segunda-feira, 12 de março de 2012

Pudesse - musica d'África











Pudesse eu transformar o teclar nas letras em dizeres lindos, histórias fascinantes, poemas vibrantes, gritos melodiosos 

pudesse eu ao falar dizer venturas, elevar os seres aos  seus limites, levar todos numa viajem nova

pudesse eu olhar o céu e ver no temporal a bonança e a harmonia vindouras, o serenar inevitável que o desesperado não vê
pudesse eu chorar e o cair das lágrimas  levasse pelo éter o lamento vero do que no interior acontece, fazendo chorar também o indiferente















pudesse eu perceber  o que não se explica, o que como o tempo é de um improvável  sentido aleatório

pudesse eu entender o absurdo do mundo, perceber o surreal circulo crónico da infâmia, entender só  um pouquinho...
pudesse eu dizer da beleza da criação, e dizer o mesmo da natureza humana, ao invés de se me torcerem as entranhas quando penso nela, tantas vezes 
 pudesse eu ter inventado coisas como egoísmo, ignorância, crueldade, insensibilidade...e não mo tivessem deixado fazer , e elas  nunca tivessem chegado a nascer !!
pudesse...










fotos de Hans Silvester   - as tribos do rio Om

















terça-feira, 6 de março de 2012

Banksy - street art


















Banksy é o pseudónimo de um grafiteiro, pintor, ativista político e diretor de cinema inglês.

 Sua arte de rua satírica e subversiva combina humor negro e graffiti feito com uma distinta técnica de stencil. 
Seus trabalhos de critica social e política podem ser encontrados em ruas, muros e pontes de cidades por todo o mundo.
 O trabalho de Banksy nasceu da cena alternativa de Bristol e envolveu colaborações de outros artistas e músicos.
 De acordo com o designer gráfico e autor Tristan Manco, Banksy nasceu em 1974 em Bristol (Inglaterra), onde também foi criado. 
Filho de um técnico de fotocopiadora, começou como açougueiro mas se envolveu com graffiti durante o grande boom de aerosol em Bristol no fim da década de 80. 
Observadores notaram que seu estilo é muito similar à Bleck Le Rat, que começou a trabalhar com estencils em 1981 em Paris, e à campanha de graffiti feita pela banda anarco-punk Crass no sistema de tubulação de Londres no fim da década de 70. 
Conhecido pelo seu desprezo pelo governo que rotula graffiti como vandalismo, Banksy expõe sua arte em locais públicos como paredes e ruas, e chega a usar objetos para expô-las.
 Banksy não vende seus trabalhos diretamente, no entanto, sabe-se que leiloeiros de arte tentaram vender alguns de seus graffitis nos locais em que foram feitos e deixaram o problema de como remover o desenho nas mãos dos compradores.
 O primeiro filme de Banksy, ‘Exit through the Gift Shop’, teve sua estréia no Festival de Filmes de Sundance. 
Foi oficialmente lançado no Reino Unido no dia 5 de março de 2010 e em janeiro de 2011 foi nomeado para o Oscar de Melhor Documentário.










                                      

































































domingo, 4 de março de 2012

Domingo sem Irina















O ciclone Irina resolveu vir fazer charme aqui à nossa frente, na nossa costa maputense...
Ela veio ameaçadora e meio furibunda, chegou as nossas portas e começou a saracotear-se e nem para a frente , nem para traz...
Ficou para ali a se exibir, a  mostrar-se...
Fartou-se, pois ninguém ligou nada a sua exibição e como uma  femme fatale foi deslizando costa a baixo...
Resolveu nos poupar, resolveu ir assombrar lá para as bandas da  costa sul africana.










...mas não acabou, segundo as previsões ela vai voltar dentro de dias e vai fazer uma volta de 360º triunfal, obscena,  à nossa frente vai qual touro frente ao pano vermelho se enervar e depois ...
não sei mas não quero nem imaginar !!!
Tomara que fique possessa e se ponha a dançar   enquanto não se decide e acabe se desfazendo em êxtase , se diluindo  por ali, pelas águas tépidas do nosso amado Índico.














Pérolas & Gurus











Os génios são aqueles que dizem muito antes o que se dirá muito depois.

