terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Amy Winehouse - Lioness: Hidden Treasures















Falar de Amy  Winehouse  é  sempre motivo de agradecimento, agradecimento pela música que ela trouxe para as nossas vidas e mesmo  depois de se ter adiantado ainda nos vai oferecendo...
Sou fã desde a primeira hora e este álbum é como se ela nos tivesse deixado prendas para a posteridade, para irmos desembrulhando carinhosamente...
Este 1º vídeo conta a história deste álbum póstumo...













                               











                                      












                                                 










Love you Amy !!!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Angústia - música da alma










Somos como yo-yo's, agora bem para cima e daqui a pouco lá no fundo...
Os mantras com que treinamos nosso espírito, a tranquilidade conseguida, a consciência do que se não quer, a vontade ferina de buscar momentos felizes  nada valem, quando ela chega e se instala, o peso do chumbo caí sobre o infeliz ...
Mais uma viajem nos túneis escuros do não acreditar mais, as silhuetas dos que desistiram tremeluzem em paredes transparentes te desafiando , a vontade de cagar para tudo bate com o cajado na minha porta, e hesito,  devo abrir ou devo-me esconder ??
Cozinho em lume brando essa interrogação em prantos:
Porquê que tem sempre de voltar sem ser chamada ???
Whatever, esteve o dia todo a chover com força e acho que paira pelo éter uma carga estática muito negativa, tomara que amanhã o dia nasça solarengo...









Súbita, uma angústia...
Ah, que angústia, que náusea do estômago à alma!
Que amigos que tenho tido!
Que vazias de tudo as cidades que tenho percorrido!
Que esterco metafísico os meus propósitos todos!

Uma angústia,
Uma desconsolação da epiderme da alma,
Um deixar cair os braços ao sol-pôr do esforço...
Renego.
Renego tudo.
Renego mais do que tudo.
Renego a gládio e fim todos os Deuses e a negação deles.
Mas o que é que me falta, que o sinto faltar-me no estômago e na
circulação do sangue?
Que atordoamento vazio me esfalfa no cérebro?

Devo tomar qualquer coisa ou suicidar-me?
Não: vou existir. Arre! Vou existir.
E-xis-tir...
E--xis--tir ...

Meu Deus! Que budismo me esfria no sangue!
Renunciar de portas todas abertas,
Perante a paisagem todas as paisagens,

Sem esperança, em liberdade,
Sem nexo,
Acidente da inconsequência da superfície das coisas,
Monótono mas dorminhoco,
E que brisas quando as portas e as janelas estão todas abertas!
Que verão agradável dos outros!

Dêem-me de beber, que não tenho sede!


Álvaro de Campos









Quando o cinzento céu, como pesada tampa,
Carrega sobre nós, e nossa alma atormenta,
E a sua fria cor sobre a terra se estampa,
O dia transformado em noite pardacenta;

Quando se muda a terra em húmida enxovia
D'onde a Esperança, qual morcego espavorido,
Foge, roçando ao muro a sua asa sombria,
Com a cabeça a dar no tecto apodrecido;

Quando a chuva, caindo a cântaros, parece
D'uma prisão enorme os sinistros varões,
E em nossa mente em febre a aranha fia e tece,
Com paciente labor, fantásticas visões,

- Ouve-se o bimbalhar dos sinos retumbantes,
Lançando para os céus um brado furibundo,
Como os doridos ais de espíritos errantes
Que a chorar e a carpir se arrastam pelo mundo;

Soturnos funerais deslizam tristemente
Em minh'alma sombria. A sucumbida Esp'rança,
Lamenta-se, chorando; e a Angústia, cruelmente,
Seu negro pavilhão sobre os meus ombros lança!


Charles Baudelaire






Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!

E não se quer pensar! ... e o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós ...
Querer apagar no céu – ó sonho atroz! –
O brilho duma estrela, com o vento! ...

E não se apaga, não ... nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga ...
Vem sempre perguntando: “O que te resta? ...”

Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta!


Florbela Espanca








domingo, 15 de janeiro de 2012

Michael Kiwanuka - Home Again

















Este senhor vai dar que falar nos próximos tempos, habituem-se a sua extraordinária originalidade .
Premiado pela BBC com o galardão " Sound of  2012, é mais uma das belas novidades para este ano
.
Lançou em 2011 o seu álbum debut " Home Again " que é uma obra prima...
Maravilha para um domingo fim de tarde, soft, muito cool...




























http://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Kiwanuka

saturday night fly... - music, just music







Grande banda , grande som os percursores de muito daquilo que se faz na dance music,beat !!!
Heavy fellings tonight !!!









outro grande génio, extraterrestre ,tssss tssss tssss tss









a noite já vai alta em Maputo, as teclas olham para mim meio adormecidas, mas eu nao desisto e vou com a minha ganza atrás das emoções, flying....









this is my beat...freaky felling, just like that !!
a vida é tão nice e nós acabamos nos enredando em shitttttt.....











