A música e as palavras fazem parte de mim.
Quero ouvir, dividir e respirar música...
e as palavras que dizem, quero-as como pinceladas alegres ou amargas, luminosas ou escuras, quero-as verdadeiras...
Quando a inquietude te assola sabes bem que ela não te assola merda nenhuma.
A inquietude é simplesmente um estado da alma que é provocado por nós próprios, pelas escolhas que temos sempre de fazer.
Viver é uma sucessão de escolhas que vamos fazendo e no meio delas surgem inquietações que são absolutamente inerentes ao estado que antecede, durante e depois da escolha. As escolhas que fazemos nunca são feitas cientificamente mas sim humanamente e logo baseadas na trilogia razão, coração e intuição.
O que queremos é o oposto da inquietação e é esse anseio de tranquilidade, paz e equilíbrio que está dependente das escolhas que façamos, dos dados que lançamos.
A inquietação para muitos é o sal que tempera a vida mas para outros é dor e incerteza constante.
Como fazer então? Não existem manuais, apenas a vida vivida para sabermos se as escolhas foram as acertadas ou não.
O resto é só a história que cada um escreve, que vai escrevendo saltitando de escolha em escolha.
Escolher bem para mim pode ser escolher mal aos olhos do outro.
Ser inquieto ou não, passa pela maneira como cada um sente em relação ao ter de escolher, passa pela importância que se dá ao dar certo e ao dar errado. Como se ouve por ai, o que nos está reservado ninguém nos tira. Que a inquietude se demore mais pelo lado lúdico e poético que ela tem. A condição humana é um mistério, inexplicável e maravilhoso!
O desencantado vivia numa casa simples sem dono faziam já cinco anos. Encostada ao seu terreno tinha uma propriedade toda murada cujo proprietário não deixava que se percebesse o que se passava lá dentro. O vizinho vivia isolado e de forma meio dúbia, incomunicável, nunca deixou transparecer qualquer vontade de se abrir a um relacionamento saudável mesmo com a insistência do desencantado em querer criar laços de boa vizinhança.
O muro alto não permitia que o desencantado visse o que acontecia do outro lado no terreno vizinho.
Eis que de um dia para o outro o som de água a correr incessantemente e que ele ouvia, fê-lo pensar numa nascente de águas cristalinas mas o cheiro que pairava no ar desfazia esta imagem. O cheiro putrefato fazia-o perceber que a água que corria era fétida, malcheirosa, corrosiva o que denunciava uma sujidade latente mesmo ali ao seu lado.
O muro da aparência que nada deixava ver permitia imaginar ser a água pura duma nascente.
O perigo fazia-se sentir. O facto de não saber a proveniência destes fluidos era desesperante e assustador.
Decidido a desvendar este mistério e à revelia do vizinho muniu-se dum martelo e de um escopro e tentou abrir um buraco no muro. Queria ver que água era aquela . Esforço em vão, apesar de húmido o muro era duro e impenetrável. As pancadas fortes apenas conseguiram esfarelar um pouco o cimento. O muro era inviolável.
Reflectindo sobre a situação chegou à conclusão que só tinha duas hipóteses:
Continuar incansavelmente e obstinado a insistir na abertura de um buraco para perceber o que era aquela água malcheirosa ou partir para outro lugar. Tentar saber da boca do vizinho estava fora de questão pois era sabido que ele era dissimulado e pouco transparente. Não valia a pena permanecer num lugar assim sem saber o que se passava do outro lado, sabendo do perigo da água que corria e que poderia fazer enfraquecer as fundações do muro. O som da água a correr soava dentro dos seus ouvidos de forma ininterrupta e o avisava que mais valia abandonar o seu lugar, a sua casa, a sua vida ali, antes que o muro por influência da água desmoronasse sobre a sua casa pondo em perigo a sua própria vida.Tinha de escolher....
De que valem as palavras de bem querer , as juras de amor, as promessas de respeito quando as ações, as atitudes não refletem estas ?
Olhos grandes e imperscrutáveis, que segredos guardam quando os corpos se entregam totalmente no fogo da paixão?
