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quinta-feira, 24 de outubro de 2019

À flor da pele





                                     http://www.maryckennedy.com/about



                                                                















Os dados misturam-se no agito das pulsões, nos sonhos
nas mãos como num vaso chocam uns contra os outros,
atirados com emoção soam a oco sobre a mesa, 
rolam e gravam num desenho irrepetível o acaso

















Ah! As palavras sacudidas na concha das mãos não são jogadas,
caminham pelos dedos, 
uma, depois outra, todas, aninham-se no branco da mortalha,
sobre a mesa perfazem o poema,
não tem nome nem morada, 
como se fora uma tatuagem das musas, 
em cores à flor da pele


















domingo, 23 de setembro de 2012

Miguel Esteves Cardoso - o vero amor ...

                      



                                                                                                                                                       
                                    



A partir do contacto estreito com as bandas pós- punk e new wave da editora Factory, tais como Joy Division, New Order, Durutti Column ou The Fall, aquando da sua estada no Reino Unido, «MEC» (como era conhecido pelos fãs), deu-se a conhecer como autor de crónicas sobre música pop, publicadas nos jornais Se7e, O Jornal (actual Visão) ou Música & Som, avidamente lidas pelos jovens portugueses, em complemento à transmissão dessa música em programas como Rock em Stock, de Luís Filipe Barros, ou Rotação, Rolls Rock e Som da Frente, de António Sérgio, na Rádio Renascença e na Rádio Comercial.
Nessa época, dedicou-se também à crítica literária e cinematográfica, no Jornal de Letras, Artes e Ideias
Começou igualmente a ser presença assídua na rádio e na televisão, em parte devido à sua aparência invulgar e desajeitada de jovem intelectual ingénuo e perverso, e às suas intervenções imprevisíveis e desconcertantes, irónicas e irreverentes.



http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Esteves_Cardoso









...faço parte da geração que viveu este lado do MEC ao vivo e a cores...
O MEC e o Som da Frente do António Sérgio foram as portas para um mundo novo, inteligente e de extremo bom gosto...

Esta singela homenagem ao Miguel Esteves Cardoso e um muito obrigado por 
nos teres trazido, visionário, a garantia das grandes bandas antes de elas o serem ...
 Thanks também por teres sido o catalisador em grande estilo de tudo aquilo que precisávamos para legitimar o nosso modo contra corrente de olhar as coisas e o mundo...








Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. 
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?





O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado,viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. 
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também. 

Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Expresso'





segunda-feira, 16 de abril de 2012

Gregory Porter - in the mood...





                           




Caminhos sinuosos e precipícios se projectam na tela ...
Fareja no ar a presença do dono e se levanta de repelão sacudindo o coto de cauda se babando de tão feliz
As ondas vêm poderosas e o pequeno barco se empina e quase vai a pique,  no céu o sol vai rompendo por entre a tormenta...
Revelações e desilusões, maduras e suculentas...desbotadas mas coloridas !!
Pra quê lamentar ?
Porquê não chorar ?
Uma roda de shoots e de olhos brilhantes eles brindam à euforia de se estar vivo, e fica tudo certo...
Cheers !!!









O homem faz-se ou desfaz-se a si mesmo. 
O homem controla as suas paixões, as suas emoções, o seu futuro.
Consegue-o canalizando os seus impulsos físicos para conseguir realizações espirituais.
Qualquer animal pode esbanjar a sua força realizando os impulsos físicos sempre que os sente. Compete ao homem canalizá-los para fins mais produtivos que a satisfação dos impulsos. 
Ninguém se tornou ilustre por fazer o que lhe apetecia. 
Os homens insignificantes fazem o que querem - e tornam-se nuns Zé-Ninguém.
Os grandes submetem-se às leis que regem o sector em que são grandes.







O auto-domínio é sempre recompensado com uma força que dá uma alegria interior inexprimível e silenciosa que se torna no tom dominante da vida. O auto-domínio é a qualidade que distingue os mais aptos para sobreviverem. 
O mais importante atributo do homem como ser moral é a faculdade de auto-domínio escreveu Herbert Spencer. 
Nunca houve, nem pode haver, uma vida boa sem auto-domínio; sem ele a vida é inconcebível. 
A vitória mais importante e mais nobre do homem é a conquista de si mesmo.

Alfred Montapert








Tudo o que acontece, acontece de sorte que naturalmente o podes suportar ou naturalmente o não podes suportar; não protestes, mas, enquanto te for possível, suporta-o.
 Se ao invés é coisa que naturalmente és capaz de suportar, não rezingues, senão mais depressa dás com tudo em terra.
 Lembra-te, todavia, que és naturalmente capaz de suportar tudo o que de ti depende tornar suportável e tolerável; basta que consideres que é o teu interesse ou o teu dever a impor-te esse trabalho. 

Marco Aurélio