...ahmmmm, bom vou baixar o beat e relaxar para dormir...de manhã vou fazer a minha borboleta de ladrilhos no Massala Bar, byeeee








Ah... não pensem que eu não estou aqui...estou sim e de verdade, estou como a montanha, sólido e seguro...em relação ao  que não quero claro !!!
o resto, os Orixás, os Xicuembos, Buddha, o Inominável, o Perfeito Indescritível , whatever you can call Him ,me levará...




sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Massala - música da minha terra











Contactei a jornalista Paola Rolleta que foi quem fez este trabalho maravilhoso e pedi-lhe se o podia usar.
Ela  deixou-me usá-lo.
Misturei  vozes que cantam a verdadeira cultura moçambicana à massala e acho que vocês vão gostar deste cocktail daqui do Sul da África .
Estou feliz ...
Just like that !!!



      





Era uma vez uma longa estrada na parte Oriental de África, para o Sul, cheia de massaleiras. Era a estrada do maná, o alimento vindo dos céus. Na realidade, trata-se de uma longa rota dos elefantes que se alimentavam das massalas. E aqui surge a parte curiosa da história: é dificílimo plantar uma massaleira, pois esta requer condições muito próprias de humidade e calor. Quando o elefante defeca, os caroços da massala vão envolvidos no ambiente húmido necessário para fazer desabrochar a massaleira,criando-se assim um ciclo contínuo: a massaleira alimenta os elefantese estes são os únicos que fazem nascer massaleiras. O maná seria o frutodos céus oferecido pelos deuses, único alimento nessa rota de emigração. Li esta história fascinante num blogue da internet.
Porquê massala? Aí está outra parte curiosa. Vendem-se massalas ocas,coloridas, nas feiras e nas lojas de artesanato, como elementos decorativos.
E está muito na moda, nas casas bem de Moçambique, decorar as mesas também com frutos silvestres. Mas quando se pergunta acerca deles, poucas pessoas sabem responder. Resta a internet para pesquisar. Mas, depois, é preciso fazer um controlo das informações porque há muita coisa demasiado exótica por aí. Li, por exemplo, que as gochas, o instrumento idiófono, tipo chocalho de mão, feito com massalas e sementes, eram utilizadas antigamente para “expulsar os espíritos maus” das mentes dos doentes. Fui falar com o Malangatana acerca disso. “Sempre convivi com curandeiros, na minha família, mas nunca vi usar as massalas para esses fins”.





    





É sempre preciso cruzar fontes para averiguar as informações. Por isso é urgente fazerem-se estudos sobre os frutos silvestres para não se perder o conhecimento tradicional, como me disse Mário Calane, professor de ecologiana Universidade Eduardo Mondlane. “Há plantas que só são procurada em tempo de escassez alimentar. São variedades muito mais adaptadas ao meio onde vivem e podem resistir melhor às mudanças climáticas que já estão de facto a surgir! No campo usam-na, mas os citadinos esqueceram este conhecimento tradicional, que é muito rico e que pode vir a desaparecer se as pessoas do campo forem urbanizadas também. Devemos conservar esse conhecimento tradicional não só para o bem de Moçambique mas para toda a humanidade. São justamente aquelas às quais deviam dar um cuidado muito especial porque são as plantas do futuro!”.
E “fruto do futuro” é justamente o título de um artigo que encontrei acercada massala, a Strychnos spinosa, aquele fruto redondo, como uma laranja,cujo aroma e sabor são extraordinariamente deliciosos. Uma mistura de banana com ananás, com uma pitada de baunilha e um toque de canela!
O artigo realça as qualidades fantásticas da massala: alto valor nutricional, benéfica para o ambiente, fonte de rendimento.





