terça-feira, 27 de novembro de 2012

Jimi Hendrix 70th birthday ...
















Hoje o Jimi completaria 70 anos !!
Fico super feliz e ao mesmo tempo muito surpreendido pelo facto do post " Jimi Hendrix Bleeding Heart " ser tão visitado...
Jimi é assim um ícone universal e eterno, é o guitar hero primevo, a forma magistral como ele usava e tocava a guitarra eléctrica  mudou para sempre a música  .













Este post é para os fãs e especialmente para o pessoal mais jovem que não conhece a sua obra.
Estes vídeos foram extraídos do festival de Monterey que foi o 1º festival de música do planeta e que é o documento mais completo da perfomance   em palco deste génio da guitarra eléctrica .









Normalmente não ponho links para baixar  mas desta vez  quebrarei a regra sem remorsos.
O DVD é simplesmente divinal.
Curtam !!!















http://extratorrent.com/torrent/1008293/The+Jimi+Hendrix+Experience+Live+At+Monterey+2007+DVD-9(oan).html

sábado, 24 de novembro de 2012

Let's rock !!














A nossa capacidade inata de termos a certeza absoluta e sem pestanejar passarmos à certeza absoluta da negação, somos vagos sentimentos policromáticos, somos e não somos...








Sentimentos ficam gravados para sempre e mesmo que depois outros sentimentos surjam, os  anteriores permanecem , invioláveis , vivos...









Sentimentos são esculturas inquebráveis, eles apenas vão mudando de cor e os anteriores  ficam para trás, juntam-se a outros e permanecem ...até que um dia os revisitamos e eles estão lá !









Sentimentos, invisíveis elementos,  poderosa força que destroça o homem e que o eleva também ao êxtase supremo...









quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Cores das auras

















As nuvens escuras mantêm  o quarto na penumbra
Vai chover , o silêncio ocupa o espaço, o tempo parou 
Um cansaço profundo cola o corpo à cama desarrumada
A noite de insónia e  incompreensão foi agitada, alvoraçada
Atravessado, destapado, desesperadamente desconsolado morre
Morrem os sonhos,  não lhe apetece levantar mais, está seco...









Começa a chuviscar, o som quebra o silêncio, parte-se o resto desse coração
Despedaçado, as lágrimas explodem num soluço libertador
O mundo deixou de ser o lugar para se estar, pensa em se suicidar
Levanta-se dum salto e procura na despensa uma corda, não encontra
Olha para o fogão e sente o sufoco suave do gás o libertando , o aliviando ...
Lembra-se do Pessoa ...








 

Se te queres matar, porque não te queres matar? 
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida, 
Se ousasse matar-me, também me mataria... 
Ah, se ousares, ousa! 
 ...
Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente! 
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém... 
Sem ti correrá tudo sem ti. 
Talvez seja pior para outros existires que matares-te... 
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...
...




                                                                                








Noutro lugar onde o sol resplandece , num quarto luminoso  o oposto
O sorriso  sai com ele porta fora para a vida , ao encontro das gentes
Caminhando pela rua  já vai cumprimentando todo mundo , passo largo, confiante
Irradia paz e cantarolando vai cumprir mais um dia de rotina
O cell toca e ela já lhe vai dizendo que o ama e o que o espera para beijar
Na esquina compra um antúrio vermelho, ansiosa ela acena do outro lado da rua ...











Lá onde o sol brilha os dois num banco de jardim são a razão de se viver
O antúrio pousado no colo , as mãos entrelaçadas , os olhos bebendo-se
Nada mais tem importância, a vontade de estar juntos , o prazer de viver
Ontem foi bom, hoje está a ser divino e amanhã nos teremos e isso basta !
A vida é maravilhosa, o amor é disso a prova e com ele tudo vale a pena
Recitam juntos  Vinicius...







Eu não sei, não sei dizer
Mas de repente essa alegria em mim
Alegria de viver
Que alegria de viver
E de ver tanta luz, tanto azul!
...
Coração, põe-te a cantar
Canta o poema da primavera em flor
É o amor, o amor chegou 
Chegou enfim
...







segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Espelho líquido ...















Como será estar do outro lado do espelho?
Como será quando passarmos para a dimensão do não existir materialmente?
Continuar a existir  espiritualmente do outro lado do espelho é uma incógnita mas  também  uma esperança ...
Essa única certeza basilar de que temos prazo nos  deixa putos da vida e infelizmente ninguém voltou para contar como é ...
Não sabemos se como um fósforo que se apaga definitivamente nós também simplesmente terminaremos .








