domingo, 12 de fevereiro de 2012

fly angel, fly... - music by Whitney Houston












Linda, deusa, the true story of the fallen angel ...
Voa, voa linda, voa...

































sábado, 11 de fevereiro de 2012

Fenómeno - music by Nils






                            




Estas foto fabulosa digna das melhores não necessita de legenda mas é de tal forma bela que não resisti...

Os meus parabéns ao fotografo Jorge Campos pelo momentum...







O calor estava insuportável, o ar parado era quase palpável tal era o bafo em que 
estávamos mergulhados; era o segundo dia de temperaturas fora do normal e hoje especialmente estava demais e tudo fazia adivinhar o que veio a suceder...Vinda lá dos lados da Catembe, uma nuvem negra enorme e longitudinal aproximou-se rapidamente trazendo com ela trovões, relâmpagos, ventos e chuva tipo temporal ...




        











Sem pedir licença entrou por Maputo a dentro em pose de ciclone e arrancou, partiu, choveu,  uma tempestade de pouca dura, terrível mas sem maldade e como veio se foi, deixando os céus da Catembe se transformarem num por do sol alaranjado, magnífico...e a bonança chegou com frescura que ainda perdura ...
ouve-se ainda um ou outro rosnar, mas um rosnar de leão que se vai, insatisfeito...




quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Futuro - music by SBTRKT










Futuro, é,  hoje fui ver o meu neto Lucca a quem já não via há mais de uma semana...estava a dormir quando cheguei e dormiu tipo pedra que acabei almoçando, dormindo a sesta e indo embora sem que o príncipe acordasse...








Já no Massala ligou o meu filho Ruben a dizer que sua Excia Don Lucca tinha começado finalmente a andar...
Não resisti e ao fim da tarde voltei para ver o prodígio do menino, emoção a duplicar, a emoção de pai que já viveu esse momento e a de avô vivendo de novo e também vivendo a emoção  dos meus filhotes e da minha neta.
O futuro acontecia ali, no tempo real, o Lucca começando o seu trilhar sob o olhar extasiado dos pais, tios, avô e da felicíssima maninha Mina, lindoooooo !!!






Com ele chegarão as novas sonoridades, num mundo em que de certeza tentarei ser um espetador atento e deslumbrado, de bengala e aparelho na orelha, hehehe
                                   
Os SBTRKT, abreviando substract, banda de sonoridade do amanhã , um dos melhores álbuns de electronic de 2011, servem de banda sonora para essa maravilhosa histórinha do milagre da vida, da imensurável felicidade de ver os meus filhos deslumbrados com o  espetáculo do Lucca a andar, simplesmente...
Desculpem-me mas avô só tem razão de existir quando é avô babado..













http://en.wikipedia.org/wiki/SBTRKT

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Lua Cheia - music by Verve Remixed











A lua cheia ilumina a baía de Maputo e uma vibração inexplicável o cobre como um manto ...
O coração está nostálgico, triste, sem vontade de nada...
Quer neste momento só estar, nem pensar quer, apenas deixar que a influência da lua cheia se metamorfoseie e lhe traga outro sentir ...
A lua dos namorados não é hoje para ele ...
Hoje ela apenas ilumina seus desencantos, apenas o leva para onde não quer mais ir...
Vestida
de azul  num  véu diáfano , tinge a cidade descolorida  ...
O mar se azula surreal e as inconstâncias se manifestam, transbordam , o chão deixa de existir...
A lua cheia enorme avança e cobre todo horizonte, e tudo lhe passa pela cabeça,  a vida toda num ápice...
Oh lua, que sufoco é este que  estás a oferecer escondido por trás da tua beleza?







A noite é linda
ainda palpita no mar
a lua cheia a se esvair em luar
Vem, ó minha amada
e fica linda e sem véu
como essa lua no céu

Eu sou o mar

Ó meu amor, diz que sim
E vem pousar o teu luar sobre mim
Vem que todo dia
cada noite tem um fim
só para nos separar







Ai, minha amada

madrugada chegou
e a sua luz me diz que devo partir
Mas meu coração
não compreende a razão
de me arrancarem de ti

É tanta a mágoa

desta separação
que já meu corpo chora a falta do teu
Que esses cantos meus
são como prantos de adeus
por me arrancarem de ti

Vinicius de Moraes











sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Meu Herói Eduardo Mondlane



                                               20/06/1920 - 03/02/1969















Feriado longo, todo mundo usufruindo dos 3 dias, nas praias, de visita a outros lugares ou simplesmente curtindo o sossego da casa sem horários para cumprir, todos gozando o 3 de Fevereiro.