Que mentiras se constroem quando se esconde a essência do ser e se mostra outro ser que se sente e se percebe ser falso?
Será que esses seres levianos acreditam que é possível esconder aquilo que eles mesmo não conseguem controlar e que é por demais evidente?
Não entendem eles que é transparente esse seu jeito de ser e agir?
Para quê querer parecer ser o que eles sabem que não são e nunca serão?
Que medos levam tais criaturas sem escrúpulos a sacrificar os outros para se esconderem deles próprios?
Criaturas egoistas, focadas no seu umbigo, incapazes de amar a não ser a si próprios e de uma forma doentia!
Vampiros que sugam o sentir, a alma e o resto que sobrar do infeliz que por eles se encantar!
Que passado terão tido estes seres tão estranhos, que traumas de infância, da adolescência ou mesmo de relações anteriores carregarão estes infelizes?
Coitados dos que assim são, acabarão sós e infelizes e acusando o mundo da sua desventura !
Insaciáveis, é a palavra que melhor define esta espécie humana desvalida. Incapazes de se dar, tudo fazem para chamar a atenção a qualquer preço para depois alimentarem a sua sofreguidão narcisista.
Foge infeliz logo que te apercebas que estás nas mãos destes manipuladores dissimulados !
Amar sem reciprocidade é como ter sede e beber água do mar.
Amar de verdade diz-se ser sem nada querer em troca . Esse amar é sobrenatural quase diria masoquista!
Humanos que somos quando amamos queremos ser amados. A alternativa caso tal não aconteça é ficar só com o nosso amor próprio que nos basta. O amor de outrem é para somar e não para subtrair!
Aquele que ama e sente não ser amado a continuar numa relação assim condena-se a vis penas !
Só quem está cego da alma aceita tais tratos, só quem não se ama se entrega a tais falsos encantos.
Triste existir o daquele que tudo faz para pautar a sua existência na verdade e na transparência quando enredado nas teias do omisso, da falsidade, da falta de caráter, tudo em prole dum amor que não existe a não ser na sua alma apaixonada e cega...
Depois de carpir o amor próprio ferido, depois de assimilado o fracasso, a desilusão, o desencanto, segue-se o luto redentor!
Sobra o eu, o intocável núcleo da alma! Trata de ti, lambe as feridas e espera que as mazelas sarem... O tempo tudo cura, tudo cicatriza, é uma questão de deixar ir e perdoar perdoando-se. Quando tudo já estiver arrumado e o coração recuperado é seguir em frente.
Respira fundo, levanta a cabeça e podes ter a certeza que nem o horizonte será o limite.
Mais forte, mais sábio e acreditando sempre no amor é certo que amarás de novo !
Terminou 2016 e nada melhor que uma boa purga na nossa vida. Mal de nós se não tivermos a coragem de deixar para trás aquilo que não nos deixa evoluir, mesmo dentro de nós temos nossos lixos que devem ser deixados para trás. Este é o ano de entrada nos sixties, daqui para a frente o tempo urge e urge ser feliz, estar em paz e amar verdadeiramente ! Entremos então na dança de 2017!
É tempo de deixar ir:
Quando seus pensamentos vão para as memórias mais do que para o presente. Quando a situação lhe causa mais dor do que alegria. Quando você espera, tem esperança e defende que a pessoa, lugar ou situação mude. Quando você se torna complacente, entediado ou ressentido. Quando o comportamento persiste mesmo que você tenha tentado corrigi-lo.
Quando você se sente sozinho, inaudito ou desrespeitado. Quando a situação o impede de crescer e ser quem você quer ser. Quando você fica à espera com expectativa de que as coisas melhorem. Quando você fica triste mais do que ri e do que ama. Quando você se sente exausto emocionalmente, espiritual e fisicamente.
Quando você perde a sua paixão e alegria. Quando as suas crenças e os seus valores mudaram e você não é mais você. Quando você pára de se divertir. Quando você teme que isto é o melhor que será. Quando você força um sorriso para mascarar a tristeza.
