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segunda-feira, 23 de março de 2020

Gaia cansou-se



















Gaia cansada de ser violada desde sempre
pela sua criação mais imperfeita, o homem,
dorida e paciente lambe as velhas chagas
e as feridas frescas, abertas e ensanguentadas 

Gaia que surgiu do Caos e sonhou a sua obra perfeita, 

constata agora que afinal errou, que criou a sua morte
e o tempo de espera para que ela se redimisse 
e alterasse o rumo da sua destruição, esgotou-se 








Século após século o homem decepou os seus braços, 
arrancou de dentro dela os seus órgãos, os seus ossos,
ávido vampiro sugou a sua seiva, envenenou o ar 
e cruel, plastificou as espécies do seu elemento líquido

Bêbado de luxuria e para alimentar a sua vaidade, 
fez mil buracos no seu corpo, na busca de óleo e pedras,
depois intoxicou o ar e queimou os seus pulmões 
que sufocados, derreteram os glaciares do seu equilíbrio, 
Gaia ficou moribunda, muito debilitada, mas lúcida 











e para sobreviver, ferida e atraiçoada pela sua obra
Gaia ergueu-se e sofrida desferiu o golpe,
tinha de parar a loucura da sua criação,
decidida soltou o veneno, invisível e letal,
que percorre agora o céu, a terra e os mares 
Lavada em lágrimas assiste à agonia da sua criação, 
que surpresa e inconsequente, estrebucha e culpa o acaso,
não quer perceber a real causa, nega-se a aceitar
que o mal é a sua ação destrutiva, tenebrosa












terça-feira, 15 de outubro de 2019

Eleições mesmo?







                                                                            pintura de Pedro Mourana













  Partem para elas como para uma corrida
sabemos que será tudo menos tal
Gastam a energia e o pouco dinheiro
fingindo que são sérios e dançamos todos
comemos e o carnaval é longo e oco
Como uma onda revolta as pessoas fluem
de lá para cá e de cá para lá, aos gritos,
excitados como as crianças quando no circo
 os palhaços e os malabaristas os levam ao êxtase
Aqui o êxtase é feito de conspirações, promessas inverosímeis
as velhas trapaças com marionetes ainda funcionam
e o povo exulta, corre pelo areal, vai à loucura!












Do mais lerdo ao mais iluminado parece que todos
se prontificaram a assistir ao espetáculo sem guião,
o show de improviso onde rabiscos são traçados
neste bafiento esboço mal feito,
Com pés de barro eles querem ser endeusados, nus, vocês acreditam?
Tudo que começa mal normalmente acaba mal
ou então mal continuará até ao fim dos dias
À forma como temos sido tratados desde o inicio, 
juntemos como num bolo o fermento destes últimos dias
feito de raiva, ódio, egoísmo e brutalidade
e fiquemos à espera que ele faça crescer a justiça
Esperarão em vão, como foi possível acreditarem?
Santa ingenuidade ou hipocrisia?









Não, não, os próximos dias serão amargos,
quero eu que no fim, quando tudo tiver terminado,
que o caminho seja outro que não este tão sofrido
Que a luz rompa definitivamente os corações endurecidos
ou que nós rompamos com os corações endurecidos
e consigamos para nós o trato a que temos direito
Poderemos então olharmo-nos ao espelho e sorrir
sem vergonha e com a dignidade conquistada
com a coragem que se adquire quando a injustiça,
a subjugação e a mortal indignação nos são infligidas durante anos
Não vai ser um parto fácil não, mas a criança vai nascer!
Sonhar é só o que me sobra, mesmo
sem saber o que será depois, sonho o fim da infâmia!









quinta-feira, 7 de julho de 2016

O país que não existiu...





                                            Libia Castro and Ólafur Ólafsson
















No país que não existia existindo mas que já não existe, os habitantes viviam convencidos de que eram cidadãos de verdade, que existiam.
Na verdade eles não estavam enganados, apenas não tinham noção da sua real inexistência.
Viviam os seus governantes convencidos de que eram os mais espertos do mundo, eles, os timoneiros do país que não existia.
Então neste país, os governantes acharam que podiam pedir dinheiro emprestado para fins obscuros aos poderosos do mundo, pensavam eles que ninguém iria descobrir ou cobrar. Isto aconteceu sem que o povo soubesse, nem o governo oficial soube, nem as instituições do estado souberam...
Só num país que não existe é que tal loucura poderia ser engendrada. O facto é que mesmo sem existir o país endividou-se e remeteu o pagamento deste roubo efectuado por pessoas que não existem ao seu povo.
O governo e o maior partido da oposição discutiam a verdade e a mentira da democracia, como dois elefantes furiosos que se digladiam  pisando o capim, nessa luta foram matando os filhos do povo, feitos capinzal sob as patas da intolerância e da ambição. Todos os dias morriam mais cidadãos.