Gomez de La Serna

















































quinta-feira, 1 de março de 2012

Dois velhos poemas - música de Imogen Heap



















Nesta viagem surreal em que vagueio, encontrei enquanto vasculhava meu velho espólio de livros empilhados no chão do meu quarto,  recém chegados do passado, este velhíssimo poema dos times ...









Três donzelas foram de viagem
Uma levava um pedaço de pão
                                         na mão
Uma disse
                 Cortemo-lo e dividamo-lo


E chegaram a uma floresta vermelha
e no meio da floresta vermelha
                 encontraram uma igreja vermelha
e na igreja vermelha
              havia um altar vermelho
e em cima do altar vermelho
               estava uma faca vermelha
e agora chegamos à parábola
                                                     Elas
pegaram na faca vermelha e feriram 
                                                   o pão
e onde o golpearam com a
                                           faca tão vermelha
                                           o pão era vermelho
Lawrence Ferlinghettti














... noutro livro amarelado, de ásperas folhas encontrei este também dum outro tempo...









O peso do mundo
          é o amor.
Sob o outro peso
         da solidão,
sob o outro peso
         da insatisfação

         o peso,
o peso que trazemos
         é o amor.
Quem pode negá-lo?
          Nos sonhos
ele toca
          no corpo,
em pensamento
          constrói
um milagre,

          em imaginação
angustia-se
           até nascer
num ser humano -

do coração espreita
         em pura chama -
pois o peso da vida
        é o amor,

mas trazemos o peso
         muito cansados,
e assim repousamos
nos braços do amor
        por fim ,
repousamos nos braços
          do amor.

Não há repouso
          sem amor,
nem sono
        sem sonhos
de amor -
          seja louco ou gelo
obcecado por anjos
           ou máquinas,
o desejo final
          é o amor
-não pode amargar,
     não pode negar
nem pode fugir
          quando for negado

o peso é de mais

      - tem de se dar
pois nada em troca
          como pensado
é dado
         na solidão
por mais que excele
         e que se exceda.  


Os corpos quentes
         brilham juntos
na escuridão,
         e a mão move-se
para o centro
          da carne,
a pele treme
         de felicidade
e a alma assoma
         alegre nos olhos -

sim, sim,
          é isso mesmo
que eu quero,
          que eu sempre quis,
pois sempre quis
        regressar
ao corpo
          de onde nasci.


Allen Ginsberg















domingo, 26 de fevereiro de 2012

electronic music - sair por aí !!!







                        











dizer o quê?
be sincere !...
Fogo nos olhos, labaredas ardendo a volta, o mundo se entornando feito lava ..
como dizer?
Be sincere!...
 this music flows, my legs are trembling..
don't do it !!!!









Leve, flutuando no éter , o bass levando nuances de psicadelismo retro...
na recta final do sonho ou quase no inicio doutro...se confundindo, qual ??
I see everything ...










desconstruir ou reeinventar...
linguagens claramente superiores, a música ...as emoções

nós simplesmente gatinhamos, longe de nos levantarmos para caminhar...






 Fevereiro já foi, 2011 acabou ainda agora, amanhã já era...time is shit !!
vamos dançar a Gaelle com a luz apagada , e sair, sair, ir.....




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Noite de chuva - música de Nick Colionne





                                   
















Chove lá fora, a noite ao contrário, terminando quando deveria estar a começar...
Uma quietude plena paira no ar e a noite já  a meio  espraia-se pelos silêncios, pelos devaneios da alma
Passageiros da viajem , somos estranhos às nossas mudanças, elas chegam e  passamos  de tristes para alegres e vice-versa, elas  não nos deixam respostas, apenas perguntas...








Nick Colionne perfuma o momento e suaviza os alvoroços, abranda o corcel e tudo fica mais claro
Chove no silencio desta noite sem vento, ouve-se a chuva cair sem pressa e as árvores impávidas e serenas se banham ...
Jazz mood, em câmara lenta, como que flutuando no espaço sem gravidade, nego-me a pensar...
Uma guitarra amada com cuidado, cintilantes sons,  a noite estranhamente vai caindo, sem emoções  , vai...

















segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Criando - música de Macy Gray










                                 











Eu hei-de esculpir o futuro ao jeito do criador que extrai a obra de mármore a golpes de cinzel.