Quando você deixa de ser quem você é e pára de sonhar. Quando você segura a situação por medo do desconhecido. Quando você sente que está a segurar algo que deve deixar ir. Quando o pensamento de se livrar da situação se expande dentro de si. Quando você acredita em uma vida melhor para si adaptado de Shannon Kaiser
No país que não existia existindo mas que já não existe, os habitantes viviam convencidos de que eram cidadãos de verdade, que existiam.
Na verdade eles não estavam enganados, apenas não tinham noção da sua real inexistência.
Viviam os seus governantes convencidos de que eram os mais espertos do mundo, eles, os timoneiros do país que não existia.
Então neste país, os governantes acharam que podiam pedir dinheiro emprestado para fins obscurosaos poderosos do mundo, pensavam eles que ninguém iria descobrir ou cobrar. Isto aconteceu sem que o povo soubesse, nem o governo oficial soube, nem as instituições do estado souberam... Só num país que não existe é que tal loucura poderia ser engendrada. O facto é que mesmo sem existir o país endividou-se e remeteu o pagamento deste roubo efectuado por pessoas que não existem ao seu povo.
O governo e o maior partido da oposição discutiam a verdade e a mentira da democracia, como dois elefantes furiosos que se digladiam pisando o capim, nessa luta foram matando os filhos do povo, feitos capinzal sob as patas da intolerância e da ambição. Todos os dias morriam mais cidadãos.
Apesar desse país não existir os cidadãos foram morrendo realmente, parece estranho mas aconteceu.
A natureza furiosa com esta realidade, ainda por cima vinda de um país que não existia, também não os poupou e fustigou-os com uma longa seca.
Os cidadãos na sua maioria viviam como se em vez de sangue nas veias tivessem água a correr por elas; viviam como zombis, pareciam dopados, viviam acomodados ao caos e não percebiam que não existiam, a realidade era uma irrealidade. Nos países que existem, os cidadãos lutam pelos seus direitos, lutam pelo seu país, preocupam-se com a sua dignidade, como pais que amam os filhos, preocupam-se com o país que irão deixar como herança.
Naquele país que não existia, o povo teve o governo que merecia e o governo foi escolhido ou não por este mesmo povo, esta a questão que os levou à guerra suicida . Consta que esse país acabou por desaparecer debaixo duma guerra sem fim e duma pobreza jamais vista que matou quase a totalidade do seu povo . Passados trinta anos, sobraram apenas alguns cidadãos que dos escombros desse país, vão trabalhando arduamente para criar um homem novo, para criar um país que exista, diferente daquele de que eles mesmo foram um exemplo.
Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exacto. E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome… Autoestima
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é… Autenticidade
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de… Amadurecimento
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é… Respeito
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável… Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama… Amor próprio
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projectos megalómanos de futuro.Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é… Simplicidade
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei menos vezes.
Hoje descobri a… Humildade
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é Plenitude
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Que dizer quando vejo os homens a atingirem o apogeu da sua bestialidade?
Poderia falar do mundo, dos conflitos, dos politicos, da falsidade que aliada à crueldade se converteram nos instrumentos para a nossa degeneração, a assunção total do vale tudo desde que seja segundo a minha total falta de princípios.
Extermínios diários de seres humanos, abates traiçoeiros dos seres mais inocentes, o êxodo de milhares, o vento do Apocalipse sopra como nunca, é o tempo do desrespeito total pela vida. A essência do homem é sem dúvida de predador rapasse e está neste momento no seu expoente máximo. Nós os homens somos maus e por muito que lutemos para ser melhores, por muito que interiorizemos os ensinamentos mais ricos sobre o bem e tudo façamos para termos um mundo melhor, acabamos vendo que só temos feito o contrário.