Apesar desse país não existir os cidadãos foram morrendo realmente, parece estranho mas aconteceu. 
A natureza furiosa com esta realidade, ainda por cima vinda de um país que não existia, também não os poupou e fustigou-os  com uma longa seca. 
Os cidadãos na sua maioria viviam como se em vez de sangue nas veias tivessem água a correr por elas; viviam como zombis, pareciam dopados, viviam acomodados ao caos e não percebiam que não existiam, a realidade era uma irrealidade.
Nos países que existem, os cidadãos lutam pelos seus direitos, lutam pelo seu país, preocupam-se com a sua dignidade, como pais que amam os filhos, preocupam-se com o país que irão deixar como herança.










Naquele país que não existia, o povo teve o governo que merecia e o governo foi escolhido  ou não por este mesmo povo, esta a questão que os levou à guerra suicida  .
Consta que esse país acabou por desaparecer debaixo duma guerra sem fim e duma pobreza jamais vista que matou quase a totalidade do seu povo .
Passados trinta anos, sobraram apenas alguns cidadãos que dos escombros desse país, vão trabalhando arduamente para criar um homem novo, para criar um país que exista, diferente daquele de que eles mesmo foram um exemplo.


7 de Julho de 2046

Cidadão do futuro









quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O fim e o início se repetindo...













O ano está a acabar, mais um nestes já longos 58 da minha existência...
Olhando para traz tenho a sensação que os últimos anos demoram cada vez menos a passar e este foi super rápido.
Porquê ?  Pergunto eu para os meus cabelos quase todos brancos e a resposta não me ocorre, fica a pairar num sem fim de possibilidades.
Será que a carga que carregamos e que ano após ano se vem acumulando nos faz caminhar devagar e ao mesmo tempo dispara a mente em solilóquios e introspecção sobre o tudo que já se viveu de tal modo que não damos conta do tempo a passar?
Ou será que por termos a consciência do tempo curto que nos resta, este acelera dentro de nossos corações só para nos fazer perceber que essa realidade é inquestionável: a perenidade da vida!
Bom, no fundo o que me fica é uma vontade imensa de viver intensamente, hoje, agora, já!
2016 será o ano das vésperas dos meus 60 anos e como se me preparasse para atingir a maioridade e como tal a liberdade, espero neste ano celebrar todos os dias como se fossem o último e o resto só os deuses saberão.
Amo a vida, o mundo, as pessoas e todas as outras formas da natureza e esse é o meu karma:
Amar acima de qualquer outra acção!
Espero que 2016 traga a paz que o meu povo tanto clama e que os deuses emprestem um pouco da sua clarividência para iluminar aqueles que não sei porquê guiam os desígnios deste nosso maravilhoso país.
Ah! O mundo e toda a humanidade, que este ano seja melhor que os últimos, um desejo que sinto ser improvável, mas não custa pedir !
Amo-vos !!


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A guerra prometida ...











" O maravilhoso da guerra é que cada chefe de assassinos faz abençoar suas bandeiras e invoca solenemente a Deus antes de lançar-se a exterminar a seu próximo."



Voltaire









A guerra, que aflige com os seus esquadrões o Mundo, 
É o tipo perfeito do erro da filosofia. 

A guerra, como tudo humano, quer alterar. 
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito 
E alterar depressa. 

Mas a guerra inflige a morte. 
E a morte é o desprezo do Universo por nós. 
Tendo por consequência a morte, a guerra prova que é falsa. 
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer-alterar. 

Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza os pôs. 

Tudo é orgulho e inconsciência. 
Tudo é querer mexer-se, fazer coisas, deixar rasto. 
Pára o coração e o comandante dos esquadrões 
Regressa aos bocados ao universo exterior. 

A química directa da Natureza 
Não deixa lugar vago para o pensamento. 

A humanidade é uma revolta de escravos. 
A humanidade é um governo usurpado pelo povo. 
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito. 

Deixai existir o mundo exterior e a humanidade natural! 
Paz a todas as coisas pré-humanas, mesmo no homem, 
Paz à essência inteiramente exterior do Universo! 