     




 

É também chamada “laranja dos macacos”. A polpa é rica em proteínas, fósforo, magnésio, potássio e tem também uma quantidade moderada de vitaminas B e C. Está presente em toda a África Austral, sendo uma árvore de múltiplos usos. Com a polpa, faz-se sumo, compotas, papas (se misturadas com cereais como fazem em Madagáscar), e uma grande variedade de bebidas que, se deixadas a fermentar, são bem alcoólicas. Se misturada com mel, cura a tosse. É muito sumarenta e é por isso que é muito apetecida,
sobretudo em tempos de seca. Tradicionalmente não se podem arrancar da árvore. Abana-se a árvore e cai, ou, quando está madura, cai por si. A madeira da massaleira é considerada sagrada por algumas comunidades,pela sua beleza e utilidade. Fazem dela bengalas e cajados. A casca seca do fruto faz o som das marimbas, um instrumento tradicional africano que é hoje património universal proclamado pela UNESCO.




                                             




Muitas das informações sobre as propriedades da massala provêm de Israel porque para lá foi transplantada, como um dos novos frutos para climas áridos, um dos frutos do futuro!
A massala deu-se muito bem por aquelas bandas. Muitas das terras cultiváveis têm sido parceladas e urbanizadas. É por isso que procuram outras variedades para consumo humano que se dêm bem em terrenos áridos.
Fizeram testes organolépticos, perguntando às pessoas para compararem a massala com outros frutos mais familiares. As respostas mais comuns foram laranja, banana, alperce e todas as combinações possíveis entre eles todos. O fruto tem um aroma delicado, de cravinho, provavelmente a causado eugenol, o óleo essencial do cravo. Estão a estudar vários produtos a desenvolver, como sumos e rolos de polpa seca.
Existe, entre nós, também um outro tipo de massala, que se chama macuácua,e nome científico Strychnos madagascariensis. Não é tão saborosa como a massala, mas tem um uso muito peculiar. Uma vez tirada a polpa,posta ao sol a secar, retirados os caroços, é pilada para ser conservada em potes durante anos. É a mfuma, como é chamada no Sul de Moçambique.
Em tempos de fome é o único alimento. “Come-se um pouco de mfuma, bebe-se um copo de água, e assim se pode aguentar um dia de trabalho na machamba”, disse-nos Atália, uma senhora de Inhambane, hoje a viver em Ricatla, nos arredores de Maputo.
“Em tempos de fome, o conhecimento tradicional vem ao de cima. Essas plantas eram parte dos alimentos da população nos tempos antigos, antes da introdução de outras espécies de culturas”, diz Mário Calane.









Dona Atália recorda como o pai lhe recomendava que não comesse as sementes da macuácua. Mário Calane explica: “As pessoas do campo não conhecem a explicação científica, mas sabem que as sementes podem dar problemas sérios. As sementes e a casca dessas plantas contêm um alcaloide, a estricnina. O mesmo que acontece com um certo tipo de mandioca”. E sabemos que a estricnina é considerada um estimulante em pequenas doses, mas venenosa e mortal em altas doses. Será que por isso não se pode comer massala depois de uma queimada? Por isso é urgente ir para o campo,recolher informações e ir também para o laboratório. “Esse conhecimento ainda existe. Os anciãos ainda estão lá. É nossa obrigação ir ter com essas comunidades, buscar este conhecimento e publicar em livros. Isso, estamos a fazer. Mas é obrigatório fazermos análises de laboratório para ver as propriedades nutritivas e dar a conhecer a toda a gente. Para isso é preciso tempo e … vontade política”.

Paola Rolleta



     


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Temptation - Erykah Badú












Estava a ver fotografias e deparei-me com esta, vi a tentação retratada, o apelo primevo ...
Tentação é um  querer focado , podemo-nos referir a diversas tentações, mas é na tentação da carne que a palavra supera qualquer outra tentação...
Ai ela vislumbra o prazer dividido, não é solitária como na  tentação pela comida, na tentação por comprar, ela aqui é visceral, quente, sufocante ...
Falo da tentação do ser livre, não dos que não o sendo confundem a tentação com o desejo pelo fruto proibido...

Falo do lado  lascivo da palavra tentação...











Acredito que se um homem vivesse a sua vida plenamente, desse forma a cada sentimento, expessão a cada pensamento, realidade a cada sonho, acredito que o mundo beneficiaria de um novo impulso de energia tão intenso que esqueceríamos todas as doenças da época medieval e regressaríamos ao ideal helénico, possivelmente até a algo mais depurado e mais rico do que o ideal helénico.
Mas o mais corajoso homem entre nós tem medo de si próprio.
A mutilação do selvagem sobrevive tragicamente na autonegação que nos corrompe a vida.
Somos castigados pelas nossas renúncias. Cada impulso que tentamos estrangular germina no cérebro e envenena-nos. O corpo peca uma vez, e acaba com o pecado, porque a acção é um modo de expurgação. Nada mais permanece do que a lembrança de um prazer, ou o luxo de um remorso.
A única maneira de nos livrarmos de uma tentação é cedermos-lhe. Se lhe resistirmos, a nossa alma adoece com o anseio das coisas que se proibiu, com o desejo daquilo que as suas monstruosas leis tornaram monstruoso e ilegal.
Já se disse que os grandes acontecimentos do mundo ocorrem no cérebro. É também no cérebro, e apenas neste, que ocorrem os grandes pecados do mundo.

