por nós como se nada tivesse acontecido, sem relevo, sem ser mencionado, sem ser sequer entendido, sem que a maior parte das pessoas estivesse minimamente ligando para o facto, resumindo, submerso num mar de desinteresse total, o auge do estado duma sociedade ignorante, fútil, desinformada, sem futuro, triste...


Hoje Emmanuel deu um espectáculo memorável, dos melhores que já passaram pelo CCFM, o menino da guerra metamorfoseou-se na voz que denuncia a guerra, a sua própria tragédia e fez também o anjo que canta a vida, o amor, o mundo melhor.
Showman,  possesso dos espíritos errantes e sem descanso daqueles que viu morrer na guerra do Darfur !!!
Pois é, está chegado o ponto crucial do porquê do titulo, da cerveja preta complexada  2...
A sala estava digamos fraca, para não dizer quase vazia  e pior do que isso é que a maior parte das pessoas que lá estavam mais ou menos 3/4  eram estrangeiros,brancos !!!!
Onde estavam os pretos, os representantes da maioria  dos moçambicanos?
Não digo o povo, não !!!!
Pergunto por todos aqueles que mencionei no principio do post, as classes mais preparadas os que botam discurso sobre os direitos, sobre o comportamento, sobre os valores, onde estavam?
Gerou-se uma peixeirada  fútil por causa duma  publicidade mas constato que a Cultura não apela, que realmente a reacção á preta mais que boa só tem quorum porque o pessoal não tem cultura não é estimulado para consumir cultura que é a forma mais simples e mais mobilizadora   para a  educação, para a  evolução de um povo !!!!!
A vontade de muitos grupos será sempre  desfeita á partida se não se trabalhar urgentemente nesta verdadeira perda de identidade, perda de capacidade de um dia podermos ser evoluídos suficientemente para não mostrarmos ao mundo o quão desfasados estamos   no respeitante a tolerância, modernidade, arte publicitária neste caso,etc.
Faço ideia o que o Emmanuel Jal  deve ter pensado quando num concerto em Moçambique  tem na sua assistência uma meia dúzia de brancos...
Sem ser complexado como a preta boa, imagino o Emmanuel a perguntar-se:
Mas onde estão os pretos ???
Gostei de ver os Tofo Tofo a acompanharem o músico, e fiquei orgulhoso pela presença activa ,feliz, verdadeira em palco,  do Mano Azagaia !!!
Se fosse o Mc Roger,ou a Dama do  Bling talvez estivesse mais cheio....


Parabéns ao CCFM pelo Festival,continuem que o pessoal a bem ou a mal vai acordar !!!!

http://en.wikipedia.org/wiki/Emmanuel_Jal