E caem uma a uma as escamas que escondiam o rosto do Deus.
E os outros dirão: Este mármore continha este Deus.
Ele o que fez foi encontrá-lo.
E o gesto dele não passava de um meio.
Mas eu cá digo que ele não calculava, ele forjava a pedra.
O sorriso do rosto está muito longe de ser feito de suor, de faíscas, de golpes de cinzel e de mármore.
O sorriso não é da pedra, mas sim do criador.
Liberta o homem, e ele criará.
Antoine de Saint - Exupéry 












É raro ver-se um artista na casa dos 30 ou dos 40 anos contribuir com alguma coisa realmente extraordinária.
É claro que existem algumas pessoas com uma curiosidade inata, que são eternas crianças na maneira como se maravilham com a vida, mas são raras. 
Os nossos pensamentos constroem padrões semelhantes a dobras na nossa mente.
Nós estamos efectivamente a esboçar padrões químicos.
Na maioria dos casos, as pessoas ficam presas nesses padrões, como nos sulcos de um disco, e nunca saem deles. 
Se quisermos viver a vida de forma criativa, como um artista, não podemos olhar muito para trás.
Temos de estar dispostos a agarrar naquilo que fizemos, na pessoa que fomos, e deitá-lo fora. 
Quanto mais o mundo exterior tenta impor-nos uma imagem nossa, mais difícil é continuarmos a ser um artista, e é por isso que muitas vezes os artistas têm de dizer: «Adeus. Tenho de ir.
Estou a ficar maluco e vou sair daqui.» E depois ir hibernar para qualquer lado. Talvez mais tarde, voltemos a emergir de uma maneira um pouco diferente.

Steve Jobs










O maior mérito do homem consiste sem dúvida em determinar tanto quanto possível as circunstâncias e em deixar-se determinar por elas tão pouco quanto possível. Todo o universo está perante nós como uma grande pedreira perante o arquitecto, o qual só merece esse nome se com a maior economia, conveniência e solidez constituir, a partir dessas massas acidentalmente acumuladas pela Natureza, o protótipo nascido no seu espírito. Fora de nós, tudo é apenas elemento. Sim, até posso dizer: tudo o que há em nós também. Mas no fundo de nós próprios encontra-se essa força criadora que nos permite produzir aquilo que tem de ser e que não nos deixa descansar, nem repousar, enquanto não o tivermos realizado, de uma maneira ou de outra, fora de nós ou em nós. 

Johann Wolfgang von Goethe








domingo, 19 de fevereiro de 2012

Pensando - music by Nneka










                                  




Tudo o que é desordem, revolta e caos me interessa; e particularmente as atividades que parecem não ter nenhum sentido. Talvez sejam o caminho para a liberdade. A rebelião externa é o único modo de realizar a libertação interior

Jim Morrison













Nada em ti me comove, Natureza, nem 
Faustos das madrugadas, nem campos fecundos, 
Nem pastorais do Sul, com o seu eco tão rubro, 
A solene dolência dos poentes, além. 

Eu rio-me da Arte, do Homem, das canções, 
Da poesia, dos templos e das espirais 
Lançadas para o céu vazio plas catedrais. 
Vejo com os mesmos olhos os maus e os bons. 

Não creio em Deus, abjuro e renego qualquer 
Pensamento, e nem posso ouvir sequer falar 
Dessa velha ironia a que chamam Amor. 

Já farta de existir, com medo de morrer, 
Como um brigue perdido entre as ondas do mar, 
A minha alma persegue um naufrágio maior. 

Paul Verlaine, in "Melancolia" 













Aqueles que me têm muito amor 
Não sabem o que sinto e o que sou ... 
Não sabem que passou, um dia, a Dor 
À minha porta e, nesse dia, entrou. 

E é desde então que eu sinto este pavor, 
Este frio que anda em mim, e que gelou 
O que de bom me deu Nosso Senhor! 
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!! 

Sinto os passos da Dor, essa cadência 
Que é já tortura infinda, que é demência! 
Que é já vontade doida de gritar! 

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio, 
A mesma angústia funda, sem remédio, 
Andando atrás de mim, sem me largar! 