Oscar Wilde









A honradez consiste em só aparecer a tentação quando a oportunidade já se foi.
Sofocleto.



Não nos deixar cair em tentação, é o mesmo que dizer: Não nos deixar ver quem realmente somos.

Arthur Schopenhauer.

Nunca resisto a tentações, porque eu descobri que coisas que são ruins para mim não me tentam.
George Bernard Shaw








terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Efémero - music by Amy Winehouse












Lúcido , sinto que a vida é para viver e curtir e não quero mais que as coisas secundárias tenham protagonismo...
nem o amor  quero mais que me domine, quero ficar tranquilo e o amor se tiver que acontecer terá de vir por si, sem que eu o sinta a chegar, não quero de outra forma, não quero mais jogos de sedução, o amor tem de chegar de mansinho,  brilhar sem se notar e ir aninhando-se no meu ser, de outra forma não tem valor, não existe, é fogo fátuo, prefiro amar -me só....
mas nos entretantos sou do mundo e vou viver a vida efémera que tenho, com toda a entrega que isso signifique...amando-me !!!


 



Considera com frequência a rapidez com que  passam e desaparecem os seres e os acontecimentos. A substância, como um rio, está em perpétuo fluir, as forças em perpétuas mudanças, as causas a modificarem-se de mil maneiras; apenas há aí uma coisa estável; e abre-se-nos aos pés o abismo infinito do passado e do futuro onde tudo se some. Como não há-de ser louco o homem que, neste meio, se incha ou se encrespa ou se lamenta, como se qualquer coisa o tivesse perturbado durante um tempo que se visse, um tempo considerável?
Marco Aurélio








Para mim, a vida é tudo menos uma chama fugaz. É uma espécie de magnifica tocha ardente que empunho neste momento e que eu quero que brilhe o mais possível antes de a passar às gerações futuras
George Bernard Shaw





segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Facebook - song by Rolling Stones












O big brother descrito por George Orwell na sua obra "1984" está aí a toda a força.
Este vídeo é de revelações extremamente assustadoras, especialmente quanto ao alcance e aos objetivos que  estão subjacentes a esta brincadeira que nós curtimos chamada Facebook.













http://pt.wikipedia.org/wiki/George_Orwell










domingo, 8 de janeiro de 2012

Jorge Luiz Borges - music by Fun Lovin' Criminals










Soa um pouco  kitsh dizer que este ou aquele escritor é o preferido...
eu  sou fã incondicional, devoto de Borges, a obra a sua vida, o misticismo natural a sua volta
...como foi possível nunca lhe terem dado um Nobel?
não é realmente importante qualquer prémio, mas atendendo que se atribui esse galardão, onde estavam os neurónios e o espírito dos académicos, dos que  escolhem e decidem ?
A magia dos labirintos, dos tigres, dos espelhos,  a sua cultura e erudição, inigualável !!!








AS COISAS


A bengala, as moedas, o chaveiro,
A dócil fechadura, as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, os naipes e o tabuleiro.
Um livro e em suas páginas a seca
Violeta, monumento de uma tarde
Sem dúvida inesquecível e já esquecida,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas, taças, cravos,
Nos servem como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para além de nosso esquecimento;
Nunca saberão que nos fomos num momento.








