quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Cores das auras

















As nuvens escuras mantêm  o quarto na penumbra
Vai chover , o silêncio ocupa o espaço, o tempo parou 
Um cansaço profundo cola o corpo à cama desarrumada
A noite de insónia e  incompreensão foi agitada, alvoraçada
Atravessado, destapado, desesperadamente desconsolado morre
Morrem os sonhos,  não lhe apetece levantar mais, está seco...









Começa a chuviscar, o som quebra o silêncio, parte-se o resto desse coração
Despedaçado, as lágrimas explodem num soluço libertador
O mundo deixou de ser o lugar para se estar, pensa em se suicidar
Levanta-se dum salto e procura na despensa uma corda, não encontra
Olha para o fogão e sente o sufoco suave do gás o libertando , o aliviando ...
Lembra-se do Pessoa ...








 

Se te queres matar, porque não te queres matar? 
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida, 
Se ousasse matar-me, também me mataria... 
Ah, se ousares, ousa! 
 ...
Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente! 
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém... 
Sem ti correrá tudo sem ti. 
Talvez seja pior para outros existires que matares-te... 
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...
...




                                                                                








Noutro lugar onde o sol resplandece , num quarto luminoso  o oposto
O sorriso  sai com ele porta fora para a vida , ao encontro das gentes
Caminhando pela rua  já vai cumprimentando todo mundo , passo largo, confiante
Irradia paz e cantarolando vai cumprir mais um dia de rotina
O cell toca e ela já lhe vai dizendo que o ama e o que o espera para beijar
Na esquina compra um antúrio vermelho, ansiosa ela acena do outro lado da rua ...











Lá onde o sol brilha os dois num banco de jardim são a razão de se viver
O antúrio pousado no colo , as mãos entrelaçadas , os olhos bebendo-se
Nada mais tem importância, a vontade de estar juntos , o prazer de viver
Ontem foi bom, hoje está a ser divino e amanhã nos teremos e isso basta !
A vida é maravilhosa, o amor é disso a prova e com ele tudo vale a pena
Recitam juntos  Vinicius...







Eu não sei, não sei dizer
Mas de repente essa alegria em mim
Alegria de viver
Que alegria de viver
E de ver tanta luz, tanto azul!
...
Coração, põe-te a cantar
Canta o poema da primavera em flor
É o amor, o amor chegou 
Chegou enfim
...







2 comentários:

  1. Tão bom morrer de amor e continuar vivendo.
    Mario Quintana

    beijo

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  2. Chega novamente o amor,
    e faz tudo lindo e vivo outra vez.

    Salve a poesia e o amor, sem os quais seríamos reles e mornos mortais.

    Beijos, Mickey.

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