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"








quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Encucado - musica de Marisa Monte







                    






O segredo da saúde mental e corporal está em não se lamentar pelo passado, não se preocupar com o futuro, nem se adiantar aos problemas, mas viver sábia e seriamente o presente. 
Buddha




           





“O papalagui  não pára de pensar. (…) Mas também ele próprio é objecto dos seus pensamentos (…). 
O papalagui pensa tanto, que o acto de pensar se tornou um hábito, uma necessidade, e até mesmo uma coacção. Vê-se obrigado a pensar continuamente. 
Só muito a custo consegue não fazê-lo e deixar viver todas as partes do seu corpo ao mesmo tempo. 
Na maior parte do tempo vive apenas com a cabeça, enquanto os sentidos dormem um profundo sono. 
Muito embora isso o não impeça de andar normalmente, de falar, de comer e de rir, permanece fechado na prisão dos seus pensamentos – os quais são os frutos da reflexão.




      






 Deixa-se, por assim dizer, embriagar pelos seus próprios pensamentos. 

Quando brilha um belo sol, logo ele pensa: 
“Que belo sol que está agora!” 
E continua a pensar, sempre a pensar: 
“Mas que belo sol!” 
Ora, isso é falso, absolutamente falso, é uma aberração, pois quando o sol brilha, vale mais não pensar em nada. Qualquer Samoano sensato irá estender e aquecer o seu corpo ao sol, sem reflexões. 
E goza do sol não só com a cabeça, mas também com as mãos, com os pés, com as coxas, com o ventre, em resumo, com o corpo todo.” 

...do livro de Erich Sherman " Os Papalagui "




       







       

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

São Valentim - sweet music








Maputo é sempre uma surpresa, o dia hoje nas lojas especiais para a ocasião estavam a bombar...

O maputense adoptou este dia, ele  gosta do dia dos namorados e então é uma loucura, é tipo compras da véspera do natal...
Ao fim da tarde a cidade enlouqueceu e segundo informações in loc o negócio de flores estava uma feira...
É o amor verdadeiro ou a curtição da data que move esta gente toda ?



                                                                          foto Carlos Serra



Ambos , e pena seja que não estejam todos  a sentir profundamente o São Valentim; celebrar a data e presentear o namorado é lindo...

Estar a amar profundamente, saber-se amado, viver intensamente essa aura é a essência para a celebração deste dia.







O Dia dos Namorados para cumprir calendário é a afirmação de que não se é namorado de nada...
O stress também reina por aqui, alguns dos que não têm namorados não aguentam a pressão dos vendedores ambulantes de rosas nem  das lingeries ousadas nas vitrinas dos shoppings e explodem de mau humor ...
Outros, solitários esperançosos ficam ansiosos e sonham que São Valentim lhes trará o príncipe ou a princesa dos seus sonhos ...







O amor, os corpos ardentes, os namoros, os amantes, os que pecam para amar, o calor africano, os que fogem atrás  da sua razão de viver, do seu escolhido, o jantar à luz das velas, a noite numa suite cinco estrelas , numa praia deserta, no elan dum simples quarto , amar até na lua,  este é o dia mágico que eleva o encontro dos amantes á condição de cerimónia de oferenda aos deuses do amor... 
Maputo é isso tudo, com exagero, com ingenuidade, com entrega total, felizes...
Celebre-se o amor !!!



domingo, 12 de fevereiro de 2012

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Fenómeno - music by Nils






                            




Estas foto fabulosa digna das melhores não necessita de legenda mas é de tal forma bela que não resisti...

Os meus parabéns ao fotografo Jorge Campos pelo momentum...







O calor estava insuportável, o ar parado era quase palpável tal era o bafo em que 
estávamos mergulhados; era o segundo dia de temperaturas fora do normal e hoje especialmente estava demais e tudo fazia adivinhar o que veio a suceder...Vinda lá dos lados da Catembe, uma nuvem negra enorme e longitudinal aproximou-se rapidamente trazendo com ela trovões, relâmpagos, ventos e chuva tipo temporal ...