 Fernando Pessoa 











Até que a filosofia que torna uma raça superior

E outra inferior, seja finalmente permanentemente
Desacreditada e abandonada havera guerra
Eu digo guerra

Até que não existam mais cidadãos
De 1º e 2º classe em qualquer nação
Até que a cor da pele de um homem
Não tenha maior significado que a cor
Dos seus olhos haverá guerra

Até que todos os direitos básicos
Sejam igualmente garantido para todos
Sem privilégios de raça, terá guerra

Até esse dia o sonho da paz final
Da almejada cidadania e o papel
Da moralidade internacional
Não será mais que mera ilusão
a ser percebida e nunca atingida
Por enquanto haverá guerra, guerra

Até que os ignóbeis e infelizes regimes
Que prendem nossos irmãos em Angola
Em Moçambique, África do Sul escravizada
Não mais existam e sejam destruídos
Haverá guerra, eu disse guerra

Guerra no leste, guerra no oeste
guerra no norte, Guerra no sul
guerra, guerra, rumores de guerra

E até esse dia, o continente africano
conhecerá a paz Nós africanos lutaremos
Achamos isto necessário e sabemos que devemos ganhar
E estamos confiantes na vitória

O bem sobre o mal, bem sobre o mal
O bem sobre o mal, bem sobre o mal

Bob Marley












Caminhando e cantando e seguindo a canção

Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.



Geraldo Vandré

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A corda vai rebentar...


















Impressiona-me mais do que qualquer razão que nos esteja a levar para a guerra, a falta de urgência! Não se vê, (e já lá vão dois anos que a situação politica começou a feder), nenhuma urgência para resolver este assunto que está a destruir as vidas de milhões de moçambicanos. Tem sido um ruminar de estratégias, passam-se semanas, meses, anos, e a vida tem continuado como se não estivesse a acontecer nada!
O tempo passando e o tecido social a ficar puído, a esgaçar, a rasgar-se. Vamos soçobrando feitos um farrapo! Sim, somos um farrapo que desistiu de ser gente, abdicamos da nossa dignidade e nos acobardamos, como galinhas vamos continuando a esgravatar nas migalhas que vão ficando pelo chão, relegamos a nossa existência nas mãos de quem vive num mundo surreal, num mundo falso, deixamos que oligarquias ricas nos embalem com relatos de agendas cheias de compromissos, de discursos de estratégias, de promessas de guerra e de promessas de entendimento, de verdades feitas de mentiras, e acima de tudo para nossa desgraça, vamos testemunhando esta desenvergonhada, enraizada, FALTA DE VONTADE!





Não pode haver vontade enquanto os interesses privados se sobrepuserem ao interesse de todos. A questão aqui é o timing, aqui a situação não justifica uma atitude drástica, o problema é minimizado à condição de uns arrufos dum cidadão rebelde que não sabe perder e que como numa birra de criança, que depois de berrar, chorar, bater com os pés no chão, percebe que não leva nada e simplesmente desiste; para estes graúdos a tensão militar também passará. É tudo uma questão de tempo , e a vida continuará perfeita e radiosa. Não! Não passará e se calhar este vai e não vai poderá durar décadas, arrastar-se por tempos imemoriais... Depende tudo da forma como se for resolvendo o pagamento dos interesses dos envolvidos. Ou então uma guerra eclodirá e não quero nem imaginar o que serão esses tempos se isso acontecer! Que os Deuses todos nos protejam de uma guerra!
Não acredito mais nos nossos políticos, eles não são mais do que estrangeiros na nossa terra, não vivem como nós, nem vivem entre nós, vivem no outro lado de Moçambique que é vedado à maioria dos moçambicanos.  










 Para mim, a situação é de tal modo volátil que exige que a sociedade civil pressione o governo, os partidos da oposição e os seus lideres, e que estes mediados por uma equipa de individualidades idóneas, comprometida com a paz, forte, entrem numa sala e de uma vez por todas lavem essa montanha de roupa suja de sangue. Mais, só deverão esses senhores sair dessa sala, quando tiverem chegado a um acordo sério e aplicável no imediato.
 Não vejo outra forma de podermos resolver este assunto. A guerra sempre à espreita e a inércia dos que têm o poder de resolver são espectros que estão a fazer com que a paciência de um povo inteiro que está condenando diariamente a mais sofrimento, se comece a esgotar. Não vêm ou não querem ver, que estão a hipotecar o futuro e a existência de um povo. Sentem-se e trabalhem! 

