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sábado, 23 de setembro de 2017

O amor de Sumbi







         
                                                                            jasmim do oriente













Essa leveza flui naturalmente quando as almas sorriem.
Às flores basta-lhes a cacimba da noite para de dia, exuberantes, perfumarem
 em coloridos tons florais, os passos dos que se amam.












Emocionados, de mãos dadas acariciam com as pontas dos dedos
os corações que se aconchegam .
Aureolados de uma plenitude macia e doce,
como o prazer terno que se sente ao afagar um pelo macio demais, 
os olhos sorvem o amor dos olhos nos olhos que se tocam, telepáticos...













Lânguidos movimentos que se querem perpétuos, nesse escorrer do mel pelos
lábios que se beijam, dessas almas que se tocam com uma delicadeza titubeante que só o desejo interrompe na sua urgência de arder...










Como é bom sorrir por dentro, gritar para o mundo ouvir que não se é mais triste não,
que afinal, mesmo tardando o amor verdadeiro chega e faz nascer em mim uma vontade louca de poetizar....











Escrever o que não é angústia, é um desafio do coração que já não é e não quer mais ser triste. 
A paixão pelas palavras não morreu quando fiquei feliz, preciso saber se elas terão sabor e texturas doces na mesma dimensão em que já foram amargor, desilusão e lágrimas...










sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Meu Herói Eduardo Mondlane



                                               20/06/1920 - 03/02/1969















Feriado longo, todo mundo usufruindo dos 3 dias, nas praias, de visita a outros lugares ou simplesmente curtindo o sossego da casa sem horários para cumprir, todos gozando o 3 de Fevereiro.

O dia em que se comemora a passagem dos 43 anos sobre o assassinato de Eduardo Chivambo Mondlane, o pai da pátria moçambicana !!
Este intelectual, self made man, professor de história e sociologia na Universidade de Syracuse, New York, investigador nas Nações Unidas, onde estudava as razões e os acontecimentos que estavam a levar os países africanos a lutar pela Independência.
Foi ele que uniu os movimentos que lutavam pela Independência de Moçambique e que em conjunto fundaram a Frente de Libertação de Moçambique, tendo sido ele nomeado o primeiro Presidente da Frelimo.
Foi assassinado por um encomenda bomba  e nunca se soube quem o matou.





    
                 









Eduardo Mondlane casou com uma cidadã americana com quem teve 3 filhos.

Esta curta biografia é suficiente para se perceber que ele era um homem com uma cultura, educação e uma formação acima da média.
Filho de um chefe tradicional, Mondlane estudou na missão presbiteriana suíça próxima de Manjacaze. Terminou os seus estudos secundários numa escola da mesma igreja na África do Sul e depois de uma curta passagem pela Universidade de Lisboa, foi financiado pelos suíços e foi estudar para os Estados Unidos onde se doutorou em sociologia.

Imaginar este líder a governar este País é um exercício lindo de se fazer.
Os valores, o conhecimento e a inteligência deste democrata nato nos teriam guiado na senda de um Moçambique sério, baseado no fundamento basilar por ele defendido, o de criar condições de vida dignas para os moçambicanos.
Teríamos um sistema de ensino para além do vulgar e ao fim destes 36 anos teríamos moçambicanos formados e com capacidade igual a qualquer cidadão formado nas grandes universidades deste mundo.



                             














A sua visão global, a sua experiência  de vida em várias capitais europeias, a sua permanência por longo tempo nos EUA  a exercer cargos importantes, fariam com que ele nos trouxe-se  ensinamentos  sobre a necessidade de seriedade, nos estudos, no trabalho, na sociedade, em casa e de certeza que hoje seríamos cidadãos dignos e orgulhosos da nossa pátria.
A ambição de ter uma educação e formação equiparada aos outros países era o foco principal, que não se concretizou e hoje somos este país de 3º mundo, corrupto, miserável, mendicante onde os malfeitores governam de forma impune.