O Outro Poema dos Dons



Graças quero dar ao divino labirinto dos efeitos e das causas
pela diversidade das criaturas que formam este singular universo,
pela razão, que não cessará de sonhar com um plano do labirinto,
pelo rosto de Helena e a perseverança de Ulisses,
pelo amor que nos deixa ver os outros como os vê a divindade,
pelo firme diamante e a água solta,
pela álgebra, palácio de precisos cristais,
pelas místicas moedas de Angel Silésio,
por Schopenhauer que decifrou talvez o universo,
pelo fulgor do fogo que nenhum ser humano pode olhar sem um assombro antigo,
pelo acaju, o cedro e o sândalo,
pelo pão e o sal,
pelo mistério da rosa que prodiga cor e não a vê,
por certas vésperas e dias de 1955,
pelos duros tropeiros que, na planície, arreiam os animais e a alba,
pela manhã em Montevideu,
pela arte da amizade,
pelo último dia de Sócrates,
pelas palavras que foram ditas num crepúsculo de uma cruz a outra cruz,
por aquele sonho do Islão que abarcou mil noites e uma noite,
por aquele outro sonho do inferno, da torre do fogo que purifica e das esferas gloriosas,
por Swedenborg, que conversava com os anjos nas ruas de Londres,
pelos rios secretos e imemoriais que convergem em mim,
pelo idioma que, há séculos, falei em Nortúmbria,
pela espada e a harpa dos saxões,
pelo mar que é um deserto resplandecente e uma cifra de coisas que não sabemos e um epitáfio dos vikings,
pela música verbal da Inglaterra,
pela música verbal da Alemanha,
pelo ouro que reluz nos versos,




pelo épico Inverno,
pelo nome de um livro que não li: Gesta Dei per Francos,
por Verlaine, inocente como os pássaros,
pelo prisma de cristal e o peso de bronze,
pelas riscas do tigre,
pelas altas torres de S. Francisco e da ilha de Manhattan,
pela manhã no Texas,
por aquele sevilhano que redigiu a “Epístola Moral”e cujo nome, como ele teria preferido, ignoramos,

por Séneca e Lucano, de Córdova, que antes do espanhol escreveram toda a literatura espanhola,
pelo geométrico e bizarro xadrez,
pela tartaruga de Zenão e o mapa de Royce,
pelo odor medicinal dos eucaliptos,
pela linguagem, que pode simular a sabedoria,
pelo esquecimento, que anula ou modifica o passado,
pelo costume, que nos repete e confirma, como um espelho,
pela manhã, que nos depara a ilusão de um princípio,
pela noite, sua treva e sua astronomia,
pelo valor e a felicidade dos outros,
pela pátria, sentida nos jasmins ou numa velha espada,
por Whitman e Francisco de Assis, que já escreveram o poema,
pelo facto de que o poema é inesgotável e se confunde com a soma das criaturas e jamais chegará ao último verso e varia segundo os homens,
por Frances Haslam, que pediu perdão a seus filhos por morrer tão devagar,
pelos minutos que precedem o sonho,
pelo sonho e a morte, esses dois tesouros ocultos,
pelos íntimos dons que não enumero,
pela música, misteriosa forma do tempo.













http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_luiz_borges

sábado, 7 de janeiro de 2012

Stan Getz - Petulância










Todos os dias os encontro. Evito-os. Às vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrangem. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vençam lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.

Mas também os aturo por escrito. No livro, no jornal. Romancistas, poetas, ensaístas, críticos (de cinema, meu Deus, de cinema!). Será que voltaram os polígrafos? Voltaram, pois, e em força.
Convencidos da vida há-os, afinal, por toda a parte, em todos (e por todos) os meios. Eles estão convictos da sua excelência, da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras), de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista.










Praticam, uns com os outros, nada de genuinamente indecente: apenas um espelhismo lisonjeador. Além de espectadores, o convencido precisa de irmãos-em-convencimento. Isolado, através de quem poderia continuar a convencer-se, a propagar-se?(...) No corre-que-corre, o convencido da vida não é um vaidoso à toa. Ele é o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca é gratuita, todo o rendimento possível. Nos negócios, na política, no jornalismo, nas letras, nas artes. É tão capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la. Depende do que, na circunstância, ele julgar que lhe será mais útil.
Para quem o sabe observar, para quem tem a pachorra de lhe seguir a trajectória, o convencido da vida farta-se de cometer «gaffes».






Não importa: o caminho é em frente e para cima. A pior das «gaffes», além daquelas, apenas formais, que decorrem da sua ignorância de certos sinais ou etiquetas de casta, de classe, e que o inculcam como um arrivista, um «parvenu», a pior das «gaffes» é o convencido da vida julgar-se mais hábil manobrador do que qualquer outro.

Daí que não seja tão raro como isso ver um convencido da vida fazer plof e descer, liquidado, para as profundas. Se tiver raça, pôr-se-á, imediatamente, a «refaire surface». Cá chegado, ei-lo a retomar, metamorfoseado ou não, o seu propósito de se convencer da vida - da sua, claro - para de novo ser, com toda a plenitude, o convencido da vida que, afinal... sempre foi.

Alexandre O'Neill


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Egocentrismo - songs by Nneka and Asa












Egocentrismo é a característica que define as personalidades que consideram que tudo gira ao seu redor.