        











Sem pedir licença entrou por Maputo a dentro em pose de ciclone e arrancou, partiu, choveu,  uma tempestade de pouca dura, terrível mas sem maldade e como veio se foi, deixando os céus da Catembe se transformarem num por do sol alaranjado, magnífico...e a bonança chegou com frescura que ainda perdura ...
ouve-se ainda um ou outro rosnar, mas um rosnar de leão que se vai, insatisfeito...




quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Futuro - music by SBTRKT










Futuro, é,  hoje fui ver o meu neto Lucca a quem já não via há mais de uma semana...estava a dormir quando cheguei e dormiu tipo pedra que acabei almoçando, dormindo a sesta e indo embora sem que o príncipe acordasse...








Já no Massala ligou o meu filho Ruben a dizer que sua Excia Don Lucca tinha começado finalmente a andar...
Não resisti e ao fim da tarde voltei para ver o prodígio do menino, emoção a duplicar, a emoção de pai que já viveu esse momento e a de avô vivendo de novo e também vivendo a emoção  dos meus filhotes e da minha neta.
O futuro acontecia ali, no tempo real, o Lucca começando o seu trilhar sob o olhar extasiado dos pais, tios, avô e da felicíssima maninha Mina, lindoooooo !!!






Com ele chegarão as novas sonoridades, num mundo em que de certeza tentarei ser um espetador atento e deslumbrado, de bengala e aparelho na orelha, hehehe
                                   
Os SBTRKT, abreviando substract, banda de sonoridade do amanhã , um dos melhores álbuns de electronic de 2011, servem de banda sonora para essa maravilhosa histórinha do milagre da vida, da imensurável felicidade de ver os meus filhos deslumbrados com o  espetáculo do Lucca a andar, simplesmente...
Desculpem-me mas avô só tem razão de existir quando é avô babado..













http://en.wikipedia.org/wiki/SBTRKT

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Lua Cheia - music by Verve Remixed











A lua cheia ilumina a baía de Maputo e uma vibração inexplicável o cobre como um manto ...
O coração está nostálgico, triste, sem vontade de nada...
Quer neste momento só estar, nem pensar quer, apenas deixar que a influência da lua cheia se metamorfoseie e lhe traga outro sentir ...
A lua dos namorados não é hoje para ele ...
Hoje ela apenas ilumina seus desencantos, apenas o leva para onde não quer mais ir...
Vestida
de azul  num  véu diáfano , tinge a cidade descolorida  ...
O mar se azula surreal e as inconstâncias se manifestam, transbordam , o chão deixa de existir...
A lua cheia enorme avança e cobre todo horizonte, e tudo lhe passa pela cabeça,  a vida toda num ápice...
Oh lua, que sufoco é este que  estás a oferecer escondido por trás da tua beleza?







A noite é linda
ainda palpita no mar
a lua cheia a se esvair em luar
Vem, ó minha amada
e fica linda e sem véu
como essa lua no céu

Eu sou o mar

Ó meu amor, diz que sim
E vem pousar o teu luar sobre mim
Vem que todo dia
cada noite tem um fim
só para nos separar







Ai, minha amada

madrugada chegou
e a sua luz me diz que devo partir
Mas meu coração
não compreende a razão
de me arrancarem de ti

É tanta a mágoa

desta separação
que já meu corpo chora a falta do teu
Que esses cantos meus
são como prantos de adeus
por me arrancarem de ti

Vinicius de Moraes











sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Meu Herói Eduardo Mondlane



                                               20/06/1920 - 03/02/1969















Feriado longo, todo mundo usufruindo dos 3 dias, nas praias, de visita a outros lugares ou simplesmente curtindo o sossego da casa sem horários para cumprir, todos gozando o 3 de Fevereiro.

O dia em que se comemora a passagem dos 43 anos sobre o assassinato de Eduardo Chivambo Mondlane, o pai da pátria moçambicana !!
Este intelectual, self made man, professor de história e sociologia na Universidade de Syracuse, New York, investigador nas Nações Unidas, onde estudava as razões e os acontecimentos que estavam a levar os países africanos a lutar pela Independência.
Foi ele que uniu os movimentos que lutavam pela Independência de Moçambique e que em conjunto fundaram a Frente de Libertação de Moçambique, tendo sido ele nomeado o primeiro Presidente da Frelimo.
Foi assassinado por um encomenda bomba  e nunca se soube quem o matou.