Ele foi assassinado e esse propósito enterrado com ele. Tudo o que aconteceu depois desse ato cobarde já todos nós sabemos e continuamos a testemunhar diariamente o quão longe este país está da mística, da classe, do projeto  que envolve o nome deste líder africano único , com uma dimensão tão grande só comparável a de Mandela.
Lamento, mas devo dizer que não entendo porque não se fala, não se divulga a figura exemplar deste moçambicano saído de Manjacaze  que sonhou o seu país, iniciou e liderou a luta de libertação, lutou abnegadamente deixando para traz uma vida e uma carreira promissora nos EUA   e morreu lutando !!!!
Iniciei este post a descrever o feriado e termino dizendo que para a maioria deste povo este dia significa apenas 3 dias de descanso…
Memória curta e ingratidão a de quem governa e não exalta este herói maior e pobreza de formação e de cultura dum povo que não homenageia os seus heróis, não porque seja insensível, mas apenas porque não tem essa educação e porque tem outras prioridades, como por exemplo, a desesperada luta diária para sobreviver à vida dura que a Independência não aliviou nem um bocadinho.













sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Massala - música da minha terra











Contactei a jornalista Paola Rolleta que foi quem fez este trabalho maravilhoso e pedi-lhe se o podia usar.
Ela  deixou-me usá-lo.
Misturei  vozes que cantam a verdadeira cultura moçambicana à massala e acho que vocês vão gostar deste cocktail daqui do Sul da África .
Estou feliz ...
Just like that !!!



      





Era uma vez uma longa estrada na parte Oriental de África, para o Sul, cheia de massaleiras. Era a estrada do maná, o alimento vindo dos céus. Na realidade, trata-se de uma longa rota dos elefantes que se alimentavam das massalas. E aqui surge a parte curiosa da história: é dificílimo plantar uma massaleira, pois esta requer condições muito próprias de humidade e calor. Quando o elefante defeca, os caroços da massala vão envolvidos no ambiente húmido necessário para fazer desabrochar a massaleira,criando-se assim um ciclo contínuo: a massaleira alimenta os elefantese estes são os únicos que fazem nascer massaleiras. O maná seria o frutodos céus oferecido pelos deuses, único alimento nessa rota de emigração. Li esta história fascinante num blogue da internet.
Porquê massala? Aí está outra parte curiosa. Vendem-se massalas ocas,coloridas, nas feiras e nas lojas de artesanato, como elementos decorativos.
E está muito na moda, nas casas bem de Moçambique, decorar as mesas também com frutos silvestres. Mas quando se pergunta acerca deles, poucas pessoas sabem responder. Resta a internet para pesquisar. Mas, depois, é preciso fazer um controlo das informações porque há muita coisa demasiado exótica por aí. Li, por exemplo, que as gochas, o instrumento idiófono, tipo chocalho de mão, feito com massalas e sementes, eram utilizadas antigamente para “expulsar os espíritos maus” das mentes dos doentes. Fui falar com o Malangatana acerca disso. “Sempre convivi com curandeiros, na minha família, mas nunca vi usar as massalas para esses fins”.





    





É sempre preciso cruzar fontes para averiguar as informações. Por isso é urgente fazerem-se estudos sobre os frutos silvestres para não se perder o conhecimento tradicional, como me disse Mário Calane, professor de ecologiana Universidade Eduardo Mondlane. “Há plantas que só são procurada em tempo de escassez alimentar. São variedades muito mais adaptadas ao meio onde vivem e podem resistir melhor às mudanças climáticas que já estão de facto a surgir! No campo usam-na, mas os citadinos esqueceram este conhecimento tradicional, que é muito rico e que pode vir a desaparecer se as pessoas do campo forem urbanizadas também. Devemos conservar esse conhecimento tradicional não só para o bem de Moçambique mas para toda a humanidade. São justamente aquelas às quais deviam dar um cuidado muito especial porque são as plantas do futuro!”.
E “fruto do futuro” é justamente o título de um artigo que encontrei acercada massala, a Strychnos spinosa, aquele fruto redondo, como uma laranja,cujo aroma e sabor são extraordinariamente deliciosos. Uma mistura de banana com ananás, com uma pitada de baunilha e um toque de canela!
O artigo realça as qualidades fantásticas da massala: alto valor nutricional, benéfica para o ambiente, fonte de rendimento.





     




 

É também chamada “laranja dos macacos”. A polpa é rica em proteínas, fósforo, magnésio, potássio e tem também uma quantidade moderada de vitaminas B e C. Está presente em toda a África Austral, sendo uma árvore de múltiplos usos. Com a polpa, faz-se sumo, compotas, papas (se misturadas com cereais como fazem em Madagáscar), e uma grande variedade de bebidas que, se deixadas a fermentar, são bem alcoólicas. Se misturada com mel, cura a tosse. É muito sumarenta e é por isso que é muito apetecida,
sobretudo em tempos de seca. Tradicionalmente não se podem arrancar da árvore. Abana-se a árvore e cai, ou, quando está madura, cai por si. A madeira da massaleira é considerada sagrada por algumas comunidades,pela sua beleza e utilidade. Fazem dela bengalas e cajados. A casca seca do fruto faz o som das marimbas, um instrumento tradicional africano que é hoje património universal proclamado pela UNESCO.