Tenho ouvido  pessoas queridas me rotularem de egocêntrico, não aceito porque acho que muitas vezes se confunde egocentrismo com a capacidade que certas pessoas têm de gerar energias positivas a sua volta...digo isto sem querer ser pretensioso, mas desgosta-me...
Gosto de sonhar e buscar realizar os meus sonhos, mesmo que sejam fora do comum; gosto de falar sério e botar conversa fora; gosto de ser irónico e rio-me de mim próprio quando fazem ironia comigo; tenho opinião própria mas sei ouvir os outros e adoro ler e buscar nos espíritos mais brilhantes o sumo recolhido por eles e tento ser melhor ; não manipulo, não busco nenhuma plateia, vivo bem só e gosto muito de estar comigo...
Vou espreitar sobre o egocentrismo e no fim talvez mude de ideia, tomara que não...



...
Pareço egoísta àqueles que, por um egoísmo absorvente, exigem a dedicação dos outros como um tributo.
Fernando Pessoa




O motor principal e fundamental no homem, bem como nos animais, é o egoísmo, ou seja, o impulso à existência e ao bem-estar. [...] Na verdade, tanto nos animais quanto nos seres humanos, o egoísmo chega a ser idêntico, pois em ambos une-se perfeitamente ao seu âmago e à sua essência.

Desse modo, todas as acções dos homens e dos animais surgem, em regra, do egoísmo, e a ele também se atribui sempre a tentativa de explicar uma determinada acção. Nas suas acções baseia-se também, em geral, o cálculo de todos os meios pelos quais procura-se dirigir os seres humanos a um objectivo. Por natureza, o egoísmo é ilimitado: o homem quer conservar a sua existência utilizando qualquer meio ao seu alcance, quer ficar totalmente livre das dores que também incluem a falta e a privação, quer a maior quantidade possível de bem-estar e todo o prazer de que for capaz, e chega até mesmo a tentar desenvolver em si mesmo, quando possível, novas capacidades de deleite. Tudo o que se opõe ao ímpeto do seu egoísmo provoca o seu mau humor, a sua ira e o seu ódio: ele tentará aniquilá-lo como a um inimigo. Quer possivelmente desfrutar de tudo e possuir tudo; mas, como isso é impossível, quer, pelo menos, dominar tudo: "Tudo para mim e nada para os outros" é o seu lema. O egoísmo é gigantesco: ele rege o mundo.

Arthur Schopenhauer


              




Não devemos confundir Amor-Próprio com o próprio amor, que nada tem a ver com o orgulho e egocentrismo.

Evan do Carmo



Muitas vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas.
Perdoe-as assim mesmo.
Se você é gentil, as pessoas podem acusá-lo de egoísta, interesseiro.
Seja gentil, assim mesmo.
Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros.
Vença assim mesmo.
Se você é honesto e franco as pessoas podem enganá-lo.
Seja honesto assim mesmo.
O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra.
Construa assim mesmo.
Se você tem paz, é Feliz, as pessoas podem sentir inveja.
Seja Feliz assim mesmo.
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante.
Dê o melhor de você assim mesmo.
Veja você que no final das contas, é entre você e Deus.
Nunca foi entre você e outras pessoas.

Madre Tereza de Calcutá

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

The Green - Ways & Means














Eis a primeira pérola musical de 2012, apesar de ter sido lançado em finais de 2011 é para mim a 1º novidade do ano..
Super álbum de reggae muito cinzelado, perfeito!!
Sério candidato a álbum do ano venceu já um award que não consegui saber qual mas é sem dúvida um disco fabuloso, super, maravilhoso !!

       

 


In less than a year Hawaiian band The Green has quickly emerged as one of the most exciting new reggae artists from the US.  Their self-titled debut album was named “Best Reggae Album” of 2010 by iTunes and hit Billboard’s 2010 Year-End Reggae Chart.  The band is following that success up with their sophomore album entitled Ways & Means, available on October 25th on iTunes or at  Easy Star Records.  On the new album, singer Caleb Keolanui, singer-guitarist JP Kennedy, singer-keyboardist Ikaika Antone, and singer-guitarist Zion Thompson have produced a roots reggae style album that includes R&B, Soul, Pop, and jamband elements.  The bands’  use of these diverse styles makes this album accessible to a wide audience.