Os Livros Sagrados todos  têm explicações que não me convenceram nunca  e só basta mesmo é sossegar o facho.
Sossegar e viver o dia a dia em sintonia em harmonia com todos os elementos, em harmonia com a natureza.
Uma forma de nirvana essa de deixar de questionar o inquestionável e usufruir da vida sem a julgar,  sem dela nada cobrar , sem a colocar dentro de estereótipos.









Ah !!!
A curiosidade de saber como é do outro lado do espelho é desmedida...
O facto de termos esta capacidade inata de perceber o quanto nada sabemos, dá um certo sentido às nossas vidinhas ...
Se questionamos é porque fomos feitos para questionar e então não faz sentido não haver uma réstia de esperança em relação a possíveis revelações fantásticas..
Pago para ver e estou expectante em relação ao outro lado do espelho...








Tudo isto porque já me cansa esta existência tão previsível e toda engendrada na base do domínio dos mais fortes sobre os mais fracos.
Que merda termos de lutar numa luta desigual, sem saber se nessa luta outros factores inesperados não serão também introduzidos para a tornar ainda mais difícil !!!
Somos pó das estrelas, somos talvez aliens que invadiram este planeta, somos sei lá o quê...
Celebrar a vida é sem dúvida a única escolha que faz sentido e quando chegar a hora da passagem para o outro lado do espelho tudo se esclarecerá .









quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Meu País a fervilhar - Gary Clark Jr





                               African Guernica - Dumile Feni, 1967







Lá para o centro
cozinham-se frustrações e ódios
e os homens vivem na mata
à espera da guerra, nós
aguardamos a chegada
dum qualquer messias,
aguardamos o bom senso,
esperamos pelo despertar da razão
daqueles que desmandam


 A cidade está vazia
fantasmagórica,
vivemos hoje um dia a fingir,
vagamos cegos,
fomos cobaias
dentro dum barril de pólvora
esperavam-se convulsões,
que o povo se revoltasse,
sabiam que era possível
eles sabiam e povoaram a cidade
com bestas, premeditadamente
o fizeram, intimidando








Os pneus discreta e timidamente
iam ardendo
e o sururu foi inóquo,
ficou adiado,
os celulares emudeceram
devido a um vírus
chamado mordaça
e a expectativa esmoreceu


 Os parcos níqueis
com que o povo vive
diminuíram mais
e amanhã se verá
o milagre da multiplicação,
das dificuldades,
ficou um clima não resolvido,
os chapas desapareceram
antes da raiva fazer espumar
as bocas sedentas de justiça,
a acalmia é de tréguas








Ao sabor do improviso e do acaso
guiam conscientes
um povo para o abismo,
plenos de bestialidade
eles que podiam tudo resolver
não o fazem,
invocam sim os espíritos
sedentos de sangue,
levam-nos pela mão
para a boca do inferno



 A caminhar percorreram
os caminhos para casa,
acabrunhados, esfomeados
andaram quilómetros
sem razão, sem explicação
remoendo incompreensões e raivas,
o povo era a ressaca
do trabalho perdido,
mais pobres ainda que ontem,
de cara amarrada refletiam
a desilusão, o conformismo,
a derrota,
como se as ondas do mar
vagassem de terra para o oceano,
regressavam sem perceber
e sem justiça visível








Estas misturas de sentires
já se estenderam,
entraram pela pele da indignação
deste povo num só
sem compreender e sem saber
o cidadão cansa-se
fica a mercê desse espírito
que leva o inocente a cometer
atos irrefletidos


Plantaram friamente em nós
a semente da indignação
a semente do despeito,
a indesejável flor do ódio,
essa grassa já incontrolável,
sente-se no ar os ventos gelados
que antecedem o deflagrar
das tempestades há muito acumuladas









Post editado a 15/11/2019







domingo, 11 de novembro de 2012

Borges de novo ao Domingo...















Jorge Luís Borges escreve dum modo que me tira todo ensejo de tentar rabiscar minhas divagações, fico seco...
Hoje reli pela milésima vez,  poemas e trechos de um dos quatro volumes da sua antologia,  que são meus livros de cabeceira e me pasmo sempre com tanta sensibilidade, criatividade, erudição.
Todos atributos de grandeza se aplicam à obra deste génio do pensamento e das letras

















  















Num deserto lugar do Irão há uma não muito alta torre de pedra, sem portas nem janelas.
No único compartimento (cujo chão é de terra e tem a forma de um círculo) há uma mesa de madeira e um banco.
Nessa cela circular, um homem parecido comigo escreve em caracteres que não compreendo um longo poema sobre um homem que noutra cela circular escreve um poema sobre um homem que noutra cela circular...
O processo não tem fim e ninguém poderá ler o que os prisioneiros escrevem.




















