domingo, 27 de outubro de 2013

Lou Reed & the wild side







                                               
                                       1942 - 2013












A música de Lou Reed soa no ar e as imagens nítidas dum tempo memorável fazem acordar um passado que se viveu intenso, cheio de excentricidades e excessos.
Ouvi pela 1ª vez Lou Reed em Lisboa em 76, depois dessa ouvi muitas vezes mais, muitas mesmo, esse som único e estranhamente embriagante, a voz inimitável do bardo do mundo underground, do bas fond, das cores e ideias de Andy Warhol , do psicadélico, das drogas e das putas.














Velvet Underground e a arte de Warhol !!!

Patty Smith, Television, Stranglers, Genesis, Bob Marley, Peter Toch, Steely Dan, Peter Frampton, Joan Armatrading, Steve Miller, Peter Green, Caetano, Gil, Chico, etc...  um tempo de grande música e de grandes criações, Lou Reed entre todos eles  era a imagem do rebelde dos rebeldes, do junkie introspectivo.
Um tempo em que aliados à música, os livros e o cinema formavam como que uma religião, eram a igreja que nos guiava; o surrealismo, Dali, Fernando Pessoa, Breton,  Boris Vian, Burroughs, Kafka, Lautreamont, Ingmar Bergman, Gavras, Antonioni, Arrabal, Woddy Allen, Copolla, Scorcese, etc.










Os meus longínquos 19 anos, vivendo sem lar, saltitando de casa em casa mas com sede no cruzamento da  Alexandre Herculano com a Av. da Liberdade, na república da freakalhada,  sala de musica, dormitório e palco de todas bebedeiras e de todas viagens ,onde tantas vezes matávamos  a fome,  livres, anarkas e jovens ! 
Lou Reed criou aquela que é talvez a canção que mais me marcou, que era como um hino, quando tocava sentíamos que o nosso caminhar era mesmo selvagem, against the sistem !!!!


She says, "Hey babe, take a walk on the wild side"

He said, "Hey babe, take a walk on the wild side"
And the colored girls go
Doo do doo, doo do doo, doo do doo










 

Sem dúvida que foi esta vivência intensa que me transformou neste ser também meio surreal, desconhecido,  sempre colado a mim e de rebeldia em rebeldia a personalidade foi-se vincando, esta, lúdica, louca, angustiada mas romântica e  poética!!! 
Lou finalmente encontrou o verdadeiro lado selvagem dos seus anseios, a viajem psicadélica ou uma outra dimensão qualquer, a definitiva !!!


Vicious, you hit me with a flower
You do it every hour
Oh, baby you're so vicious!









segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Mayra Andrade e a africanidade





                                                     
                                               Ilha de Sta carolina - Arquipélago de Bazaruto















África, do pôr do sol que se incendeia em vermelhos e laranjas.  
Incendeiam-se também as savanas e os corações cansados e desiludidos...
África das doces tangerinas, das mangas de mel e dos doces sorrisos das gentes!










O amargo das vidas perdidas contrastam com a dádiva da beleza dos palmares infinitos...
África das praias paradisíacas e virgens, do espaço onde o tempo se perdeu para sempre de si.
Na sede do ultraje e da rapina, o nosso futuro eternamente se adia,  o futuro desacontece...









África dos contrastes, onde as minoriazinhas reinam sobre a maioria, como vampiros sedentos
A música e a dança, os corpos frenéticos no som dos tambores, o suor e as lágrimas, a força...
África, o cheiro da terra, o perfume que se prende para sempre na memoria, a marca umbilical










As capulanas e as vozes, o colorido da vida nas ruas, vive-se intensamente sem esperança... 
Africa, o berço do homem, o ninho inexplorado que de repente parece ter despertado...toda a cobiça !
O sabor dos dias é macio, sem a violência do preço a pagar para se viver que se paga nos outros continentes .
África, és o continente das reservas naturais e os teus filhos docemente penam pela sobrevivência, numa forma quase religiosa de não reagir.










quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O sabor do fel & Jack Johnson