Four distinct voices, masterful musicianship, and sun kissed grooves add up to an exceptional album with a fresh unforgettable sound. Tracks like “Travlah” and “Jah Love” will appeal instantly to reggae music lovers.  However the stand-out track on the record is the R&B tinged “That’s The Way” which serves as the best example of how this band makes their music accessible to fans outside of reggae circles without entirely diluting their roots.
Fox 31 and the weather Doppler radar shows that it is going to be sunny and 80 degrees this Saturday in Denver.  I am sure The Green are happy to take responsibility for bringing this beautiful weather with them as they travel from the Hawaiian Islands to bring some good times reggae to the Mile High City.  So Denver, keep your shorts and Sanuks out and come extend the summer for one more weekend with reggae’s new  break out artist as they play The Bluebird Theatre with Giant Panda Guerilla Dub Squad this Saturday October, 15th.  The Green & Giant Panda will also be in Fort Collins on Friday night and Paonia on Sunday night.
As you wait for the show, take a listen here to the song Decisions” off the new album.  If you like what you hear, take a listen to “Love & Affection” off the Love and Affection EP available now on iTunes. Don’t miss these guy’s, it’s going to be a great show.

http://www.listenupdenver.com/





Errar - música de Mayra Andrade










Descobri que por mais que eu busque sempre fazer a coisa certa ,sempre vou errar!!!
Sei que não teria sentido a vida se não existissem também os erros.
De que valeria viver sem existir o risco de cometer erros?!
Não teria muito sentido não, porém...buscamos a perfeição, queremos tudo que é certo, fazer o certo, ser a pessoa certa, ter as coisas certas, mas pra isso, sempre erramos, cometemos falhas, falamos coisas na hora imprópria, chegamos muitas vezes atrasados, falamos sobre um assunto que não era conveniente na ocasião, olhamos indiscretamente quando não era pra olhar, rimos numa reunião seríssima, erramos até mesmo quando fazemos juras de amor...nossa!!!
esses erros são os melhores.
Digo isso porque são erros que cometemos com mais frequência, e se depender de mim, vou errar nisso sempre, porque não faço jura de mentira, sempre que as fiz foi pra valer, se errei , e eu sei que errei foi coisa do destino, não foi culpa só minha, circunstâncias me fizeram esquecer tais juras, tais amores, e muitas coisas que eu jurei ser pra sempre...


                       




Nada é pra sempre, durante minha vida inteira vou mudar meus pensamentos, vou falar coisas que eu mesma vou me surpreender depois, vou chorar por coisas pequenas , vou gritar de alegria, vou rir de nervosa, vou dormir vendo filme, vou comer mais por ansiedade e perder o apetite quando estiver apaixonada, fumar um maço de cigarro enquanto espero um telefonema, tomar uma garrafa de vinho quando estiver em boa companhia, vou cochilar no sofá depois de ouvir minha música preferida no rádio, vou mandar flores e demonstrar meu amor, vou sorrir pra não chorar, vou pedir teu abraço, vou roubar um beijo, dizer sempre o que estou sentindo, e sentir sempre da maneira mais pura, vou vigiar, vou ter cuidados , sentir ciúmes, abraçar forte, fingir que não notei quando você fizer alguma coisa errada pra que não fique constrangido, mas com o tempo conseguir te ajudar com isso, que quando erre não fique sem jeito, mas que seja um motivo a mais para outra boa conversa entre nós.
Vou fazer loucuras, vou esquecer da última briga, vou ligar após uma discussão, vou fazer surpresas, vou ficar sozinha por um tempo, vou jurar nunca mais dizer “eu te amo” , mas... vou acordar de bom humor, vou abrir as cortinas e receber o sol, colocar uma roupa linda, vou olhar pro espelho, e ver meu sorriso, ver o brilho nos meus olhos, vou sair sem rumo e no meio do caminho ter a grande idéia de tomar café com você.
Vou tentar ser feliz mais uma vez...vou jurar que dessa vez não erro mais, mesmo sabendo que isso é impossível, vou então tentar ser feliz, te fazer feliz...
Vou acreditar no amor, vou confiar no destino ...vou viver!!!