Só uma coisa não há: e esta é o olvido.
Deus, que salva o metal, e salva a escória,
cifra em Sua profética memória
as luas que serão e as que têm sido.
Já tudo fica. A sequência infinita
de imagens que entre a aurora e o fim do dia
teu rosto nos espelhos deposita
e as que depois ainda deixaria.
E tudo é só uma parte do diverso
cristal desta memória: o universo.
Não têm fim os seus árduos corredores,
e se fecham as portas ao passares;
e só quando na noite penetrares,
do Arquétipo verás os esplendores.



























Não há-de te salvar o que deixaram 
Escrito aqueles que o teu medo implora; 
Não és os outros e encontras-te agora 
No meio do labirinto que tramaram 
Teus passos. Não te salva a agonia 
De Jesus ou de Sócrates ou o forte 
Siddharta de ouro que aceitou a morte 
Naquele jardim, ao declinar o dia. 
Também é pó cada palavra escrita 
Por tua mão ou o verbo pronunciado 
Pela boca. Não há pena no Fado 
E a noite de Deus é infinita. 
Tua matéria é o tempo, o incessante 
Tempo. E és cada solitário instante. 
















fotos da tribo do rio Om de Hans Silvester  .



quarta-feira, 7 de novembro de 2012

be focus !!








                                                   








Deep House  antigo ...
...e fotos roubadas











                                          




















































































As fotos foram roubadas deste  maravilhoso blog .
 


       http://photoblogazine.blogspot.com/




segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Histórinhas de Maputo







                                                     
                                                                                   Os filhos de Maputo







" Os filhos de Maputo ", é como se chama esta pintura do meu grande amigo, irmão e fabuloso pintor Luís Gomes.
Esta pintura é um olhar originalíssimo para a temática africana, simplesmente fantástica a vista do céu da multiplicidade de cores das capulanas, das vozes femininas , do povo em movimento ...








O sol que não brilhava e muito menos aquecia este verão africano, rasgou finalmente as nuvens que o aprisionavam e pulverizou o frio doentio que tudo entristecia e a vida sorri de novo...











As mulheres como que enfeitiçadas pelo astro rei , como uma onda se espraiando e entoando cânticos ancestrais caminham em direcção ao futuro prometido, sonham pomares maduros e escolas risonhas , sonham machambas fartas , e seguem atrás das pinceladas do Luís...







                                                                                                      A espera do futuro






O louco de tronco nu no cruzamento duma das avenidas mais movimentadas de Maputo, caminha em círculos, agitado...
No  meio do tráfego da hora de ponta, de pedra em riste faz as pessoas nos passeios refrearem o seu caminhar apressado e ficarem sideradas perante tal espectáculo...
Alça a mão e dispara para um carro que vem em sua direcção e atinge o vidro, estilhaçando-o !




" Ahhhh...".  - um clamor de espanto e despeito sobrepõem-se ao silêncio que se seguiu ao som da pancada seca da pedra contra o vidro.
Nada mais se passou, o carro seguiu com o motorista em estado de choque, sem nada poder fazer, a loucura é isenta de julgamentos, é um estado puro .
O louco em frenesim foi rodopiando tal qual um ciclone  e se desvaneceu na multidão , vai-se lá saber  o porquê da sua fúria...









                                                 Parte da minha alma é maresia





Pintura de Luís Gomes


Palmas ao artista !!



quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Pessoa persistente...







                                            
















Não digas que o trabalho é desperdiçado, 

Nem que o esforço falha ou parece, no fundo; 
Não digas que aquele ao dever curvado 
É um entre os tantos sonhos do mundo. 

Pois não é em vão que em golpes seguidos, 
Com pressa medida, em fragor crescente, 
O mar actua nos rochedos batidos 
E invade a praia, ruidosamente. 










É certo que enfrentam suas investidas, 
Do seu bater forte parecem troçar, 
Esmagam com força as vagas erguidas 
E em espuma fazem as ondas rasgar. 

Mas ele bate e bate com força 
Em dias, semanas, em meses e anos, 
Até que apareça mossa sobre mossa 
Que mostre seus gastos, pacientes ganhos. 

E os anos passam, as gerações vão, 
E menores se quedam as rochas cavadas; 
Mas ele, com lenta e firme precisão, 
Baterá na terra suas altas vagas. 







Certo como o sol e despercebido 
Como duma árvore é o seu crescer, 
Trabalha, trabalha sem ser iludido 
P'la tenaz imagem que se pode ver. 

E quando o seu fim de todo obtém, 
Em sonoro embate, p'ra fender, se lança, 
Seu poder imenso ainda mantém 
E, inda mais além, nas águas avança. 

Alexander Search, in "Poesia"