quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Bukowski & Old Rock















se não sai de ti a explodir
apesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração, da tua cabeça, da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecrã de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou fama,
não o faças.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.







se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.
 se tens que o ler primeiro à tua mulher 
ou namorada ou namorado 
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.









não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-
— devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.










quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.
não há outra alternativa.
e nunca houve.

Charles Bukowski







quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Amor & Ódio




                                  AMOR








 



                                  

A luz no paraíso é feita de azuis, desbotam o mar em tons de aguarela
Feito de carinho e doçura o amor se transforma em sublime existir
O tacto é transparente e as almas se enroscam num sufocado abraço terno
Nas miríades de luz e amor, a dor se desvanece em certezas de alegria e rejubilo
Conchas e búzios alaranjados, roxos e brancos imaculados enfeitam as areias virgens
Amar dando como que brotando de dentro o nosso melhor, até mesmo o melhor que não sabíamos ter
A pele de cobre se torra e transforma-se em café escuro e o sorriso estampado de branco se ilumina
O mar presente é sublime na sua quietude, um mar desfeito pelas ilhas, rendido, acaricia, belíssimo!




                                             
  ÓDIO
                                     


                                 











                             


Nas matas flutuam os espíritos de muitas dezenas de meninos desta nação em pânico...
As balas ceifam os jovens que mereciam ter vivido as suas vidas, os seus sonhos
Nas matas do meu país os  irmãos como quizumbas enfeitiçadas focinham no próprio sangue ...
Ah... as mães não sabem que os seus filhos já morreram, as mães estão amordaçadas na própria dor
Elas não choram por saber dos filhos mortos, choram sim por não saber se os filhos ainda vivem...
Nas matas da minha amada terra a maldição se mantém, a paz foi envenenada ou enfeitiçada
Nós filhos e avós, juntos temos de lutar e pedir aos muzimos que nos ajudem a quebrar o mal
As matas precisam ser purificadas e de campo de morte se transformar em campos de cultivo
Nós os filhos da nossa terra queremos que a vida seja o nosso bem mais precioso, incondicionalmente!!