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domingo, 25 de agosto de 2013

A Palavra & Fat Freddy's Drop




























... Sim Senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam ... 
Prosterno-me diante delas... 
Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as ... 
Amo tanto as palavras ... 
As inesperadas ... 
As que avidamente a gente espera, espreita até que de repente caem ... 
Vocábulos amados ...
Brilham como pedras coloridas, saltam como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho ... 












Persigo algumas palavras ... 
São tão belas que quero colocá-las todas em meu poema ... 
Agarro-as no voo, quando vão zumbindo, e capturo-as, limpo-as, aparo-as, preparo-me diante do prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas ... 
E então as revolvo, agito-as, bebo-as, sugo-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as ... 
Deixo-as como estalactites em meu poema; como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes da onda ... 
Tudo está na palavra ...








Uma ideia inteira muda porque uma palavra mudou de lugar ou porque outra se sentou como uma rainha dentro de uma frase que não a esperava e que a obedeceu ... 
Têm sombra, transparência, peso, plumas, pêlos, têm tudo o que, se lhes foi agregando de tanto vagar pelo rio, de tanto transmigrar de pátria, de tanto ser raízes ... 
São antiquíssimas e recentíssimas. 
Vivem no féretro escondido e na flor apenas desabrochada ... 
Que bom idioma o meu, que boa língua herdamos dos conquistadores torvos ... 
Estes andavam a passos largos pelas tremendas cordilheiras, pelas Américas encrespadas, buscando batatas, butifarras*, feijõezinhos, tabaco negro, ouro, milho, ovos fritos, com aquele apetite voraz que nunca mais, se viu no mundo ...









Tragavam tudo: religiões, pirâmides, tribos, idolatrias iguais às que eles traziam em suas grandes bolsas... Por onde passavam a terra ficava arrasada... 
Mas caíam das botas dos bárbaros, das barbas, dos elmos, das ferraduras. 
Como pedrinhas, as palavras luminosas que permaneceram aqui resplandecentes... o idioma. 
Saímos perdendo... 
Saímos ganhando... 
Levaram o ouro e nos deixaram o ouro... 
Levaram tudo e nos deixaram tudo... 
Deixaram-nos as palavras.

Pablo Neruda









Último álbum dos fabulosos Fat Freddy's Drop - "Blackbird" 2013




quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Sweet reggae e o Amor



























Falar de amor não é fácil, bem mais fácil é gritar a mágoa e o desencanto
Dizer do amor é como tentar desenhar no escuro, é como tentar descrever o sol a brilhar
O amor não é transportável para as palavras,  as emoções ficam diminuídas , elas servem só aos amantes.









Amar é transcender tudo e a paixão é dor e êxtase, é o sentir mais profundo da pulsão humana.
Morre-se de amor e ressuscita-se na paixão; nada mais tem significado se o amor se quebra nem que só por um instante...











O mundo e seus problemas, como a chuva caindo no mar desaparecem quando o amor reina.
Amai, apaixonai-vos, pois é essa a única razão  desta nossa existência 
















Eu simplesmente amo-te!
Eu amo-te sem saber como, ou quando, ou a partir de onde.
Eu simplesmente amo-te, sem problemas ou orgulho: 
eu amo-te desta maneira porque não conheço qualquer outra forma de amar sem ser esta, onde não existe eu ou tu, tão intimamente que a tua mão sobre o meu peito é a minha mão, tão intimamente que quando adormeço os teus olhos fecham-se.
Pablo Neruda 















quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

De Phazz - Orgulho




"Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde, amo-te simplesmente sem problemas nem orgulho: amo-te assim porque não sei amar de outra maneira."