                                             




Muitas das informações sobre as propriedades da massala provêm de Israel porque para lá foi transplantada, como um dos novos frutos para climas áridos, um dos frutos do futuro!
A massala deu-se muito bem por aquelas bandas. Muitas das terras cultiváveis têm sido parceladas e urbanizadas. É por isso que procuram outras variedades para consumo humano que se dêm bem em terrenos áridos.
Fizeram testes organolépticos, perguntando às pessoas para compararem a massala com outros frutos mais familiares. As respostas mais comuns foram laranja, banana, alperce e todas as combinações possíveis entre eles todos. O fruto tem um aroma delicado, de cravinho, provavelmente a causado eugenol, o óleo essencial do cravo. Estão a estudar vários produtos a desenvolver, como sumos e rolos de polpa seca.
Existe, entre nós, também um outro tipo de massala, que se chama macuácua,e nome científico Strychnos madagascariensis. Não é tão saborosa como a massala, mas tem um uso muito peculiar. Uma vez tirada a polpa,posta ao sol a secar, retirados os caroços, é pilada para ser conservada em potes durante anos. É a mfuma, como é chamada no Sul de Moçambique.
Em tempos de fome é o único alimento. “Come-se um pouco de mfuma, bebe-se um copo de água, e assim se pode aguentar um dia de trabalho na machamba”, disse-nos Atália, uma senhora de Inhambane, hoje a viver em Ricatla, nos arredores de Maputo.
“Em tempos de fome, o conhecimento tradicional vem ao de cima. Essas plantas eram parte dos alimentos da população nos tempos antigos, antes da introdução de outras espécies de culturas”, diz Mário Calane.









Dona Atália recorda como o pai lhe recomendava que não comesse as sementes da macuácua. Mário Calane explica: “As pessoas do campo não conhecem a explicação científica, mas sabem que as sementes podem dar problemas sérios. As sementes e a casca dessas plantas contêm um alcaloide, a estricnina. O mesmo que acontece com um certo tipo de mandioca”. E sabemos que a estricnina é considerada um estimulante em pequenas doses, mas venenosa e mortal em altas doses. Será que por isso não se pode comer massala depois de uma queimada? Por isso é urgente ir para o campo,recolher informações e ir também para o laboratório. “Esse conhecimento ainda existe. Os anciãos ainda estão lá. É nossa obrigação ir ter com essas comunidades, buscar este conhecimento e publicar em livros. Isso, estamos a fazer. Mas é obrigatório fazermos análises de laboratório para ver as propriedades nutritivas e dar a conhecer a toda a gente. Para isso é preciso tempo e … vontade política”.

Paola Rolleta



     


terça-feira, 8 de novembro de 2011

C. C. Franco - Moçambicano X Núcleo de Arte - song by Kapa Dech





                                CENTRO CULTURAL FRANCO- MOÇAMBICANO

Não me apetece desancar em ninguém, acabo achando-me um amargurado, um desiludido e isso não me está a fazer bem...
Vou apenas falar de diferenças de pontos de vista, da falta de sensibilidade etc, mas sem raiva.
Afinal como diz o meu amigo Katawala, dar ideias também é importante.
O Centro Cultural Franco-Moçambicano é um lugar de referência quando se fala de divulgação e promoção da arte em todas as suas vertentes na nossa capital; sem dúvida um lugar onde a arte acontece realmente e com infra-estruturas espectaculares, manteve o design original  tem jardins, anfiteatro, cinema, bar e mesmo sem nenhum evento a acontecer é um lugar agradável e frequentado por  gente  interessante .