                                                                           Manuel Bandeira




Pergunto à noite serena o porquê desta cabra da angústia não deixar de  me perseguir e sei de antemão que ela não me vai responder , pois eu sei que ela a noite é má conselheira.
Minh' alma sobressaltada, agoniada, farta destes sentires é um farrapo pisado no chão, estou de novo envelhecidamente cansado.
Onde buscar forças ? Onde?
 Estou farto desta angustia azeda  que transforma o sabor dos dias e das noites num gosto amargo de fel...
Prisioneiro sim, sou prisioneiro nesta prisão dos sentimentos sofridos !
Que agonia, acho que vou vomitar...
Só me resta vomitar e postar estes 3 versos do Manuel Bandeira  ele sim, desarmava a angustia e a transformava em peças de arte.







                                                 I

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.

A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.      









                                                        

                                                 II

Eu faço versos como quem chora

De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.






                                                    III


Chora de manso e no íntimo... Procura curtir sem queixa o mal que te crucifica:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.
Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura...
A vida é vã como a sombra que passa...
Sofre sereno e de alma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.
Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça 
Tua doce e constante companheira...






domingo, 15 de setembro de 2013

Nocturnos insones & Charlie Chaplin ...







                               Catedral de Maputo -  foto de Carlos Afonso








Já perdoei erros quase imperdoáveis,

tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis. 
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém. 
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.





Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
"quebrei a cara muitas vezes"! 
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo). 








Mas vivi, e ainda vivo!

Não passo pela vida…
E você também não deveria passar! 
Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve

e a vida é "muito" pra ser insignificante.
Poema da noite Charlie Chaplin





terça-feira, 27 de agosto de 2013

Justin Timberlake e o amor...


















Justin Timberlake lançou esta peça de r&b de qualidade fina, álbum super premiado e com um dos melhores vídeos musicais de sempre:
  " Mirror"
Para mim este disco é uma homenagem ao amor, realizada com finesse e um extremo  bom gosto !!
















Amar é um sentimento imperial, ele não permite que nada se lhe sobreponha.
Dependendo do lado para onde ele puxe, nos amordaça a alma e nos faz penar angústias duradouras ou nos faz rejubilar, nos faz amar a vida.
Amor é o melhor que temos dentro de nós, nada nos leva tão longe como ele, faz-nos superarmo-nos.










O ser amado e sentir-se amado é o êxtase, é o sorriso escancarado do coração ...
Amar não significa paz e sossego, antes pelo contrário, traz-nos sim as dores mais lancinantes, as lágrimas mais sentidas até a vontade de morrer...
Faz-nos também sonhar e olhar o mundo com optimismo, fazer planos, mudar o rumo da vida, seguir o coração ...










Amar é a pele falando, são os poros vibrando, amar é morrer de prazer e ressuscitar para morrer de novo, infinitamente se repetindo... 
Quando se ama os olhos se enternecem e a voz é meiga e de dentro de nós vem  doçura e bem querer.
Amor é massa !! 







domingo, 25 de agosto de 2013

A Palavra & Fat Freddy's Drop




























... Sim Senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam ... 
Prosterno-me diante delas... 
Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as ... 
Amo tanto as palavras ... 
As inesperadas ... 
As que avidamente a gente espera, espreita até que de repente caem ... 
Vocábulos amados ...
Brilham como pedras coloridas, saltam como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho ... 












Persigo algumas palavras ... 
São tão belas que quero colocá-las todas em meu poema ... 
Agarro-as no voo, quando vão zumbindo, e capturo-as, limpo-as, aparo-as, preparo-me diante do prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas ... 
E então as revolvo, agito-as, bebo-as, sugo-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as ... 
Deixo-as como estalactites em meu poema; como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes da onda ... 
Tudo está na palavra ...








Uma ideia inteira muda porque uma palavra mudou de lugar ou porque outra se sentou como uma rainha dentro de uma frase que não a esperava e que a obedeceu ... 
Têm sombra, transparência, peso, plumas, pêlos, têm tudo o que, se lhes foi agregando de tanto vagar pelo rio, de tanto transmigrar de pátria, de tanto ser raízes ... 
São antiquíssimas e recentíssimas. 
Vivem no féretro escondido e na flor apenas desabrochada ... 
Que bom idioma o meu, que boa língua herdamos dos conquistadores torvos ... 
Estes andavam a passos largos pelas tremendas cordilheiras, pelas Américas encrespadas, buscando batatas, butifarras*, feijõezinhos, tabaco negro, ouro, milho, ovos fritos, com aquele apetite voraz que nunca mais, se viu no mundo ...