Como num espelho mágico que reflecte a nossa imagem interior, o que vemos reflectido quando nos olhamos é um monstro sem escrúpulos. Esse monstro que se espalha, que cada vez mais contamina os espíritos dos homens está reflectido neste mundo que deixaremos aos nossos filhos. Que horror ! Nos mais diversos cantos do mundo as pessoas comuns morrem todos os dias vítimas das guerras, vitimas da miséria, loucos e doentes é como essas pessoas acabam antes de sucumbirem. A vida hoje é uma luta canibal pela sobrevivência. Pergunto, será que nascemos neste maravilhoso planeta com o propósito de entrar numa existência de lutas, de competição, de voracidade consumista até ao fim dos nossos dias? A vida em si está longe de ser uma existência com possibilidades, individualmente para alguns privilegiados sim mas para a maioria não !
O meu belo Moçambique está doente e já são muitas as mortes. O meu belo país está na banca rota por culpa de politicos corruptos. O meu chão está em guerra. Os politicos se quisessem poderiam acabar com esta desgraça que se vem arrastando há cerca de 3 anos. Conversa de surdos e as posturas dos governantes de faz de conta a dizer que está tudo bem. Ataques nas estradas, violência contra politicos de ambos os lados. A nossa moeda em derrapagem sem retorno pois os cofres estão vazios. A seca e as cheias que nos assolam para ajudar a este verdadeiro pesadelo. Mais de dez mil moçambicanos vivem miseravelmente em campos de refugiados do outro lado da fronteira e por cá é como se nada estivesse a acontecer
Esperamos todos os dias que algo vá acontecer, para o bem ou para pior do que já está.Estamos cansados deste status quo de incerteza. A nossa vida vai passando sem podermos fazer qualquer plano. Sobra-nos esperar, só e apenas.
Moçambicanos como que anestesiados vamos vivendo um dia de cada vez e bebendo uns copos, rindo e celebrando a vida, como se a nossa vida fosse normal.
Um pássaro livre jamais viverá numa gaiola, morrerá ! Sejamos pássaros livres e voemos a nossa rota Voemos vivendo cada momento, intensamente Um pássaro livre não sonha, ele vive o sonho Ser livre é poder ser e poder ser-se é a liberdade suprema Ser um pássaro que ama e chora, que se escangalha a rir e celebra a vida Voar é o espírito feliz, é aquele que sorri sempre do coração Voar também é amargar e chorar quando a amargura nos vence Aquele que abre as asas e voa, arrisca-se a cair e arrisca-se também a voar e voar e voar ! Ser livre é estar para além de qualquer amarra, é não conceber que se não possa ser. É sentir por dentro e saber que só voando a vida fará algum sentido. Voar, querer voar e voar e voar e voar.... !
O ano está a acabar, mais um nestes já longos 58 da minha existência... Olhando para traz tenho a sensação que os últimos anos demoram cada vez menos a passar e este foi super rápido. Porquê ? Pergunto eu para os meus cabelos quase todos brancos e a resposta não me ocorre, fica a pairar num sem fim de possibilidades. Será que a carga que carregamos e que ano após ano se vem acumulando nos faz caminhar devagar e ao mesmo tempo dispara a mente em solilóquios e introspecção sobre o tudo que já se viveu de tal modo que não damos conta do tempo a passar? Ou será que por termos a consciência do tempo curto que nos resta, este acelera dentro de nossos corações só para nos fazer perceber que essa realidade é inquestionável: a perenidade da vida! Bom, no fundo o que me fica é uma vontade imensa de viver intensamente, hoje, agora, já! 2016 será o ano das vésperas dos meus 60 anos e como se me preparasse para atingir a maioridade e como tal a liberdade, espero neste ano celebrar todos os dias como se fossem o último e o resto só os deuses saberão. Amo a vida, o mundo, as pessoas e todas as outras formas da natureza e esse é o meu karma: Amar acima de qualquer outra acção! Espero que 2016 traga a paz que o meu povo tanto clama e que os deuses emprestem um pouco da sua clarividência para iluminar aqueles que não sei porquê guiam os desígnios deste nosso maravilhoso país. Ah! O mundo e toda a humanidade, que este ano seja melhor que os últimos, um desejo que sinto ser improvável, mas não custa pedir ! Amo-vos !!
" O maravilhoso da guerra é que cada chefe de assassinos faz abençoar suas bandeiras e invoca solenemente a Deus antes de lançar-se a exterminar a seu próximo."