O dia em que se comemora a passagem dos 43 anos sobre o assassinato de Eduardo Chivambo Mondlane, o pai da pátria moçambicana !!
Este intelectual, self made man, professor de história e sociologia na Universidade de Syracuse, New York, investigador nas Nações Unidas, onde estudava as razões e os acontecimentos que estavam a levar os países africanos a lutar pela Independência.
Foi ele que uniu os movimentos que lutavam pela Independência de Moçambique e que em conjunto fundaram a Frente de Libertação de Moçambique, tendo sido ele nomeado o primeiro Presidente da Frelimo.
Foi assassinado por um encomenda bomba  e nunca se soube quem o matou.





    
                 









Eduardo Mondlane casou com uma cidadã americana com quem teve 3 filhos.

Esta curta biografia é suficiente para se perceber que ele era um homem com uma cultura, educação e uma formação acima da média.
Filho de um chefe tradicional, Mondlane estudou na missão presbiteriana suíça próxima de Manjacaze. Terminou os seus estudos secundários numa escola da mesma igreja na África do Sul e depois de uma curta passagem pela Universidade de Lisboa, foi financiado pelos suíços e foi estudar para os Estados Unidos onde se doutorou em sociologia.

Imaginar este líder a governar este País é um exercício lindo de se fazer.
Os valores, o conhecimento e a inteligência deste democrata nato nos teriam guiado na senda de um Moçambique sério, baseado no fundamento basilar por ele defendido, o de criar condições de vida dignas para os moçambicanos.
Teríamos um sistema de ensino para além do vulgar e ao fim destes 36 anos teríamos moçambicanos formados e com capacidade igual a qualquer cidadão formado nas grandes universidades deste mundo.



                             














A sua visão global, a sua experiência  de vida em várias capitais europeias, a sua permanência por longo tempo nos EUA  a exercer cargos importantes, fariam com que ele nos trouxe-se  ensinamentos  sobre a necessidade de seriedade, nos estudos, no trabalho, na sociedade, em casa e de certeza que hoje seríamos cidadãos dignos e orgulhosos da nossa pátria.
A ambição de ter uma educação e formação equiparada aos outros países era o foco principal, que não se concretizou e hoje somos este país de 3º mundo, corrupto, miserável, mendicante onde os malfeitores governam de forma impune.

Ele foi assassinado e esse propósito enterrado com ele. Tudo o que aconteceu depois desse ato cobarde já todos nós sabemos e continuamos a testemunhar diariamente o quão longe este país está da mística, da classe, do projeto  que envolve o nome deste líder africano único , com uma dimensão tão grande só comparável a de Mandela.
Lamento, mas devo dizer que não entendo porque não se fala, não se divulga a figura exemplar deste moçambicano saído de Manjacaze  que sonhou o seu país, iniciou e liderou a luta de libertação, lutou abnegadamente deixando para traz uma vida e uma carreira promissora nos EUA   e morreu lutando !!!!
Iniciei este post a descrever o feriado e termino dizendo que para a maioria deste povo este dia significa apenas 3 dias de descanso…
Memória curta e ingratidão a de quem governa e não exalta este herói maior e pobreza de formação e de cultura dum povo que não homenageia os seus heróis, não porque seja insensível, mas apenas porque não tem essa educação e porque tem outras prioridades, como por exemplo, a desesperada luta diária para sobreviver à vida dura que a Independência não aliviou nem um bocadinho.













quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

The Ladies and the Jazz
















Jazz  é o género musical donde brotaram tantos outros estilos...

Jazz é o lamento, é a sensibilidade é a loucura aliadas a uma improvisação melódica que marca o estilo único...
O bar cheio de fumo, o barulho dos copos e a banda tocando como que para si, esse Cotton Club eterno de nossas memórias...

O jazz não faz parte dos charts, nem é um estilo comercial pois ele é por demais superior a qualquer rotulo ou modismo, ele é eterno e sempre actual...





O Jazz nasceu directamente da cultura negra.  Nas viagens dos navios negreiros da África para os Estados Unidos, os negros que não morriam de doenças eram obrigados a dançar para manterem a saúde. As danças tradicionais dos senhores brancos eram as polcas, as valsas e as quadrilhas, e os negros imitavam-nos com o intuito de os ridicularizar, mas dançavam de acordo com a visão que tinham da cultura europeia, e misturando um pouco com as danças que conheciam. Dessa forma, surgiu a dança que era uma mistura da imitação dos ritmos europeus com os costumes naturais dos negros.






