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domingo, 23 de setembro de 2012

Miguel Esteves Cardoso - o vero amor ...

                      



                                                                                                                                                       
                                    



A partir do contacto estreito com as bandas pós- punk e new wave da editora Factory, tais como Joy Division, New Order, Durutti Column ou The Fall, aquando da sua estada no Reino Unido, «MEC» (como era conhecido pelos fãs), deu-se a conhecer como autor de crónicas sobre música pop, publicadas nos jornais Se7e, O Jornal (actual Visão) ou Música & Som, avidamente lidas pelos jovens portugueses, em complemento à transmissão dessa música em programas como Rock em Stock, de Luís Filipe Barros, ou Rotação, Rolls Rock e Som da Frente, de António Sérgio, na Rádio Renascença e na Rádio Comercial.
Nessa época, dedicou-se também à crítica literária e cinematográfica, no Jornal de Letras, Artes e Ideias
Começou igualmente a ser presença assídua na rádio e na televisão, em parte devido à sua aparência invulgar e desajeitada de jovem intelectual ingénuo e perverso, e às suas intervenções imprevisíveis e desconcertantes, irónicas e irreverentes.



http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Esteves_Cardoso









...faço parte da geração que viveu este lado do MEC ao vivo e a cores...
O MEC e o Som da Frente do António Sérgio foram as portas para um mundo novo, inteligente e de extremo bom gosto...

Esta singela homenagem ao Miguel Esteves Cardoso e um muito obrigado por 
nos teres trazido, visionário, a garantia das grandes bandas antes de elas o serem ...
 Thanks também por teres sido o catalisador em grande estilo de tudo aquilo que precisávamos para legitimar o nosso modo contra corrente de olhar as coisas e o mundo...








Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. 
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?





O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado,viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. 
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também. 

Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Expresso'





quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

The Ladies and the Jazz
















Jazz  é o género musical donde brotaram tantos outros estilos...

Jazz é o lamento, é a sensibilidade é a loucura aliadas a uma improvisação melódica que marca o estilo único...
O bar cheio de fumo, o barulho dos copos e a banda tocando como que para si, esse Cotton Club eterno de nossas memórias...

O jazz não faz parte dos charts, nem é um estilo comercial pois ele é por demais superior a qualquer rotulo ou modismo, ele é eterno e sempre actual...





O Jazz nasceu directamente da cultura negra.  Nas viagens dos navios negreiros da África para os Estados Unidos, os negros que não morriam de doenças eram obrigados a dançar para manterem a saúde. As danças tradicionais dos senhores brancos eram as polcas, as valsas e as quadrilhas, e os negros imitavam-nos com o intuito de os ridicularizar, mas dançavam de acordo com a visão que tinham da cultura europeia, e misturando um pouco com as danças que conheciam. Dessa forma, surgiu a dança que era uma mistura da imitação dos ritmos europeus com os costumes naturais dos negros.






Em 1740, os tambores foram proibidos no sul dos Estados Unidos para evitar insurreições dos negros. Assim, para executar as suas danças, eles foram obrigados a improvisar com outras formas de som, como palmas, sapateado, e o banjo.
No início do século XX, as danças afro-americanas começaram a entrar para os salões, e a sofrer novas influências: do can-can e do charleston, principalmente. Logo, essa dança que se pode até chamar de “mista”, tomou conta dos palcos e da broadway, transformando-se na conhecida comédia musical. A comédia musical, por sua vez, não é nada mais que o segundo nome dado à dança mais conhecida como jazz...

http://bluelester.no.sapo.pt/jazz/historia.htm