quinta-feira, 7 de julho de 2016

O país que não existiu...





                                            Libia Castro and Ólafur Ólafsson
















No país que não existia existindo mas que já não existe, os habitantes viviam convencidos de que eram cidadãos de verdade, que existiam.
Na verdade eles não estavam enganados, apenas não tinham noção da sua real inexistência.
Viviam os seus governantes convencidos de que eram os mais espertos do mundo, eles, os timoneiros do país que não existia.
Então neste país, os governantes acharam que podiam pedir dinheiro emprestado para fins obscuros aos poderosos do mundo, pensavam eles que ninguém iria descobrir ou cobrar. Isto aconteceu sem que o povo soubesse, nem o governo oficial soube, nem as instituições do estado souberam...
Só num país que não existe é que tal loucura poderia ser engendrada. O facto é que mesmo sem existir o país endividou-se e remeteu o pagamento deste roubo efectuado por pessoas que não existem ao seu povo.
O governo e o maior partido da oposição discutiam a verdade e a mentira da democracia, como dois elefantes furiosos que se digladiam  pisando o capim, nessa luta foram matando os filhos do povo, feitos capinzal sob as patas da intolerância e da ambição. Todos os dias morriam mais cidadãos.









Apesar desse país não existir os cidadãos foram morrendo realmente, parece estranho mas aconteceu. 
A natureza furiosa com esta realidade, ainda por cima vinda de um país que não existia, também não os poupou e fustigou-os  com uma longa seca. 
Os cidadãos na sua maioria viviam como se em vez de sangue nas veias tivessem água a correr por elas; viviam como zombis, pareciam dopados, viviam acomodados ao caos e não percebiam que não existiam, a realidade era uma irrealidade.
Nos países que existem, os cidadãos lutam pelos seus direitos, lutam pelo seu país, preocupam-se com a sua dignidade, como pais que amam os filhos, preocupam-se com o país que irão deixar como herança.










Naquele país que não existia, o povo teve o governo que merecia e o governo foi escolhido  ou não por este mesmo povo, esta a questão que os levou à guerra suicida  .
Consta que esse país acabou por desaparecer debaixo duma guerra sem fim e duma pobreza jamais vista que matou quase a totalidade do seu povo .
Passados trinta anos, sobraram apenas alguns cidadãos que dos escombros desse país, vão trabalhando arduamente para criar um homem novo, para criar um país que exista, diferente daquele de que eles mesmo foram um exemplo.


7 de Julho de 2046

Cidadão do futuro









quinta-feira, 31 de março de 2016

Saber viver - music by Dead Can Dance



















Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exacto. E então, pude relaxar.

Hoje sei que isso tem nome…   Autoestima

Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.

Hoje sei que isso é…   Autenticidade

Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.

Hoje chamo isso de…   Amadurecimento

Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.

Hoje sei que o nome disso é…   Respeito












Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável… Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.

Hoje sei que se chama…   Amor próprio

Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projectos megalómanos de futuro.Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.

Hoje sei que isso é…   Simplicidade

Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei menos vezes.

Hoje descobri a…   Humildade

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.

Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é   Plenitude

Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.

Tudo isso é…   Saber viver!


Kim McMillen










quarta-feira, 23 de março de 2016

Fatoumata Diawara e a minha terra a sangrar...








campo de refugiados moçambicanos  no Malawi















Que dizer quando vejo os homens a atingirem o apogeu da sua bestialidade?
Poderia  falar do mundo, dos conflitos, dos politicos, da falsidade que aliada à crueldade se converteram nos instrumentos para a nossa degeneração, a assunção total do vale tudo desde que seja segundo a minha total falta de princípios. 

Extermínios diários de seres humanos, abates traiçoeiros dos seres mais inocentes, o êxodo de milhares, o vento do Apocalipse sopra como nunca, é o tempo do desrespeito total pela vida. A essência do homem é sem dúvida de predador rapasse e está neste momento no seu expoente máximo.
Nós os homens somos maus e por muito que lutemos para ser melhores, por muito que interiorizemos os ensinamentos mais ricos sobre o bem e tudo façamos para termos um mundo melhor, acabamos vendo que só temos feito o contrário.