Tragavam tudo: religiões, pirâmides, tribos, idolatrias iguais às que eles traziam em suas grandes bolsas... Por onde passavam a terra ficava arrasada... 
Mas caíam das botas dos bárbaros, das barbas, dos elmos, das ferraduras. 
Como pedrinhas, as palavras luminosas que permaneceram aqui resplandecentes... o idioma. 
Saímos perdendo... 
Saímos ganhando... 
Levaram o ouro e nos deixaram o ouro... 
Levaram tudo e nos deixaram tudo... 
Deixaram-nos as palavras.

Pablo Neruda









Último álbum dos fabulosos Fat Freddy's Drop - "Blackbird" 2013




segunda-feira, 19 de agosto de 2013

os blues do lagarto - the doors













 Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria ao homem como é: infinito.
                                                                                                                          William Blake













Posso fazer a terra parar no seu trilho.
 Fiz os carros azuis irem embora.
Posso fazer-me invisível ou pequeno.
Posso tornar-me gigante & atingir as
coisas mais distantes.
Eu posso mudar 
o curso da natureza.
Posso plantar-me em qualquer lado
em espaço ou tempo.
Posso citar os mortos.
Posso perceber eventos noutros mundos,
na minha mais profunda mente interior,
& nas mentes de outros.

Eu posso

Eu sou.
                                                                                                                                                              Jim Morrison













Sabem do febril progresso sob as estrelas?
Sabem que nós existimos?
Esqueceram porventura as chaves do Reino?
Já foram dados à luz e estão vivos?
Vamos reinventar os deuses e os mitos das idades;
Celebrar símbolos do mais fundo das antigas florestas (Esqueceram as lições da guerra pretérita)
Sabem que temos sido levados à matança por almirantes plácidos e que gordos e calmos generais se tornam lascivos perante o sangue jovem ?












O grão criador dos seres concede-nos uma hora mais pra mostrarmos nossas artes e completarmos as vidas, medo da morte no Avião;
E a noite era aquilo que a Noite deveria ser;
Uma garota, uma garrafa, e um abençoado sonho.
Espalhei a minha semente pelo coração da nação;
Injetei um gérmen no sangue da veia psíquica.










Abraço agora a poesia do negócio e torno-me – por um tempo – um “Príncipe da Indústria”
Um líder natural, um poeta, um Xamã, com alma de palhaço.
O que faço no meio da arena, na Praça de Touros;
Todas as figuras públicas lutando pela liderança
Estar bêbado é um bom disfarce.
Bebo para poder falar aos idiotas. O que me inclui. [...]
Adeus América, eu amei-te.

                                                                                              Jim Morrison






sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Heliodoro Baptista & Maverick Sabre
















Paisagem com Poema em segundo Plano

       
I

«Tantos nomes que não há
para dizer o silêncio».
Através das palavras, as que sobraram
dos outros e se encurvam à luz
edificámos a casa, flores alucinantes
e a canganhiça do fogo eterno
que há no amor.
Com esta não invoco um nome
e o meu país, acocorado, volta-se de perfil
com suas mulheres magras e sombrias e trágicas
pegando fogo aos sexos extenuados
As quizumbas deixam de ladrar
quando o medo cessa e da paisagem em movimento
(os rios inúteis? o crepúsculo das vontades?
os cascos do remorso? as crianças sublevadas?)
nomeia-se, se embebe tipograficamente
a humildade dos vultos em fila
ante o impossível milagre dos pães.
Como no circo
há quem não bata palmas.
«Tantos nomes que não há
para dizer o silêncio»
mas lembro, soletro devagar:
nocturno e geralmente inacessível
um homem percorre todos os lugares
e volta-se escuramente
para dentro de si
- que é a única prisão disponível
para o tamanho da sua luz.
As estrelas baixam ao nível do chão
e guardam-no para a eternidade
que há em cada sono.