Em 1740, os tambores foram proibidos no sul dos Estados Unidos para evitar insurreições dos negros. Assim, para executar as suas danças, eles foram obrigados a improvisar com outras formas de som, como palmas, sapateado, e o banjo.
No início do século XX, as danças afro-americanas começaram a entrar para os salões, e a sofrer novas influências: do can-can e do charleston, principalmente. Logo, essa dança que se pode até chamar de “mista”, tomou conta dos palcos e da broadway, transformando-se na conhecida comédia musical. A comédia musical, por sua vez, não é nada mais que o segundo nome dado à dança mais conhecida como jazz...

http://bluelester.no.sapo.pt/jazz/historia.htm








quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Borboletar - music by Jamiroquai












A borboleta é considerada um símbolo de ligeireza e de inconstância, de transformação e de um novo começo.
A psicanálise moderna vê na borboleta um símbolo de renascimento.
No Japão a borboleta é um emblema da mulher, por ser graciosa e ligeira. A felicidade matrimonial é representada por duas borboletas (masculino e feminino). Essas imagens são muitas vezes utilizadas em casamentos. Também são vistas como espíritos viajantes que anunciam a morte de uma pessoa próxima quando aparecem. A metamorfose das borboletas é simbolizada como: a crisálida é o ovo que contém a potencialidade do ser; a borboleta que sai dele é um símbolo de ressurreição. Também pode ser vista como a saída do túmulo.
O termo grego psyche tinha dois significados originalmente. Um deles era alma e o outro borboleta, que simbolizava o espírito imortal. Na mitologia grega, a personificação da alma é representada por uma mulher com asas de borboleta. Segundo as crenças gregas populares, quando alguém morria, o espírito saia do corpo com uma forma de borboleta.
No mito do imortal jardineiro (Yuan-ko), sua bela esposa ensina o segredo dos bichos-da-seda, sendo ela própria, talvez, um bicho-da-seda.
No mundo sino-vietnamita a borboleta serve para exprimir um voto de longevidade ou é associada ao crisântemo pra simbolizar o outono.









Um conto irlandês chamado Corte de Etain simboliza a borboleta como a alma liberta de seu invólucro carnal, como na simbologia cristã. No conto o deus Miter se casa pela segunda vez com uma deusa chamada Etain, e por ciúmes, sua primeira esposa, transforma-a em uma poça de água. Após algum tempo, a poça dá vida a uma lagarta que se transforma em uma linda borboleta. Mider e Engus (filho de Dagda) recolhem a lagarta e a protegem. "E essa lagarta se torna em seguida uma borboleta púrpura.(...) era a mais bela que já ouve no mundo. O som de sua voz e o bater de suas asas eram mais doces que as gaitas de foles, as harpas e os cornos. Seus olhos brilhavam como pedras preciosas na obscuridade. Seu odor e seu perfume faziam passar a fome e a sede a quem quer que estivesse cerca dela. As gotículas que ela lançava de suas asas curavam todo o mal, toda doença e toda peste na casa daquele de quem ela se aproximava. O simbolismo é o da borboleta, o da alma liberta de seu invólucro carnal, como na simbologia cristã, e transformada em benfeitora e bem-aventurada."
Os astecas consideram a borboleta como um símbolo da alma, ou o sopro vital que escapa da boca de quem está morrendo.







Os balubas no Zaire central também simbolizam a borboleta como a alma. Eles dizem que o homem segue o ciclo da borboleta desde sua nascença até sua morte. O homem na infância é comparado a uma pequena lagarta e na maturidade, uma grande lagarta. Conforme vai envelhecendo, ele vai se transformando em uma crisálida. O seu túmulo seria associado ao casulo, de onde a alma sairá sob a forma de uma borboleta.
Os iranianos acreditam que os defuntos podem aparecer sobre a forma de uma mariposa.
Para os mexicanos, os guerreiros mortos acompanham o Sol na primeira metade do seu curto visível, até o meio-dia. Depois os guerreiros descem à terra sob a forma de borboletas ou colibris. Essa associação se deve ao fato da analogia da borboleta com a chama. O deus do fogo asteca (HUEHUETEOTL) levava como emblema um peitoral chamado borboleta de obsidiana. Também é o símbolo do sol negro, pois atravessa o mundo subterrâneo durante seu curso. É o fogo oculto, ligado à noção de sacrifício, morte e ressurreição.