Pablo Neruda




Os teólogos há muito o notaram: a esperança é o fruto da paciência. Deveríamos acrescentar: e da modéstia. O orgulhoso não tem tempo de esperar... Sem querer nem poder estar à espera, força os acontecimentos, como força a sua natureza; amargo, corrompido, quando esgota as suas revoltas, abdica: para ele, não há qualquer forma intermédia. É inegável que é lúcido; mas não esqueçamos que a lucidez é própria daqueles que, por incapacidade de amar, se dessolidarizam tanto dos outros como de si próprios.

Emil Cioran
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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Neruda - song by Gotan Project



Florida ilusão que em mim deixaste
a lentidão duma inquietude
vibrando em meu sentir tu juntaste
todos os sonhos da minha juventude.

Depois dum amargor tu afastaste-te,
e a princípio não percebi. Tu partiras
tal como chegaste uma tarde
para alentar meu coração mergulhado

na profundidade dum desencanto.
Depois perfumaste-te com meu pranto,
fiz-te doçura do meu coração,

agora tens aridez de nó,
um novo desencanto, árvore nua
que amanhã se tornará germinação.




Não eras para os meus sonhos, não eras para a minha vida,
nem para os meus cansaços perfumados de rosas,
nem para a impotência da minha raiva suicida,
não eras a bela e doce, a bela e dolorosa.

Não eras para os meus sonhos, não eras para os meus cantos,
não eras para o prestígio dos meus amargos prantos,
não eras para a minha vida nem para a minha dor,
não eras o fugitivo de todos os meus encantos.
Não merecias nada. Nem o meu áspero desencanto
nem sequer o lume que pressentiu o Amor.

Bem feito, é muito bem feito que tenhas passado em vão
que a minha vida não se tenha submetido ao teu olhar,
que aos antigos prantos se não tenha juntado
a amargura dolente de um estéril chorar.

Tu eras para o imbecil que te quisesse um pouco.
(Oh! meus sonhos doces, oh meus sonhos loucos!)
Tu eras para um imbecil, para um qualquer
que não tivesse nada dos meus sonhos, nada,
mas que te daria o prazer animal
o curto e bruto gozo do espasmo final.

Não eras para os meus sonhos, não eras para a minha vida
nem para os meus quebrantos nem para a minha dor,
não eras para os prantos das minhas duras feridas,
não eras para os meus braços, nem para a minha canção.


Pablo Neruda

domingo, 11 de dezembro de 2011

Sneaker Pimps - rebel, rebel...







                                                                       
primeiro...

"Sendo que a vida humana é dominação organizada, e o princípio da realidade é adaptação a essa mesma dominação - há a rebeldia como actividade nobre "


Agustina Bessa Luis

                                                depois...

É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar, esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram.


Nomeei-te rainha.
Há maiores do que tu, maiores.
Há mais puras do que tu, mais puras.
Há mais belas do que tu, há mais belas.

Mas tu és a rainha.

Quando andas pelas ruas
ninguém te reconhece.
Ninguém vê a tua coroa de cristal, ninguém olha
a passadeira de ouro vermelho
que pisas quando passas,
a passadeira que não existe.

E quando surges
todos os rios se ouvem
no meu corpo,
sinos fazem estremecer o céu,
enche-se o mundo com um hino.

Só tu e eu,
só tu e eu, meu amor,
o ouvimos.      
Ao contrário de ti
não tenho ciúmes.






Vem com um homem
às costas,
vem com cem homens nos teus cabelos,
vem com mil homens entre os seios e os pés,
vem como um rio
cheio de afogados
que encontra o mar furioso,
a espuma eterna, o tempo.

Trá-los todos
até onde te espero:
estaremos sempre sozinhos,
estaremos sempre tu e eu
sozinhos na terra
para começar a vida




Onde termina o arco-íris,
em tua alma ou no horizonte?
Diz-me, a rosa está nua,
ou só tem esse vestido?
Porque se suicidam as folhas
quando se sentem amarelas?
Quantas igrejas tem o céu?
Como se chama uma flor
que voa de pássaro em pássaro?
e onde termina o espaço
se chama morte ou infinito?

Pablo Neruda