segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O triunfo das águas - music by Kendrick Lamar







                                  





Já choveu muito no passado recente e o povo paupérrimo  morreu e empobreceu demais...
Choveu de novo e continua a chover e o mesmo povo empobrece e morre de novo aos litros...
Obras  duvidosas  foram feitas para que não se repetisse a tragédia e as cheias tudo levaram de novo...
Nascem crianças nas árvores e nos tectos das casas, dormem multidões nas bermas das estradas...
elas bebem a água assassina das cheias e comem os cadáveres do gado afogado, a vida se transforma em morte e a morte no inferno na terra...










As estradas cortadas, milhares sem tecto, os mortos ainda à deriva pelos campos alagados onde se misturam os cadáveres de animais e os de seres humanos...
Fome, abandono, doença e tristeza dominam o estado de milhares de moçambicanos órfãos de um País que os não protege, que não se  preveniu para que estas situações não se repetissem...
Pelo menos uma organização eficiente e operativa no imediato poderia ter sido preparada...








Não, são outras as prioridades e este povo do vazio se enche de águas diluvianas até ao último suspiro! 
A mão estendida e a fotografia de ocasião são as reacções de aproveitamento nos mídia e não as mangas arregaçadas e actos de emergência com a presença engajada no terreno ou o orgulho de terem aprendido com as últimas cheias e terem a situação  controlada, não, outras festas e regabofes afins são mais importantes...










O triunfo dos porcos que não morrem nas cheias, o sorriso rapace de quem come e bebe o sangue do povo vampiristicamente, escondidos atrás da falta de vergonha nos discursos  de ocasião eles ao invés do povo, sobrevivem a todas as calamidades.
O hip hop é uma forma de gritar as injustiças e a música não desfaz a indignação, a revolta e a tristeza...apenas serve para tornar tudo isso um pouco mais leve.






O apelo dramático do  meu amigo  Stewart,  músico moçambicano...

https://www.facebook.com/photo.php?v=10152188294535961

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O uivo dos lobos solitários...


















Páginas que se viram atrás de páginas, num incessante e continuo desfolhar de emoções,
Emoções e mais emoções, sem que o coração tenha descanso,
Ora exultando de felicidade e alegria de viver, ora amarrado no sufoco descrente e amargo do desespero...











O tempo que passa é analfabeto e nada escreve, passa enquanto as emoções tomam conta de nós,
Enquanto a insatisfação se passeia por cima de toda a sabedoria guru, por cima de todas as teorias  !  
Essa puta de angústia, cabra, ela é danada, nós pela simples condição de termos de viver somos sua presa fácil...
















Qual prozac, qual yoga, qual ganja, qual quê....
Temos de levar com ela e ficar de rastos, a dor só termina depois de ter doído tudo...
 Sacode a má vibração, pensa positivo, caga para o resto !!!
Como se fosse assim tão fácil ...















" Quero chorar, não tenho lágrimas, que me rolem nas faces...." - cantava o Nat King Cole e eu também não tenho lágrimas , mas dói p'ra xuxu !!!
Ficar com a dor e deixá-la doer, há-de  passar...













" Vá, põe um sorriso nessa cara e limpa essas lágrimas, já passou, já passou.... 
Como seria bom se fosse assim, como quando éramos crianças e tudo passava num ápice !!!















...mas não, uivamos para a lua, o pungente lamento, como lobos solitários!!









quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A bátega que se enfeitou...














A folha branca  imaculadamente  pasmada, da mente nada brota; está paralisada, estupidificada...
Nada de interessante lhe aflora as meninges e suando a humidade maputense a cento e tal % fixa o escuro vazio.

Não se trata de angústia, tristeza ou seja lá o que for, simplesmente nada acontece...

Prismas opostos em jogos de equilíbrio improvável, tal qual o retrato dos instantes que se vão sucedendo aleatoriamente  sem plano que sobreviva...

Podia gritar de alegria ou simplesmente dormir horas sem destino, tanto faz, whatever...











Choveu todo dia e durante horas diluviou, o mar escuro se misturou com os passos, o caos interior também se alagou...
Palavras e espíritos em cascas, árvores carregando o peso da água e se curvando, derrotadas no seu mutismo.
A suavidade de setim da água engrossada e violenta, xaroposa e lamacenta que domina o espaço total...
Os pensamentos aos solavancos pela estrada esburacada, testemunham o céu de chumbo colorido...
Desconstruir a raiva e a incompreensão perante o que não tem de ser compreendido















Ajoelhado sem raiva ou ingratidão, o couro dos sapatos escurecido pela água, espera que a tormenta pare.
Que ela se vá e deixe o sol nos cozinhar no vapor, os miolos se transformarão numa bela garoupa !!

Beijo sim a fantasia e o surreal dizer....

As flores lavadas de branco se empertigam perante os chuviscos e ficam nítidas, incompreensivelmente melhores que a visão 3 D.















Ouvi dizer que afinal nós somos criaturas divinas mas terrivelmente cruéis;quem nos irá compreender?
Ah, o bem que sabe logo pela manhã o ar fresco que nos acorda de novo para as possibilidades todas...
Ama baralhar as palavras e as ideias, sinal de pancada, sofreguidão por reinventar.
 Com pinceladas abstractas de azul em fundo azul se cria arte - pensa para si
...e a arte não se explica, podemos tentar explicar ao nosso ego, apenas...
continua a olhar para a folha que já não é mais virginalmente branca, é molhada de suspiros e pulos, impávido sorri para si...