http://www.dicionariodesimbolos.com.br/searchController.do?hidArtigo=10D3998FD6EBD7575E722E63A61CA679







Conta-se que, quando as tropas aliadas invadiram os campos de concentração na Alemanha e Polónia, encontraram algo que lhes chamou a atenção, nos barracões designados às crianças. A Dra. também pesquisou nos campos,dando essa significação espiritualista para as borboletas. Nesses diferentes campos de concentração havia, por todas as paredes, nos barracões onde essas crianças passaram sua última noite, desenhos de borboletas. Eram desenhos arranhados à unha, feitos com pedras ou pedaços de tijolos.






Essas crianças, em meio à miséria, fome e dor, apartados de seus afetos, conseguem nos dar a explicação maior da vida. As borboletas que desenhavam era aquilo que intuitivamente percebiam ser a morte: a liberdade de um casulo pesado.
Ao morrer, somos todos borboletas a sair de seu próprio casulo, para conseguir alçar voos maiores.
No enterro, apenas o casulo permanece encerrado no cofre fúnebre enquanto a alma, a borboleta, tem a possibilidade de, liberada, alçar voos em céus de liberdade e de felicidade.

  (com a devida vénia
          Regina Rozenbaum)





sábado, 28 de janeiro de 2012

Músicas terríveis !!











Sábado, a noite entrando com boa música e mais uma vez, esgravatando pedaços empoeirados..
Uma caixa com mais de 100 cd´s e muitos anos de coleção; analisei  um por um...
lixo, dar ou  ficar com aqueles mais difíceis de deixar ir... mesmo sabendo que talvez não os oiça mais... 
Fiz algumas pastas no iTunes com montes de  pérolas esquecidas, estive no meu elemento, diverti-me
...








Uáu!
Aquela batida que agitava a  noite
de Maputo, a long, long time...









                                                   









lindoooo, lindooooo, super som, sweet, cool !!
a boa música não se desfaz...é só esfregar um pouquinho um trapo de flanela e as estrelinhas brilham misturadas com a nuvem de pó...






... I should rare my way back home right now (I'm gonna gave her everything I got) I can't stand the way she broke my heart (No I can't stand the way you broke my heart) , lalalalalallallalala
bom, para terminar esta viajem ao passado e para fechar em grande nada como este family affair que é intemporal, é um tema para ninguém ficar matreco, o corpo vibra e vamos dançar....
Bom sábado  !!!!




Adele - 21











Adele é mais uma das Divas sagradas do tempo presente.
Depois do sucesso estrondoso de 19, Adele lançou há cerca de um ano este trabalho e definitivamente afirmou-se como uma das maiores estrelas pop da atualidade..
Simplesmente fabulosa, voz e arranjos  do outro mundo







Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.




                                      





Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado.
Há um divórcio e uma violação
Porque hoje é sábado.
Há um homem rico que se mata
Porque hoje é sábado.
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado.
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado.
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado.
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado.
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado.
Há um grande espírito de porco
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado.
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado.
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado.
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado.
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado.
Há um tensão inusitada
Porque hoje é sábado.









Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado.
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado.
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado.
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado.
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado.
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado.
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado.
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado.
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado.
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado.
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado.
Há um frenesim de dar banana
Porque hoje é sábado.
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado.
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado.
Há a comemoração fantástica
Porque hoje é sábado.
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado.
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado.
Há a perspetiva do domingo
Porque hoje é sábado.








Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens, ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal dona do abismo, que queres como as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez polos infinitamente pequenos de partículas cósmicas em queda invisível na terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda e missa de sétimo dia,
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, frequentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.

Vinícius de Moraes


para fechar este tema do álbum 19, curtam...






http://pt.wikipedia.org/wiki/Adele_%28cantora%29

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Papéis velhos - music by Angie Stone







Entretido a vasculhar papeis amarelados e a cheirar a mais de vinte anos , vou a relendo coisas que escrevi  ao longo da vida, vivida...
Resolvi parar a febre do Massala e vir para casa mais cedo.
Como estou com saudades de blogar e não estou com felling  para inventar , vou dar vida a estes escritos esquecidos pelo tempo..