Não é um pedido é uma exigência! Senão arranjaremos outros representantes do povo que queiram verdadeiramente nos representar e lutar, na defesa dos nossos direitos !







sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Live Forever Bob Marley !









                                      

                                               06/02/2015


                         
 Happy 70th Mr Marley !!





                   

   











 



















sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Somos feitos de músicas...





                                         








Algumas canções extraordinárias  vivem dentro de nós a vida inteira e connosco seguirão para além do tempo...







Auscultei-me acerca daquelas canções que no inicio se revelaram profecias e fontes de inspiração, meio abstracta a ideia, e depois de reflectir um bocado surgiram estas...








No tempo destas canções, vivíamos numa tribo nómada, nocturna, no future, bas-fond, hanging around ...








Nesta sinuosa viagem na imponderabilidade da vida, nesta fascinante existência que nos surpreende sempre,  nada é,  tudo está sempre em processo dinâmico, nada permanece ... 








Como agir, quando de dentro de nós  uma voz grita as nossas certezas, as nossas estratégias, o nosso acreditar, o tudo é possível?









Na base dessa marca que te define como ser, que define a tua personalidade, a tua pessoa, estão  canções mágicas, músicas que te embriagaram  e se alojaram dentro de ti para sempre, e te transformaram ...








Estas canções foram a metamorfose, depois delas e de tudo o que culturalmente a elas estava ligado , nunca mais fomos os mesmos...







Nada nem ninguém muda a essência de cada um,,,




domingo, 28 de abril de 2013

Boris Vian na Jamaica







                               
















Querida vem junto de mim 
Esta noite quero cantar 
Uma canção para ti 

Uma canção sem lágrimas 
Uma canção ligeira 
Uma canção de charme 

O charme das manhãs 
Envolvidas em bruma 
Em que valsam coelhos 

O charme dos pântanos 
Onde alegres crianças louras 
Pescam crocodilos








O charme dos prados 
Que se ceifam no Verão 
Para podermos rebolar-nos 

O charme das colheres 
Que rapam os pratos 
E a sopa de olhos claros 

O charme do ovo cozido 
Que permitiu a Colombo 
O truque mais luzido 

O charme das virtudes 
Que dão ao pecado 
O gosto do proibido









Podia ter-te cantado 
Uma canção de carvalho 
De ulmeiro ou de choupo 

Uma canção de plátano 
Uma canção de teca 
De rimas mais duráveis 

Mas sem ruído nem alarme 
Preferi experimentar 
Esta canção de charme 

Charme do velho notário 
Que no estúdio austero 
Denuncia o falsário









Ou o charme da chuva 
Escorrendo gotas de ouro 
Sobre o cobre do leito 

Charme do teu coração 
Que vejo junto ao meu 
Quando penso no bem-estar 

Ou o charme dos sóis 
Que giram sempre em volta 
De horizontes vermelhos 

E o charme dos dias 
Apagados da nossa vida 
Pela goma das noites 

Boris Vian, in "Canções e Poemas"











terça-feira, 9 de abril de 2013

Por favor, guerra de novo, NÃO !









                                






Impossível não querer entender, tudo está a acontecer seguido e ao mesmo tempo.
Lá da Coreia ameaçam mentes loucas e cheias de raiva fazerem explodir o planeta com armamento nuclear...
Nós frustrados com a nossa vida sem futuro melhor, conformamo-nos por estar muito longe de Pyongyang e sorrimos seguros e em paz  na nossa merda de realidade...
... mas um mal nunca vem só, para fechar o ciclo da desesperança e do desengano, oiço o matraquear das AK47 em Muxungué e vejo os cidadãos tranquilos viajando de autocarro num suposto país em paz  a serem mortos sem compaixão, o dejá vu da guerra civil está aí, real...












A guerra, que aflige com os seus esquadrões o Mundo, 
É o tipo perfeito do erro da filosofia. 
A guerra, como tudo humano, quer alterar. 
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito 
E alterar depressa. 
Mas a guerra inflige a morte. 
E a morte é o desprezo do Universo por nós. 
Tendo por consequência a morte, a guerra prova que é falsa. 
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer alterar. 
Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza os pôs. 
Tudo é orgulho e inconsciência. 
Tudo é querer mexer-se, fazer coisas, deixar rasto. 
Para o coração e o comandante dos esquadrões 
Regressa aos bocados o universo exterior. 
A química directa da Natureza 
Não deixa lugar vago para o pensamento. 
A humanidade é uma revolta de escravos. 
A humanidade é um governo usurpado pelo povo. 
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito. 
Deixai existir o mundo exterior e a humanidade natural! 
Paz a todas as coisas pré-humanas, mesmo no homem, 
Paz à essência inteiramente exterior do Universo! 