Dani Z








terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Séneca - song by Koop








A alegria pode sofrer interrupções no caso de pessoas ainda insuficientemente avançadas, enquanto, no caso do sábio, o bem estar é um tecido contínuo que nenhuma ocorrência, nenhum acidente pode romper; em todo o tempo, em todo o lugar o sábio goza de tranquilidade!
Porquê?
Porque o sábio não depende de factores externos, não está à espera dos favores da fortuna ou dos outros homens.
A sua felicidade está dentro dele; fazê-la vir de fora seria expulsá-la da alma, que é onde, de facto, a felicidade nasce!
Pode uma vez por outra surgir qualquer ocorrência que lembre ao sábio a sua condição de mortal, mas ocorrências deste tipo são de somenos importância e não o atingem mais do que à flor da pele.
O sábio, insisto, pode ser tocado ao de leve por um ou outro contratempo, mas para ele o sumo bem permanece inalterável. Volto a dizer que lhe podem ocorrer contratempos provindos do exterior, tal como um homem de físico robusto não está livre de um furúnculo ou de uma ferida superficial; em profundidade, porém, não há mal que o atinja.
A diferença existente, insisto ainda outra vez, entre o homem que atingiu a plenitude da sabedoria e aquele que ainda lá não chegou é a mesma que se verifica entre um homem são e um convalescente de doença grave e prolongada.


                    



Para este a diminuição da intensidade da doença já quase significa saúde mas, se não se precaver, o mal rapidamente se agrava e volta à primitiva forma; o sábio, em contrapartida, nem pode retroceder, nem sequer avançar mais na via da sapiência.
A saúde do corpo está à mercê do tempo e o médico, se a pode restituir, não a pode garantir perpetuamente, e tanto assim é que com frequência o mesmo doente o volta de novo a chamar; a saúde da alma, essa - obtém-se de uma vez por todas - e totalmente! Dir-te-ei agora o que significa uma alma sã: é cada um contentar-se consigo mesmo, ter confiança em si próprio, saber que todos os votos feitos pelos homens, todos os benefícios que trocam entre si não têm a mínima importância para a obtenção da felicidade.
Uma coisa passível de acréscimo não é uma coisa perfeita; o homem que quer vir a possuir uma permanente alegria, tem de fruir apenas do que efectivamente lhe pertence.
Ora todos os bens a que o comum dos mortais aspira são, de uma forma ou outra, transitórios, pois de coisa alguma a fortuna nos permite a posse para sempre.

Séneca



segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Mentira - song by Djavan











Tu julgas que eu não sei que tu me mentes
Quando o teu doce olhar pousa no meu?
Pois julgas que eu não sei o que tu sentes?
Qual a imagem que alberga o peito meu?

Ai, se o sei, meu amor! Em bem distingo
O bom sonho da feroz realidade...
Não palpita d´amor, um coração
Que anda vogando em ondas de saudade!

Embora mintas bem, não te acredito;
Perpassa nos teus olhos desleais
O gelo do teu peito de granito...

Mas finjo-me enganada, meu encanto,
Que um engano feliz vale bem mais
Que um desengano que nos custa tanto!


Florbela Espanca










domingo, 1 de janeiro de 2012

Ressaca - Musica para bébé dormir













Toda ressaca que se preza inclui a clássica promessa do "nunca mais coloco uma gota de álcool na boca." Não seja ridículo e não prometa coisas que você sabe que não irá cumprir.
Fato é que muitas vezes, os sintomas acima e as lembranças do que fizemos na noite anterior trazem um certo arrependimento. É mais um efeito maligno da ressaca: a chamada ressaca moral.
A ressaca moral ocorre quando você se lembra das cagadas que fez na noite anterior. Em alguns casos, esse tipo de ressaca mostra-se potencialmente mais nociva do que a ressaca propriamente dita, em virtude dos possíveis traumas psicológicos. Exemplos de causas de ressaca moral são aquela cantada que você passou na sua melhor amiga (ou na namorada do seu amigo), ou quando você faz juras de amor e dá seu telefone para aquela vadia fim-de-festa.
Não existe cura imediata para a ressaca moral. Você vai ter que ter muito bom humor para aguentar seus amigos enchendo o seu saco, mas com tempo a turma esquece. Bom, se o que você fez foi muito memorável, é óbvio que ninguém vai esquecer, mas depois de um certo período você vai estar achando graça também - e talvez até sentindo uma ponta de orgulho pelo feito. A única maneira de não sofrer com a ressaca moral (pelo menos diretamente) é sofrer de amnésia alcoólica.

...roubado daqui
http://desciclopedia.ws/wiki/Ressaca





sábado, 31 de dezembro de 2011

Maputo 31/12 - Bob Marley















A cidade está fantasmagórica, as ruas e avenidas ás moscas, para quem conhece Maputo é um cenário apocalíptico...
O pessoal está nas praias , noutras cidades, simplesmente bazaram...
Os que ficaram respiram um alivio e usufruem deste Maputo calmíssimo...
Ouvindo Marley, o guru, vou embalando o espírito para a longa noite de boémia ...