Sob o manto ténue da fragilidade se aninha a alma sofrendo
a dor que agrafa, garra laminada,  corpo prostrado do ser ignorante e surpreso
ele estranha a compreensão comum e  questiona

" Dobra-te homem fraco ! "
Ordena-te assim a vontade impercetível
e o sol e a beleza de descoloram em cinzentos
de tempestade a estoirar!





Ali o cão vadio geme, sinistro som na cidade parada
na calada da noite do desespero
O Buddha abdicou e mendigou
senhor apenas da sua malga de barro de restos e centavos

A alma ardendo, penitência humana, sabia que assim tinha de ser
para poder continuar
Aquela flor viva, noitívaga e cacimbada
dispara setas de cor e frescura , e a tua alma se regozija








Angie Stone é uma das Divas do r&b que mais amo.
Companhia fiel e apaziguadora de emoções e alvoroços da alma já há muitos anos...
O álbum " Mahogany Soul " é a sua obra prima...já aqui postado.



terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Massala Bar - Thievery Corporation







O Massala Bar rouba-me o tempo todo e agora que estou na recta final, acabamentos, decoração, luzes, etc quando chego a casa durmo de imediato...
Já tenho saudades de ter tempo para pesquisar e elaborar meus post seguindo o felling..
O meu filho Ruben fez o logo, gostam ?
A borboleta que é a piece of art está quase feita e os meus dedos doridos, quando estiver pronta mostro...




                                                                                           







domingo, 22 de janeiro de 2012

Seal - Soul 2










Gosto do Seal e este Soul 2 é bem classy, adapta-se ao domingo soalheiro, igual a tantos outros.
As vozes dos putos lá fora na brincadeira, chilreando alegremente no intervalo das músicas, o som médio alto, relaxando, chillando, existindo com paz e prazer...
Estava a ler  o post da Regina que adorei ...
vou colocar este pedaço cru !!!










...

Com o tempo, aprendemos a culturar nossos espaços externos e internos. É maravilhoso olhar para seu apartamento, mesmo que ele não seja próprio, e sentir que ele é uma extensão de você. Que à sua volta estão as suas escolhas, as coisas que você ama, um pouco da sua alma. Que você não só pode como deseja ficar em casa num sábado à noite, absolutamente incluída, com seu livro, filme, fotos, música, vinho.



          



Não precisamos mais que o outro nos diga que somos o melhor. Não precisamos mais de aplausos, nem nos sentirmos tão amados e muito menos buscar essa segurança que vem de fora. A cada dia ficamos mais assim tôdentro. Aprendemos o pulo-do-gato.
http://divadaregina.blogspot.com/






...o caminho para chegar a esse estágio não é fácil , nem é de curto prazo, é penoso e de muitas hesitações, temos que ser perseverantes e ter a certeza absoluta do que não queremos......
eu ainda vou pelos trilhos meio pedregosos,ufffff ...







quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ash - O rei da praia de Vilankulo


















Meu grande companheiro, confidente, amigo, filho, sei que como tu não vai aparecer mais nenhum...tu falavas sem palavras...
A minha angústia de há dois dias era uma premonição , contigo vai uma grande parte de mim de nós todos...
Eras da cor da areia da praia, os pescadores já te conheciam e apesar da tua imponência não fazias mal a ninguém, viveste livre e feliz, sabia que não te veria mais mas não esperava que fosses tão cedo.
Tu nadavas como ninguém, corrias atrás das gaivotas feito louco, ficavas horas a tentar apanhar os peixinhos nas piscininhas, eras alegre, comilão roubavas os pratos dos teus brothers,ahahaha
Quando eu ficava triste eras tu que me lambias a cara me confortando e limpando as lágrimas, quantas vezes não ias ao meu quarto e depois de veres que eu ainda dormia, deitavas-te e dormias aos meus pés..
Vilankulo sem ti para mim não faz mais sentido, eras o último laço que me ligava ...
Descansa em paz meu fiel amigo, jamais te esquecerei...
Não consigo parar de chorar....puta merda !!!!




                              




                                     



Ah se o meu cachorro soubesse falar
eu passaria horas com ele a conversar sobre a minha vida,
e ele,com toda paciencia,ficaria a me escutar,
e depois,num gesto amigo,me lamberia.