                                                 














II

Tudo veio de muito longe
(murmuram-no as mulheres expostas
acariciando o púbis chamuscado)
para todo este território
onde as formas rápidas e convulsas
explicam as cabeças submergidas
na vertigem fabulosa
das parábolas.
Da infância à adolescência
os meninos souberam-no pelo Índico
na concha cheia de suas mãos puras e arrebatadas:
a dimensão do real é sempre discutível
como o adivinharam há muito
as aves canoras inundando
a inteligência da terra.
Fluo e refluo no tempo e na sua sombra
e dissimulo-me no capim, nos corais, no jardim urbano,
nas orelhas apreensivas, na crispação de alguns cristais
e sobretudo nos músculos das palavras ausentes
a crescer no formidável espaço do poema
- o amor inundará tudo
até ao sabugo das unhas.
Das letras, em algumas noites,
são esses os sinais que recebemos.
























III

É isso: morre-se ou vive-se na ambiguidade
mas o amor empolga como nunca
antes em qualquer nervo desta galáxia.
Então pensamos:
por cima de toda a folha
há a luz, este surpreendimento
a suor de animais insaciados que se veste de nós
e de nós se assombra (ou inquieta, subverte?)
a urbana convivência
tecida em silogismos
e recamada de ódios.
As coisas, ah as outras coisas
surgem pela própria ausência.
E assim
há gente que ama a fome
pois sempre aprendeu dos novos fabulários:
a burla nasce quando a dúvida
acontece o simples e delicado povoado
onde o coração emite
as seculares ondas de repulsas.
As palavras amadurecem, transcendem-nos.
Como os dias. Este trajecto imemorial.
Os vãos escuros das escadas. Os estádios ao sol.
As vazias mesas. Uma criança estremunhada na noite.
O império dos sentidos. Uma braçada de folhas de mandioca.
Das mulheres feridas, a teimosia. Na pele, os mil olhos.
E insuspeita, delicadamente
a sombra reflexiva
(há séculos? desde ontem?)
de um escriba na audição
do poema que não fará.
Porque, hoje como nunca,
«tantos nomes que não há
para dizer o silêncio».


Beira, 85
IN Cadernos «Diálogo» 1
As Palavras Amadurecem – 1988











sábado, 27 de julho de 2013

deixar rolar... - music by Daft Punk









                                   


















A pedra de pele lisinha e de formas arredondadas atingiu a sua unicidade, perfeita e bela ...

Quantos tombos?
Quantas vezes foi arrastada sem piedade?
Quanta areia a esfregou e foi necessária para a burilar?
Durante eras ela se foi aperfeiçoando, perdendo pedaços de si no ímpeto das ondas, sofrendo menos...
As arestas que marcavam sua personalidade foram se partindo e o processo ininterrupto sempre a rolar








A dureza com que se movia se transformou depois em movimento leve, letivando por dentro das águas do mar quase via e sentia sua erudição dançar , o seu peso a rolar e a dor do caminho longo explodindo em flores coloridas...

As cores do desapego da dor, deitando fora todo o lixo espiritual...
Como essa pedra é a alma humana, se ela assim se deixar chicotear o cerrar dos dentes ficará de pedra, se ela de tropeço em tropeço ferir os joelhos em chagas contínuas, se ela gritar e doer , uma vez, muitas vezes, muitérrimas vezes....as feridas sararão e o eco dos gritos esmorecerá, silenciará.
















Redonda e lisa, sem marcas, unicidade perfeita, fechada  e sólida de si segura, pronta para o arremesso!!
O exterior e o interior não interessam mais!!
O ontem e o de há anos correndo atrás do agora e do futuro, parando e sossegando
O doce coração oscilando  na balança, o amor e a paz mantendo o mesmo peso, não mais um prato desequilibrará as certezas tornando-as  incertezas, não mais...
Let dance, get lucky and live, smile and go thru,  live a love story or a happy story !










sexta-feira, 5 de julho de 2013

Tricky, a sua musica e Bukowski...








