Os livros, o mundo interior de alguém,
pouco importa de onde brota esse rio de palavras,
não carece
Os livros são recipientes surreais e arrumam,
a dança e o sol, a história,
o gesto e pensamentos em voz alta
Os livros escondem mostrando,
a angústia e o anseio na forma, o delírio do autor,
as lágrimas silenciosas,
choradas vezes sem conta, repetidas
no papel manchado, rasuradas,
perdidas no mundo interior
sob o olhar crítico das musas
Os livros e quem os escreve não têm nada a ver,
como a chuva quando cai e é só a chuva que cai,
como o poema de regozijo e esperança,
abandonado na mesa do suicida,
não lhe pertence mais, não é mais quem o escreveu
Ouvir falar aquele que escreveu nada acrescenta,
altera sim a viagem interior de quem o leu,
humaniza o que antes era transcendente
Os livros dos que permaneceram no limbo da morte
serão sempre o livro e o autor num só, eternos
Os livros são intocáveis e os autores vivos não,
a obra e o autor serão sempre desconhecidos entre si
não vale a pena procurar neles a explicação
O poema é dono e senhor de si próprio,
não tem corpo que o sustenha,
precisa apenas de um feixe de luz para se dizer
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