As noites de insônia não me atormentariam jamais,
pois discutiríamos sobre a beleza das estrelas no céu,
e outras cousas que não me recordo mais.
Não me importaria se fosse ele grande ou pequenino,
desde que dividisse um pouco de si comigo,
contando-me histórias sobre o universo canino.
E ao amanhecer,todo contente me falaria,
que melhor dono no mundo não existiria!

Além de falante o meu cão seria zen.
Teria sempre alguma palavra sábia a dizer,
que contaria a mim e a mais ninguém!
Não que fosse ele egoísta,ou quisesse algo esconder,
mas apenas em mim o animal confiaria.

Ao fitar seus olhos envolventes
eu de todo me entregaria,
numa cumplicidade sem igual,jamais vista anteriormente.
E a cada sílaba proferida,eu cada vez mais me orgulharia,
do cão meu tão singular,
que pelo resto da vida me amaria.

Ah se o meu cachorro soubesse falar,
se acabaria,enfim,a minha melancolia.
Ah,se ao menos um cão pudesse me amar.

( autor desconhecido)

O Ash foi tudo isto !!!






                                     



















terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Amy Winehouse - Lioness: Hidden Treasures















Falar de Amy  Winehouse  é  sempre motivo de agradecimento, agradecimento pela música que ela trouxe para as nossas vidas e mesmo  depois de se ter adiantado ainda nos vai oferecendo...
Sou fã desde a primeira hora e este álbum é como se ela nos tivesse deixado prendas para a posteridade, para irmos desembrulhando carinhosamente...
Este 1º vídeo conta a história deste álbum póstumo...













                               











                                      












                                                 










Love you Amy !!!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Angústia - música da alma










Somos como yo-yo's, agora bem para cima e daqui a pouco lá no fundo...
Os mantras com que treinamos nosso espírito, a tranquilidade conseguida, a consciência do que se não quer, a vontade ferina de buscar momentos felizes  nada valem, quando ela chega e se instala, o peso do chumbo caí sobre o infeliz ...
Mais uma viajem nos túneis escuros do não acreditar mais, as silhuetas dos que desistiram tremeluzem em paredes transparentes te desafiando , a vontade de cagar para tudo bate com o cajado na minha porta, e hesito,  devo abrir ou devo-me esconder ??
Cozinho em lume brando essa interrogação em prantos:
Porquê que tem sempre de voltar sem ser chamada ???
Whatever, esteve o dia todo a chover com força e acho que paira pelo éter uma carga estática muito negativa, tomara que amanhã o dia nasça solarengo...









Súbita, uma angústia...
Ah, que angústia, que náusea do estômago à alma!
Que amigos que tenho tido!
Que vazias de tudo as cidades que tenho percorrido!
Que esterco metafísico os meus propósitos todos!

Uma angústia,
Uma desconsolação da epiderme da alma,
Um deixar cair os braços ao sol-pôr do esforço...
Renego.
Renego tudo.
Renego mais do que tudo.
Renego a gládio e fim todos os Deuses e a negação deles.
Mas o que é que me falta, que o sinto faltar-me no estômago e na
circulação do sangue?
Que atordoamento vazio me esfalfa no cérebro?

Devo tomar qualquer coisa ou suicidar-me?
Não: vou existir. Arre! Vou existir.
E-xis-tir...
E--xis--tir ...

Meu Deus! Que budismo me esfria no sangue!
Renunciar de portas todas abertas,
Perante a paisagem todas as paisagens,

Sem esperança, em liberdade,
Sem nexo,
Acidente da inconsequência da superfície das coisas,
Monótono mas dorminhoco,
E que brisas quando as portas e as janelas estão todas abertas!
Que verão agradável dos outros!

Dêem-me de beber, que não tenho sede!


Álvaro de Campos









Quando o cinzento céu, como pesada tampa,
Carrega sobre nós, e nossa alma atormenta,
E a sua fria cor sobre a terra se estampa,
O dia transformado em noite pardacenta;

Quando se muda a terra em húmida enxovia
D'onde a Esperança, qual morcego espavorido,
Foge, roçando ao muro a sua asa sombria,
Com a cabeça a dar no tecto apodrecido;

Quando a chuva, caindo a cântaros, parece
D'uma prisão enorme os sinistros varões,
E em nossa mente em febre a aranha fia e tece,
Com paciente labor, fantásticas visões,

- Ouve-se o bimbalhar dos sinos retumbantes,
Lançando para os céus um brado furibundo,
Como os doridos ais de espíritos errantes
Que a chorar e a carpir se arrastam pelo mundo;

Soturnos funerais deslizam tristemente
Em minh'alma sombria. A sucumbida Esp'rança,
Lamenta-se, chorando; e a Angústia, cruelmente,
Seu negro pavilhão sobre os meus ombros lança!