                                         















Álbum novo, " False Idols ", o som e o génio de Tricky nos levando em mais uma viagem ao mundo psicadélico, surreal, cinematográfico...
Tricky é  trip hop puro , o mestre dos Massive Attack...

Tricky é um personagem alucinante de movimentos e gestos catatónicos, louca dança, embriagante e viciante, é de arrepiar a sua presença em palco !!!  

Genial e feio, um personagem dark, do outro mundo como  a sua música, doutra galáxia...

I like it !!!!















































  O inferno está lotado e tu sempre a pensar que  estás sozinho.
Tu nunca podes dizer a ninguém que estás no inferno senão eles vão pensar que estás louco.
mas ser louco é estar no inferno e ser sensato também.
aqueles que escapam do inferno nunca falam sobre isso e nada mais
os incomoda depois disso.










Quero dizer, coisas como falta de uma refeição, ir para a cadeia, bater com o carro ou mesmo morrer.
quando tu perguntas, "como vão as coisas ? " eles respondem: "bem, muito bem ... "
uma vez que foste para o inferno e voltaste, é o bastante, é a mais silenciosa celebração conhecida.













uma vez que foste para o inferno e voltaste, não olhas para trás quando o chão range.
o sol está no alto à meia-noite e coisas como os olhos de ratos ou um velho pneu num terreno baldio pode tornar-te feliz.
uma vez que foste para o inferno e voltaste.

Charles Bukowski












segunda-feira, 24 de junho de 2013

... é deixar ir - music by India Arie









                                               








Abdicar por amor, frase que contém o conceito mais generoso, diria,  a dádiva maior feita de todas lágrimas...
A consciência dorida da impossibilidade de se ter e o ter de desistir, sem querer, do que mais se quer ...
A liberdade de sentir corta como uma faca de dois gumes, o teu sentir não pode exigir o sentir do outro e são duas liberdades que se anulam na não realização do que se anseia...








Abdicar é foda, abdicar é aceitar que uma parte de ti seja decepada... 
"Por amor mato o pedaço mais sensível e pulsante do meu ser"....
"Se um não quer dois não fazem", menos sofrido quando assim é, o desamor de um dos lados é uma  causa perdida ....
Abdicar por amor em cima do amor maior, o amor recíproco, esse é o abdicar real, é o céu ao teu alcance e as razões do acaso de traindo, te obstruindo o caminho...








Abdicar por amor é perceber que mais forte que o amor que queres  receber é o amor que terás de dar para nada receberes... 
Abdicar por amor é deixar partir sem esboçar nenhum gesto para que não parta , é deixar ir...










segunda-feira, 17 de junho de 2013

Vale sempre a pena... - reggae music

                         







                                        






                                                                                          

Quem se lembra do filme de culto de 1978,  Midnight  Express?
A história do jovem  turista que é apanhado no momento do embarque em Istambul com algumas barras de haxixe e é fechado  numa cadeia infernal, prisão que o leva quase à loucura....















Já preso há muitos anos é transferido para uma cadeia - hospício e ai a loucura fica por um fio...
A dada altura e contrariando a rotina diária de todos os loucos, a de caminharem ininterruptamente em círculos e num último rasgo de lucidez, o jovem endoidecido vira-se e começa a caminhar em sentido contrário , contra a turba de loucos agitados pela quebra daquele ritual.
A confusão que se gerou salva-o, desperta do pesadelo em que aquela provação o fizera cair, reage  e das profundezas escuras do desespero, num último sopro, puro instinto de sobrevivência,  acorda do coma, regressa à vida !!















A lembrança deste filme é como um grito de basta, ele percebe que mais uma vez tem de encerrar outro capítulo da sua vida.
Tem que ir por caminhos diferentes, mudar as regras, contrariar o estabelecido, buscar outras energias e não perder mais tempo, lá fora a vida urge.  

Perceber o que nos faz mal é demorado mas sempre  chega...
Ele não sabe o que vai fazer, não tem planos, mas vai sair por aí e algo acontecerá , seja o que for será melhor que a rotina, essa rotina vegetal em que vivia pensando, amorfo, reflectindo, isolado do mundo e da vida...
O sol brilha e as crianças brincam, as pessoas falam alto, ouvem-se gargalhadas, tantas vidas e tantos problemas, então para quê lamentar ?