Reabilitado das ruínas do antigo Hotel Clube, edifício de 1896, um vestígio da história que se iria  desmoronar no tempo, foi inaugurado em 1995 e tem sido uma lufada de qualidade no panorama cultural e intelectual desta cidade.
Obviamente um pedaço francês que nos tem trazido exposições, concertos, cinema, bailado, um pouco de arte dos quatro cantos  mundo tem passado por ali.
Frequentado por muitos turistas e por uma microscópica camada maputense, faz sentir que  infelizmente todas as sementes de arte para aqui trazidas não têm chegado aos cidadãos, sem qualquer culpa da parte do CCFM.
Não vou divagar sobre o porquê e sobre quem vem e quem poderia vir, já disse que não me quero irritar com isto !!
Bem hajam CCFM, muito obrigado pela vossa contribuição para a elevação da Cultura no nosso País !!



                                           ASSOCIAÇÃO NÚCLEO DE ARTE



O Núcleo de Arte é uma organização de carácter cultural vocacionada na promoção, valorização e desenvolvimento das artes plásticas em Moçambique, que vem operando desde 1921 numa área privilegiada da cidade do Maputo.

Foi criada com o intuito de proporcionar aos artistas um espaço onde tenham acesso a redes e recursos para construírem a sua carreira, e também onde encontrem a sua inclusão e diversidade na maneira como encarar as suas criações artísticas; o mesmo espaço serve também para dar aos amadores, coleccionadores e consumidores das artes plásticas a diversidade, aguçando o seu interesse pelas mesmas.

associação Núcleo de Arte, dentro da dinâmica dos vários projectos e  programas que surgem ao longo do seu percurso, tem facilitado intercâmbios entre artistas nacionais e estrangeiros através de exposições de obras de arte, workshops, palestras e debates, abrindo espaço de aproximação entre o público e as artes plásticas.

O espaço, através da sua galeria, oferece ao publico,todos os dias, exposições permanentes, colectivas ou individuais, de obras que podem ser vistas e adquiridas.
 (apresentação retirada do blog do Núcleo)
http://nucleodarte.blogspot.com/



Domingo ás 20H00 fui ouvir o Zé Maria e sua Banda e ao mesmo tempo visitar o Núcleo, lugar a onde já não ia há muito tempo.
Encontrei o Fiel, artista fabuloso que me mostrou os trabalhos que está a fazer e outros recentemente acabados...
Enquanto passeávamos pelo labirinto de pinturas, esculturas,
fabulosos trabalhos, caos, naquela miscelânea de tantas coisas de que  é feito o Núcleo neste momento, claramente inventado do nada pelos artistas,  fui percebendo que as condições em que estes artistas vivem, trabalham, fazem arte de superior qualidade  são  tristemente más, péssimas...
O esforço deve ser titânico para mesmo assim conseguirem manter o Núcleo vivo.
Foi daqui que saiu a famosa árvore da vida , Tree of Life , que está exposta
há anos em lugar de grande destaque no British Museum em Londres.
O ambiente estava fervilhante de vida, muita gente da terra , da arte, da música, da TV, das letras, montes de turistas, boémios, freaks etc.
O que estava a acontecer era uma celebração viva das artes , há nossa maneira, verdadeiramente maputense...





Depois de absorver o ambiente a música umas cervejas, comecei a sentir aquele mau estar que me assola sempre que percebo o quanto nós poderíamos ser melhores , de forma simples , apenas inteligentemente e com a visão do desenvolvimento cultural intelectual deste povo...
Pensei assim :
Gasta-se tanto dinheiro a construir abortos desnecessários, deita-se tanto dinheiro fora, enfim (não vou mencionar nada, não me quero irritar, já disse ) e este lugar histórico, referência incontornável da cultura maputense, situado na zona nobre, ali mesmo juntinho à Julius Nyerere, que movimenta centenas de pessoas por semana, será que não merecia que se convida-se um grupo de arquitectos moçambicanos, e se financiasse a construção duma verdadeira associação que até  já tem  90 anos de existência?
Os franceses fizeram com o CCFM aquilo que nós já deveríamos ter feito há muito tempo com o Núcleo...
Imaginemos o cenário:
Manter o edifício antigo e à volta dele criar os atelieres dos artistas, um anfiteatro para espectáculos, bares, etc...tudo inspirado na nossa cultura!!!
Será que alguém que venha a ler isto vai fazer chegar esta mensagem àqueles que poderiam promover realização dessa obra e ao mesmo tempo  fazer-lhes sentir que sem Cultura um povo deixa de existir e que não promover a Cultura é condenar um povo à ignorância e à orfandade ?
..e nem quero falar da Casa Velha, senão aí vou acabar por me irritar e dizer o que não quero....
http://en.wikipedia.org/wiki/Tree_of_Life_%28Kester%29