Charles Baudelaire






Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!

E não se quer pensar! ... e o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós ...
Querer apagar no céu – ó sonho atroz! –
O brilho duma estrela, com o vento! ...

E não se apaga, não ... nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga ...
Vem sempre perguntando: “O que te resta? ...”

Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta!


Florbela Espanca








domingo, 15 de janeiro de 2012

Michael Kiwanuka - Home Again

















Este senhor vai dar que falar nos próximos tempos, habituem-se a sua extraordinária originalidade .
Premiado pela BBC com o galardão " Sound of  2012, é mais uma das belas novidades para este ano
.
Lançou em 2011 o seu álbum debut " Home Again " que é uma obra prima...
Maravilha para um domingo fim de tarde, soft, muito cool...




























http://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Kiwanuka

saturday night fly... - music, just music







Grande banda , grande som os percursores de muito daquilo que se faz na dance music,beat !!!
Heavy fellings tonight !!!









outro grande génio, extraterrestre ,tssss tssss tssss tss









a noite já vai alta em Maputo, as teclas olham para mim meio adormecidas, mas eu nao desisto e vou com a minha ganza atrás das emoções, flying....









this is my beat...freaky felling, just like that !!
a vida é tão nice e nós acabamos nos enredando em shitttttt.....











...ahmmmm, bom vou baixar o beat e relaxar para dormir...de manhã vou fazer a minha borboleta de ladrilhos no Massala Bar, byeeee








Ah... não pensem que eu não estou aqui...estou sim e de verdade, estou como a montanha, sólido e seguro...em relação ao  que não quero claro !!!
o resto, os Orixás, os Xicuembos, Buddha, o Inominável, o Perfeito Indescritível , whatever you can call Him ,me levará...




sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Massala - música da minha terra











Contactei a jornalista Paola Rolleta que foi quem fez este trabalho maravilhoso e pedi-lhe se o podia usar.
Ela  deixou-me usá-lo.
Misturei  vozes que cantam a verdadeira cultura moçambicana à massala e acho que vocês vão gostar deste cocktail daqui do Sul da África .
Estou feliz ...
Just like that !!!



      





Era uma vez uma longa estrada na parte Oriental de África, para o Sul, cheia de massaleiras. Era a estrada do maná, o alimento vindo dos céus. Na realidade, trata-se de uma longa rota dos elefantes que se alimentavam das massalas. E aqui surge a parte curiosa da história: é dificílimo plantar uma massaleira, pois esta requer condições muito próprias de humidade e calor. Quando o elefante defeca, os caroços da massala vão envolvidos no ambiente húmido necessário para fazer desabrochar a massaleira,criando-se assim um ciclo contínuo: a massaleira alimenta os elefantese estes são os únicos que fazem nascer massaleiras. O maná seria o frutodos céus oferecido pelos deuses, único alimento nessa rota de emigração. Li esta história fascinante num blogue da internet.
Porquê massala? Aí está outra parte curiosa. Vendem-se massalas ocas,coloridas, nas feiras e nas lojas de artesanato, como elementos decorativos.
E está muito na moda, nas casas bem de Moçambique, decorar as mesas também com frutos silvestres. Mas quando se pergunta acerca deles, poucas pessoas sabem responder. Resta a internet para pesquisar. Mas, depois, é preciso fazer um controlo das informações porque há muita coisa demasiado exótica por aí. Li, por exemplo, que as gochas, o instrumento idiófono, tipo chocalho de mão, feito com massalas e sementes, eram utilizadas antigamente para “expulsar os espíritos maus” das mentes dos doentes. Fui falar com o Malangatana acerca disso. “Sempre convivi com curandeiros, na minha família, mas nunca vi usar as massalas para esses fins”.