 

Cântico negro




"Vem por aqui!" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio















http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Expresso_da_Meia-Noite

sábado, 15 de junho de 2013

Love, where are you ?














Solidão é um mar sem profundidade, sem maré, imenso e inavegável...
Não ter ninguém, não falar com ninguém, não ver ninguém...
Solidão é uma merda, um beco sem saída, uma ilha perdida...
Ficar falando consigo até a exaustão, falar para não enlouquecer, enlouquecendo...
Solidão é cobardia, é não querer, é ir desistindo, entregando a vida ...
Ficar na janela olhando nada, música tocando e não se ouvir, silêncios sonoros zumbindo !!




O Buddha soando seus dizeres, os mantras te puxando e mesmo assim...
Solidão é negação, é não viver, é só o espírito se rebelando, procurando sair...
O mar leva o  espírito, voando veloz por sobre as águas no vazio...
Solidão é reflexão, é regressão, é viver para trás procurando o porquê
Amar é tão distante, rir é algo que está doente, sobra só dormir, sim dormir...
Dormir o sono dos perdedores, sonhar com a vida que já não existe, dormir acordado...









Porra, mandar tudo para o espaço tentei, como um boomerang tudo voltou...
Fugir não adianta, fugir para onde, da solidão não se foge...
Beber, fumar, foder, gastar, caminhar, olhar e no fim, chorar..
Chorar sem lágrimas, chorar porque só apetece chorar, chorar sem consolo ...
Os dias e as noites sucedem-se e passam semanas num instante, voam...
A noite e a cama vazia são a estocada final, como um castigo ela será o teu refúgio
Abraçado à almofada, rolando e emaranhando os lençóis  o amanhecer chegará
O sono vencerá , o dia já a meio, da janela o paraíso, outro dia e depois outro e outro





segunda-feira, 10 de junho de 2013

As Quatro Nobres Verdades















O mundo esta cheio de sofrimentos. 
O nascimento, a velhice, a doença e a morte são sofrimentos, assim como são o fato de odiar, estar separado de um ente querido ou de lutar inutilmente para satisfazer os desejos. 
De fato, a vida que não esta livre dos desejos e paixões esta sempre envolta com a angustia.
 Eis o que se chama de a Verdade do Sofrimento.
A causa do sofrimento humano encontra-se, sem duvida, nos desejos do corpo físico e nas ilusões das paixões mundanas. 
Se estes desejos e ilusões forem investigados em sua fonte, poder-se-a verificar que os mesmos se acham profundamente arraigados nos instintos físicos. 
Assim, o desejo , tendo um grande vigor, já em sua base, pode manifestar-se em tudo, inclusive mesmo, em relação a morte. 
A isto se chama de a Verdade da Causa do Sofrimento.
Se o desejo, que se aloja na raiz de toda a paixão humana, puder ser removido, ai então, morrera esta paixão e desaparecerá, consequentemente, todo o sofrimento humano. 
Isto é chamado de a Verdade da Extinção do Sofrimento.
Para se atingir um estado de tranquilidade, em que não há desejo nem sofrimento, deve-se percorrer o Nobre Caminho, galgando suas oito etapas que são: 
Percepção Correta, Pensamento Correto, Fala Correta, Comportamento Correto, Meio de Vida Correto, Esforço Correto, Atenção Correta e Concentração Correta. 
Eis a Verdade do Nobre Caminho para a Extinção dos Desejos.
Deve-se ter sempre em mente estas Verdades, pois, estando o mundo cheio de sofrimentos, deles se pode escapar, apenas com o romper dos vínculos das paixões mundanas, que são a causa única das agonias. 
O meio de vida, isento de toda a paixão mundana e do sofrimento, somente é conhecido através da Iluminação, e a iluminação somente pode ser alcançada através da disciplina do Nobre Caminho.





