Como num espelho mágico que reflecte a nossa imagem interior, o que vemos reflectido quando nos olhamos é um monstro sem escrúpulos. Esse monstro que se espalha, que cada vez mais contamina os espíritos dos homens está reflectido neste mundo que deixaremos aos nossos filhos. Que horror !
Nos mais diversos cantos do mundo as pessoas comuns morrem todos os dias vítimas das guerras, vitimas da miséria, loucos e doentes é como essas pessoas acabam antes de sucumbirem. A vida hoje é uma luta canibal pela sobrevivência. Pergunto, será que nascemos neste maravilhoso planeta com o propósito de entrar numa existência de lutas, de competição, de voracidade consumista até ao fim dos nossos dias? A vida em si está longe de ser uma existência com possibilidades, individualmente para alguns privilegiados sim mas para a maioria não !












O meu belo Moçambique está doente e já são muitas as mortes. O meu belo país está na banca rota por culpa de politicos corruptos. O meu chão está em guerra. Os politicos se quisessem poderiam acabar com esta desgraça que se vem arrastando há cerca de 3 anos. Conversa de surdos e as posturas dos governantes de faz de conta a dizer que está tudo bem. Ataques nas estradas, violência contra politicos de ambos os lados. A nossa moeda em derrapagem sem retorno pois os cofres estão vazios. A seca e as cheias que nos assolam para ajudar a este verdadeiro pesadelo. Mais de dez mil moçambicanos vivem miseravelmente em campos de refugiados do outro lado da fronteira e por cá é como se nada estivesse a acontecer
Esperamos todos os dias que algo vá acontecer, para o bem ou para  pior do que já está.Estamos cansados deste status quo de incerteza. A nossa vida vai passando sem podermos fazer qualquer plano. Sobra-nos esperar, só e apenas.
Moçambicanos como que anestesiados vamos vivendo um dia de cada vez e bebendo uns copos, rindo e celebrando a vida, como se a nossa vida fosse normal.









sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Back to element...








                              
                                   by hiram67








                   







Essa vaca dessa angústia que eu permito, que eu repetidamente alimento.
Essa angústia a que chamam de borboleta no estômago, ela volta sempre
Essa angústia se esfuma como se nunca tivesse existido mas ela fica lá na moita,  espera
Essa angústia é funda, ela é o sentimento que se transforma em dor física, é o efeito colateral da alma de rastos 
Essa angústia é o caos que se personifica no coração que fica gelado e deixa de bater, o coração que não ficará à espera do degelo
Essa angústia também é adubo para o espírito, adubo sim para renascer na metamorfose da flor do cacto  
Essa angústia quando volta, ela é uma nova travessia do deserto dos cacos






          





Regressar ao elemento,
Regressar a nós, regressar e ficar
Regressar ao elemento é primordial




            






Essa angústia não tem muitas hipóteses, ela vai ter o tempo dela e depois vai

Essa angústia prepara-nos para começarmos a festejar antes dela partir

Essa angústia é capaz de ligar circuitos novos e partes escuras ficam iluminadas, com muito mais luz

Essa angústia acorda o que de melhor temos em nós, o vero amor 

Essa angústia não é  mais do que uma forma sublime de desenhar o yin e o yang.





        



David Bowie  8 de Janeiro de 1947 - 10 de Janeiro de 2015

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Be happy !


                                                                                                   Over the town Marc Chagal



















Um pássaro livre jamais viverá numa gaiola, morrerá !
Sejamos pássaros livres e voemos a nossa rota
Voemos vivendo cada momento, intensamente
Um pássaro livre não sonha, ele vive o sonho
Ser livre é poder ser e poder ser-se é a liberdade suprema
Ser um pássaro que ama e chora, que se escangalha  a rir e celebra a vida
Voar é o espírito feliz, é aquele que sorri sempre do coração
Voar também é amargar e chorar quando a amargura  nos vence
Aquele que abre as asas e voa, arrisca-se a cair e arrisca-se também a voar e voar e voar !
Ser livre é estar para além de qualquer amarra, é não conceber que se  não possa ser.
É sentir por dentro e saber que só voando a vida fará algum sentido. Voar, querer voar e voar e voar e voar.... !









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