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos" 
Heterónimo de Fernando Pessoa













Como é que se faz um País?

Será que não conseguem os homens ser solidários e deixar de lado a avidez vampírica pelo Poder?
Começo a crer que a tal mudança que diziam ir acontecer a 21 de Dezembro começa a fazer sentido...
Como uma onda de um Tsunami surrealmente enorme ela se vem aproximando desde então...
As relações, as atitudes, a fragilidade de todo o quotidiano, a perenidade de tudo como se  o presente fosse o último dia das nossas vidas, egoísmo, futilidade , culto do consumismo pelo consumismo, completamente oco de qualquer fundamento, ou seja, o boçalismo elevado a status dominante da sociedade, a insensibilidade para com o povo de um país riquíssimo que vive no limiar da miséria, a dança dos abutres, o riso das hienas, o cheiro a podre...
Que porra de merda é esta em que se transformou o meu país ?!?!
Obra mal feita, em vez construção responsável e em vez de se plantar para colher no futuro, colhem-se frutos híbridos, doentes no imediato .
O imediato é a religião e para isso o poder a qualquer preço como doutrina!!
A guerra muda tudo, destrói gerações, gasta tempo de vida, é uma merda !!
Tomara que esses senhores pelo menos consigam fazer calar as armas antes que nos desfaçamos em sangue !!










Triste será se um dia a vivermos de novo à base de  repolho e carapau, falarmos do país que Moçambique já era antes desta  2ª guerra civil e também falarmos daquele país grandioso em que Moçambique se poderia ter transformado, se os homens tivessem sido menos egoístas, menos cegos, menos orgulhosos, menos burros  neste momento!!!
Façamos uma  mistura de liberdade, ganância, tesouros naturais, egoísmo, tesão de  ditadura, deslumbramento, ódios, sentimentos de injustiça, desespero, pobreza  extrema, sem vergonhiçe, muito dinheiro, etc, deitemos esses ingredientes voláteis num oceano de bom senso e os deixemos esfriar.
Verificaremos que depois de frios estes ingredientes não têm mais poder para nos fazer enlouquecer a ponto de começarmo-nos a matar uns aos outros, entre irmãos; acordaremos como se tivéssemos estado a viver um pesadelo, tenho a certeza.
Consertemos as nossas almas, resgatemos a nossa essência de povo e falemos das coisas que nos separam chamando os bois pelos seus nomes !!!
Não subestimemos estes sinais, este aviso de Muxungué é um sinal muito forte.
Basta de impunidade, basta de se pensar que alguns têm mais direitos do que a maioria, sejamos honestos e construamos a paz, a felicidade e o desenvolvimento deste País  na base da verdade e do trabalho abnegado em prol de todos...
Parem esta palhaçada que já está a trazer de novo o luto provocado pelo ódio !!
Chega !!









domingo, 13 de maio de 2012

Bob Marley - 31 anos depois...








                                        





 Passaram 31 anos sobre a sua morte...
O meu amigo e ídolo, o pensador, o homem que viveu as injustiças do mundo como a sua razão de viver...
Marley é o musico que mesmo tendo passado tanto tempo continua a ser amado pelo mundo inteiro,  super contemporâneo, que continua a influenciar geração após geração com a música, pensamento, etc, com a mesma intensidade que o fez em vida...
Amo e respeito este HOMEM e músico ímpar e ontem rendemos-lhe uma singela homenagem, transformamos essa efeméride numa evocação incrível, numa celebração doida...
Ele esteve por lá...
Jah Rastafarai...  








                               







Há uma mística natural
soprando pelo ar.
Se escutares atentamente agora,
 ouvirás!








                                    






Enquanto a cor da pele for mais importante do que o brilho dos olhos haverá  guerra... 
Enquanto imperar a filosofia de que há uma raça inferior e outra superior, o mundo estará permanentemente em guerra.
É uma profecia, mas 
todo mundo sabe que isto é verdade.







                                            








Às vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas...
O tempo passa, e 
descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos; as pessoas eram pequenas demais para torná-los reais!




                             










Difícil não é lutar por aquilo que se quer, e sim desistir daquilo que se mais ama.
Eu desisti.
 Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer.
Bob Marley