 Aqueles que buscam a Iluminação devem entender as Quatro Nobres Verdades.
Se não as entender, perambularão interminavelmente no desconcertante labirinto das ilusões da vida. 
Todos aqueles que conhecem as Quatro Nobres Verdades são chamados de “pessoas que adquiriram os olhos da Iluminação.”
Por essa razão, aqueles que quiserem seguir os ensinamentos de Buda deverão concentrar suas mentes nestas Quatro Nobres Verdades e procurar entende-las claramente. 
Em todas as épocas, um santo, se verdadeiramente santo, é aquele que as conhece e a ensina aos outros.
Quando um homem conhecer claramente as Quatro Nobres Verdades, o Nobre Caminho o afastará de toda a cobiça. 
Uma vez livre da cobiça, ele não lutará com o mundo, não matará, não roubará, não cometerá adultério, não trapaceará, não abusará, não invejará, não se irritará, não se esquecerá da transitoriedade da vida nem será injusto.










segunda-feira, 3 de junho de 2013

A nossa solidariedade desumana - music by Richard Bona







                               
                                                           " O anjo caído "  - Gustave Doré















Lá onde não se quer a miséria absoluta pois a miséria só por si até que nem seria má de todo, esgrimem-se razões e reivindicações ao ritmo da morte que paulatinamente vai ceifando os cidadãos absolutamente miseráveis e os miseráveis...
Tal como um clube rico que negoceia a aquisição de mais um reforço, sem stress, pesando cada vantagem e cada desvantagem, ao sabor do defeso, sem nenhum prazo, sem qualquer pressão, por lá assim  se negoceia  um acordo sem urgência, sem mesmo banco de urgências !!!

A que ponto chegaram como seres humanos ou será que de humanos só têm a definição?

A capacidade de aceitar o inaceitável, de digerir friamente o mal alheio provocado por eles próprios, a prepotência a qualquer preço, a desumanidade total, é de bradar aos Céus !!!











"Será que alguém pensa genuinamente que se não conseguiu algo foi por não ter tido o talento, a força, a resistência e a determinação nesse sentido?"

Nelson Mandela








Os hospitais, os centros de saúde, ao longo desse imenso país estão há mais de 10 dias a funcionar a txova ou seja, não funcionam de forma que se permita tratar, ajudar, salvar os cidadãos absolutamente miseráveis e os outros restantes miseráveis ...
Estou a reler um livro que se chama os Malditos e que trata do personagem Diabo e dos homens que viveram e se comportaram como exemplos vivos do Demo.
Um deles chamava-se Laurenti Pavlevitch Béria, foi o braço executor das depurações na URSS no tempo de Estaline e era de facto um individuo diabólico, para quem a vida humana não tinha valor algum.
Mandou para os Gulags milhares, purgou muitas centenas de milhares, foram assassinados milhões em prol dum ideal inexistente, numa paranóia de poder absoluto que desencadeou uma espiral de morte que ultrapassou qualquer lógica !!!
Passaram quase 70 anos desde essa altura e ou por coincidência ou por acaso, ao ler as descrições sobre a forma impessoal como se eliminavam pessoas, fria e cruelmente, não consegui deixar de comparar com o que se está a passar pela terra que diz querer erradicar a miséria total.







Como é possível que alguém com responsabilidades decisórias sobre o caos no sistema de saúde pública consegue dormir calmamente durante estes tantos dias que passaram, em que já morreram muitas pessoas  e continuam a morrer, como condenados, como os deportados sem hipóteses de serem salvos, sem qualquer esperança de sobreviver ?
O que é que está a acontecer com eles?
Como é que é possível que os gritos de desespero, os gritos de saturação, de desgaste total dum povo não toquem nem que só levemente no coração de quem tem nas mãos o poder de decidir sobre a sobrevivência ou não de milhares de pessoas?
Pessoas  que estão a sofrer e a pagar por algo de que não têm culpa nenhuma !!

Os Béria pelos vistos existirão sempre, o Diabo, simbólico ou não, triunfará sempre se o Bem e a Justiça  deixarem de ser o objectivo primordial ...
Cabe às pessoas sensatas e conscientes, tudo fazerem para que nesse país que diz querer acabar com a miséria absoluta, não perdurem esses actos dignos do verdadeiro Lúcifer  !!



"Devemos usar o tempo sensatamente e entender que o momento é sempre adequado para se fazer o bem."

Nelson Mandela