Voltaire
A guerra, que aflige com os seus esquadrões o Mundo,
É o tipo perfeito do erro da filosofia.
A guerra, como tudo humano, quer alterar.
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito
E alterar depressa.
Mas a guerra inflige a morte.
E a morte é o desprezo do Universo por nós.
Tendo por consequência a morte, a guerra prova que é falsa.
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer-alterar.
Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza os pôs.
Tudo é orgulho e inconsciência.
Tudo é querer mexer-se, fazer coisas, deixar rasto.
Pára o coração e o comandante dos esquadrões
Regressa aos bocados ao universo exterior.
A química directa da Natureza
Não deixa lugar vago para o pensamento.
A humanidade é uma revolta de escravos.
A humanidade é um governo usurpado pelo povo.
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito.
Deixai existir o mundo exterior e a humanidade natural!
Paz a todas as coisas pré-humanas, mesmo no homem,
Paz à essência inteiramente exterior do Universo!
Fernando Pessoa
Até que a filosofia que torna uma raça superior E outra inferior, seja finalmente permanentemente Desacreditada e abandonada havera guerra Eu digo guerra Até que não existam mais cidadãos De 1º e 2º classe em qualquer nação Até que a cor da pele de um homem Não tenha maior significado que a cor Dos seus olhos haverá guerra Até que todos os direitos básicos Sejam igualmente garantido para todos Sem privilégios de raça, terá guerra Até esse dia o sonho da paz final Da almejada cidadania e o papel Da moralidade internacional Não será mais que mera ilusão a ser percebida e nunca atingida Por enquanto haverá guerra, guerra Até que os ignóbeis e infelizes regimes Que prendem nossos irmãos em Angola Em Moçambique, África do Sul escravizada Não mais existam e sejam destruídos Haverá guerra, eu disse guerra Guerra no leste, guerra no oeste guerra no norte, Guerra no sul guerra, guerra, rumores de guerra E até esse dia, o continente africano conhecerá a paz Nós africanos lutaremos Achamos isto necessário e sabemos que devemos ganhar E estamos confiantes na vitória O bem sobre o mal, bem sobre o mal O bem sobre o mal, bem sobre o mal
Bob Marley
Caminhando e cantando e seguindo a canção Somos todos iguais braços dados ou não Nas escolas, nas ruas, campos, construções Caminhando e cantando e seguindo a canção Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer Pelos campos há fome em grandes plantações Pelas ruas marchando indecisos cordões Ainda fazem da flor seu mais forte refrão E acreditam nas flores vencendo o canhão Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Há soldados armados, amados ou não Quase todos perdidos de armas na mão Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição De morrer pela pátria e viver sem razão Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Nas escolas, nas ruas, campos, construções Somos todos soldados, armados ou não Caminhando e cantando e seguindo a canção Somos todos iguais braços dados ou não Os amores na mente, as flores no chão A certeza na frente, a história na mão Caminhando e cantando e seguindo a canção Aprendendo e ensinando uma nova lição Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Impressiona-me mais do que qualquer razão que nos esteja a
levar para a guerra, a falta de urgência! Não se vê, (e já lá vão dois anos que
a situação politica começou a feder), nenhuma urgência para resolver este
assunto que está a destruir as vidas de milhões de moçambicanos. Tem sido um
ruminar de estratégias, passam-se semanas, meses, anos, e a vida tem continuado
como se não estivesse a acontecer nada!
O tempo passando e o tecido social a ficar puído, a esgaçar, a rasgar-se. Vamos soçobrando feitos um farrapo! Sim, somos um farrapo que
desistiu de ser gente, abdicamos da nossa dignidade e nos acobardamos, como
galinhas vamos continuando a esgravatar nas migalhas que vão ficando pelo chão,
relegamos a nossa existência nas mãos de quem vive num mundo surreal, num mundo
falso, deixamos que oligarquias ricas nos embalem com relatos de agendas cheias
de compromissos, de discursos de estratégias, de promessas de guerra e de
promessas de entendimento, de verdades feitas de mentiras, e acima de tudo para
nossa desgraça, vamos testemunhando esta desenvergonhada, enraizada, FALTA DE
VONTADE!