    





É sempre preciso cruzar fontes para averiguar as informações. Por isso é urgente fazerem-se estudos sobre os frutos silvestres para não se perder o conhecimento tradicional, como me disse Mário Calane, professor de ecologiana Universidade Eduardo Mondlane. “Há plantas que só são procurada em tempo de escassez alimentar. São variedades muito mais adaptadas ao meio onde vivem e podem resistir melhor às mudanças climáticas que já estão de facto a surgir! No campo usam-na, mas os citadinos esqueceram este conhecimento tradicional, que é muito rico e que pode vir a desaparecer se as pessoas do campo forem urbanizadas também. Devemos conservar esse conhecimento tradicional não só para o bem de Moçambique mas para toda a humanidade. São justamente aquelas às quais deviam dar um cuidado muito especial porque são as plantas do futuro!”.
E “fruto do futuro” é justamente o título de um artigo que encontrei acercada massala, a Strychnos spinosa, aquele fruto redondo, como uma laranja,cujo aroma e sabor são extraordinariamente deliciosos. Uma mistura de banana com ananás, com uma pitada de baunilha e um toque de canela!
O artigo realça as qualidades fantásticas da massala: alto valor nutricional, benéfica para o ambiente, fonte de rendimento.





     




 

É também chamada “laranja dos macacos”. A polpa é rica em proteínas, fósforo, magnésio, potássio e tem também uma quantidade moderada de vitaminas B e C. Está presente em toda a África Austral, sendo uma árvore de múltiplos usos. Com a polpa, faz-se sumo, compotas, papas (se misturadas com cereais como fazem em Madagáscar), e uma grande variedade de bebidas que, se deixadas a fermentar, são bem alcoólicas. Se misturada com mel, cura a tosse. É muito sumarenta e é por isso que é muito apetecida,
sobretudo em tempos de seca. Tradicionalmente não se podem arrancar da árvore. Abana-se a árvore e cai, ou, quando está madura, cai por si. A madeira da massaleira é considerada sagrada por algumas comunidades,pela sua beleza e utilidade. Fazem dela bengalas e cajados. A casca seca do fruto faz o som das marimbas, um instrumento tradicional africano que é hoje património universal proclamado pela UNESCO.




                                             




Muitas das informações sobre as propriedades da massala provêm de Israel porque para lá foi transplantada, como um dos novos frutos para climas áridos, um dos frutos do futuro!
A massala deu-se muito bem por aquelas bandas. Muitas das terras cultiváveis têm sido parceladas e urbanizadas. É por isso que procuram outras variedades para consumo humano que se dêm bem em terrenos áridos.
Fizeram testes organolépticos, perguntando às pessoas para compararem a massala com outros frutos mais familiares. As respostas mais comuns foram laranja, banana, alperce e todas as combinações possíveis entre eles todos. O fruto tem um aroma delicado, de cravinho, provavelmente a causado eugenol, o óleo essencial do cravo. Estão a estudar vários produtos a desenvolver, como sumos e rolos de polpa seca.
Existe, entre nós, também um outro tipo de massala, que se chama macuácua,e nome científico Strychnos madagascariensis. Não é tão saborosa como a massala, mas tem um uso muito peculiar. Uma vez tirada a polpa,posta ao sol a secar, retirados os caroços, é pilada para ser conservada em potes durante anos. É a mfuma, como é chamada no Sul de Moçambique.
Em tempos de fome é o único alimento. “Come-se um pouco de mfuma, bebe-se um copo de água, e assim se pode aguentar um dia de trabalho na machamba”, disse-nos Atália, uma senhora de Inhambane, hoje a viver em Ricatla, nos arredores de Maputo.
“Em tempos de fome, o conhecimento tradicional vem ao de cima. Essas plantas eram parte dos alimentos da população nos tempos antigos, antes da introdução de outras espécies de culturas”, diz Mário Calane.









Dona Atália recorda como o pai lhe recomendava que não comesse as sementes da macuácua. Mário Calane explica: “As pessoas do campo não conhecem a explicação científica, mas sabem que as sementes podem dar problemas sérios. As sementes e a casca dessas plantas contêm um alcaloide, a estricnina. O mesmo que acontece com um certo tipo de mandioca”. E sabemos que a estricnina é considerada um estimulante em pequenas doses, mas venenosa e mortal em altas doses. Será que por isso não se pode comer massala depois de uma queimada? Por isso é urgente ir para o campo,recolher informações e ir também para o laboratório. “Esse conhecimento ainda existe. Os anciãos ainda estão lá. É nossa obrigação ir ter com essas comunidades, buscar este conhecimento e publicar em livros. Isso, estamos a fazer. Mas é obrigatório fazermos análises de laboratório para ver as propriedades nutritivas e dar a conhecer a toda a gente. Para isso é preciso tempo e … vontade política”.

Paola Rolleta