Não pode haver vontade enquanto os interesses privados se
sobrepuserem ao interesse de todos. A questão aqui é o timing, aqui a situação
não justifica uma atitude drástica, o problema é minimizado à condição de uns
arrufos dum cidadão rebelde que não sabe perder e que como numa birra de
criança, que depois de berrar, chorar, bater com os pés no chão, percebe que
não leva nada e simplesmente desiste; para estes graúdos a tensão militar
também passará. É tudo uma questão de tempo , e a vida continuará perfeita e
radiosa. Não! Não passará e se calhar este vai e não vai poderá durar décadas,
arrastar-se por tempos imemoriais... Depende tudo da forma como se for
resolvendo o pagamento dos interesses dos envolvidos. Ou então uma guerra
eclodirá e não quero nem imaginar o que serão esses tempos se isso acontecer!
Que os Deuses todos nos protejam de uma guerra!
Não acredito mais nos nossos políticos, eles não são mais do
que estrangeiros na nossa terra, não vivem como nós, nem vivem entre nós, vivem
no outro lado de Moçambique que é vedado à maioria dos moçambicanos.
Para mim, a situação
é de tal modo volátil que exige que a sociedade civil pressione o governo, os
partidos da oposição e os seus lideres, e que estes mediados por uma equipa de
individualidades idóneas, comprometida com a paz, forte, entrem numa sala e de
uma vez por todas lavem essa montanha de roupa suja de sangue. Mais, só deverão
esses senhores sair dessa sala, quando tiverem chegado a um acordo sério e
aplicável no imediato.
Não vejo outra forma
de podermos resolver este assunto. A guerra sempre à espreita e a inércia dos
que têm o poder de resolver são espectros que estão a fazer com que a paciência
de um povo inteiro que está condenando diariamente a mais sofrimento, se comece
a esgotar. Não vêm ou não querem ver, que estão a hipotecar o futuro e a
existência de um povo. Sentem-se e trabalhem!
Não é um pedido é uma exigência! Senão arranjaremos outros representantes
do povo que queiram verdadeiramente nos representar e lutar, na defesa dos
nossos direitos !
Estou a reescrever este conto fantástico e resolvi partilhar este excerto para vossa apreciação...
O mato selvagem cercava-os. O som dos animais selvagens fazia-se sentir a
espaços, sendo o próximo som mais assustador do que o anterior. O cenário era
esclarecedor quanto ao perigo da zona que atravessavam. Lúcio com um cajado
numa mão e a catana a tiracolo seguia à frente. Timbissa com os peixes numa mão
e uma lança que o velho lhe emprestara na outra, seguia-o monologando
entre-dentes.
A lua cheia produzia uma luminosidade de tons azulados, transformava a savana
numa paisagem surreal. Olhos brilhantes espreitavam em cada encruzilhada do
caminho. O suor alagava-lhes as axilas e os pés calejados abriam rachas, feridos pelas pedras cortantes que iam pisando pelo trilho. Faltava pouco.
Pousado num tronco do embondeiro e piando sinistramente, estava um mocho
colossal. Ao vê-los aproximarem-se levantou voo e exibiu umas asas de grande
envergadura. Timbissa sentiu um novo arrepio e Lúcio estacou paralisado pelo medo. Mais à frente as risadas
sinistras de duas quizumbas fizeram-se ouvir, era como se elas soubessem qual o
desfecho final e estivessem a gozar os dois infelizes. Tudo indicava que estavam
a entrar nos domínios de Machaia.
Finalmente chegaram a uma pequena montanha fendida ao meio, parecia que tinha
sofrido uma convulsão violenta e estalado. O espaço entre as duas metades não
tinha mais que a largura de ombros de um homem. Lúcio voltou-se e disse:
- Aqui começa a terra de Machaia. Não se assuste com as jibóias que encontrarmos
no caminho. Não as pise. No fim deste desfiladeiro encontraremos Machaia.
A passagem era escura, tenebrosa. Caminhavam a passo. Timbissa suava em bica,
caminhava como um sonâmbulo. Saltaram por cima de duas jibóia adormecidas que
se viam no meio da escuridão por serem anormalmente fosforescentes. Morcegos de
todos os tamanhos cortavam os ares e roçavam-lhes pela cara provocando mais
arrepios em Timbissa.
Desembocaram por fim num descampado circular. Parecia uma arena. Cercado de
rochas o lugar era um refúgio incrível com um único acesso. Uma toca. Um beco
sem saída. Olhando à sua volta Timbissa descobriu uma entrada na rocha.
“Uma gruta que só pode ter sido cavada por força dos espíritos” – pensava - “Isto
não é um lugar normal. Os muzimos aqui metem medo demais. Não devia ter vindo”.
Inconscientemente encostou-se a Lúcio. Caminharam até à boca da gruta. Lúcio
ajoelhou-se e chamou:
- Machaia! Machaia! Você está a ser precisado!
O silêncio era sepulcral. Uma aragem gelada brotava do interior da caverna.
Ouviram-se então passos lentos, arrastados. Surgiu então da penumbra um ancião
de pele acinzentada, com o cabelo grisalhomisturado com barro e que lhe chegava até à cintura. Ao luar parecia a juba
de um leão mas de cor de barro. Cobria-se de peles, uma escura à cintura e outra de leopardo caia-lhe pelos ombros. O cabelo entrançado naturalmente, fazia-o
parecer-se com um rastaman. Apoiava-se num cajado de madeira branca que era
fosforescente como as jiboias que encontraram no desfiladeiro.
- Faz muito tempo que não ouvia a tua voz Lúcio. Quantas luas já passaram desde
a última vez que vieste aqui ?
A voz do curandeiro parecia vinda do além, era grossa e mesmo falando baixo
ecoou pela arena de pedra quando questionou Lúcio.
- Muitas luas, muitas mesmo Machaia...
Lúcio estivera ligado a uma tragédia que acontecera em Cahora Bassa, quando um
casal que vivia numa ilha na albufeira processando peixe pende, desapareceu
para sempre sem deixar rasto. Lúcio era marinheiro e esteve nas buscas. Machaia decifrara o mistério mas Lúcio na
altura não teve coragem de contar a verdade para a comunidade. A verdade era
surreal e se ele a contasse com certeza ninguém acreditaria e ele seria olhado
como um louco.
- Quem é este que aqui trazes? Espero que não me venhas pedir ajuda para depois
não usares, como fizeste da última vez – quando disse isto os seus olhos
iluminaram-se de cor de fogo, a sua voz era de despeito. Machaia
nunca perdoara esta atitude de Lúcio e este não sabia que o curandeiro tinha
este sentimento de rancor guardado à tanto tempo.
- Este é Timbissa, amigo de Manjate. Ele tem um problema com a mulher mais nova
e precisa da sua ajuda – respondeu Lúcio a medo.
- Ah! Amigo de Manjate? Esse é meu velho conhecido. Já lhe ajudei muito...
Podem entrar. Vou aumentar a lenha no lume – dito isto avançou para o interior
da gruta. Pegou nuns paus armazenados num molho a um canto e sob o olhar dos
visitantes fez brotar uma labaredas reconfortantes.
Timbissa olhava ao redor e não se conseguia controlar. Estava em estado de
choque. Animais estranhos embalsamados. Búzios enormes. Uma variedade de cabaças
de tamanhosdiferentes. Raízes e ramos
exóticos pendurados por todo o lado. Uma diversidade de coisas e artefactos
estranhos preenchiam o interior desta caverna sobrenatural. O mais impressionante e o
mais ameaçador era um corvo vivo que pousado ao lado de Machaia os observava
fixamente, parecia ter o olhar irónico e desconfiado dum ser humano.
Simplesmente assustador. Lúcio entregou os peixes que já exalavam um cheiro nauseabundo. O corvo seguia todos os movimentos sem se mexer. Depois de acomodados em cima de algumas peles
de leão, finalmente Timbissa contou a sua história.