    
                 









Eduardo Mondlane casou com uma cidadã americana com quem teve 3 filhos.

Esta curta biografia é suficiente para se perceber que ele era um homem com uma cultura, educação e uma formação acima da média.
Filho de um chefe tradicional, Mondlane estudou na missão presbiteriana suíça próxima de Manjacaze. Terminou os seus estudos secundários numa escola da mesma igreja na África do Sul e depois de uma curta passagem pela Universidade de Lisboa, foi financiado pelos suíços e foi estudar para os Estados Unidos onde se doutorou em sociologia.

Imaginar este líder a governar este País é um exercício lindo de se fazer.
Os valores, o conhecimento e a inteligência deste democrata nato nos teriam guiado na senda de um Moçambique sério, baseado no fundamento basilar por ele defendido, o de criar condições de vida dignas para os moçambicanos.
Teríamos um sistema de ensino para além do vulgar e ao fim destes 36 anos teríamos moçambicanos formados e com capacidade igual a qualquer cidadão formado nas grandes universidades deste mundo.



                             














A sua visão global, a sua experiência  de vida em várias capitais europeias, a sua permanência por longo tempo nos EUA  a exercer cargos importantes, fariam com que ele nos trouxe-se  ensinamentos  sobre a necessidade de seriedade, nos estudos, no trabalho, na sociedade, em casa e de certeza que hoje seríamos cidadãos dignos e orgulhosos da nossa pátria.
A ambição de ter uma educação e formação equiparada aos outros países era o foco principal, que não se concretizou e hoje somos este país de 3º mundo, corrupto, miserável, mendicante onde os malfeitores governam de forma impune.

Ele foi assassinado e esse propósito enterrado com ele. Tudo o que aconteceu depois desse ato cobarde já todos nós sabemos e continuamos a testemunhar diariamente o quão longe este país está da mística, da classe, do projeto  que envolve o nome deste líder africano único , com uma dimensão tão grande só comparável a de Mandela.
Lamento, mas devo dizer que não entendo porque não se fala, não se divulga a figura exemplar deste moçambicano saído de Manjacaze  que sonhou o seu país, iniciou e liderou a luta de libertação, lutou abnegadamente deixando para traz uma vida e uma carreira promissora nos EUA   e morreu lutando !!!!
Iniciei este post a descrever o feriado e termino dizendo que para a maioria deste povo este dia significa apenas 3 dias de descanso…
Memória curta e ingratidão a de quem governa e não exalta este herói maior e pobreza de formação e de cultura dum povo que não homenageia os seus heróis, não porque seja insensível, mas apenas porque não tem essa educação e porque tem outras prioridades, como por exemplo, a desesperada luta diária para sobreviver à vida dura que a Independência não aliviou nem um bocadinho.













quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

The Ladies and the Jazz
















Jazz  é o género musical donde brotaram tantos outros estilos...

Jazz é o lamento, é a sensibilidade é a loucura aliadas a uma improvisação melódica que marca o estilo único...
O bar cheio de fumo, o barulho dos copos e a banda tocando como que para si, esse Cotton Club eterno de nossas memórias...

O jazz não faz parte dos charts, nem é um estilo comercial pois ele é por demais superior a qualquer rotulo ou modismo, ele é eterno e sempre actual...





O Jazz nasceu directamente da cultura negra.  Nas viagens dos navios negreiros da África para os Estados Unidos, os negros que não morriam de doenças eram obrigados a dançar para manterem a saúde. As danças tradicionais dos senhores brancos eram as polcas, as valsas e as quadrilhas, e os negros imitavam-nos com o intuito de os ridicularizar, mas dançavam de acordo com a visão que tinham da cultura europeia, e misturando um pouco com as danças que conheciam. Dessa forma, surgiu a dança que era uma mistura da imitação dos ritmos europeus com os costumes naturais dos negros.






Em 1740, os tambores foram proibidos no sul dos Estados Unidos para evitar insurreições dos negros. Assim, para executar as suas danças, eles foram obrigados a improvisar com outras formas de som, como palmas, sapateado, e o banjo.
No início do século XX, as danças afro-americanas começaram a entrar para os salões, e a sofrer novas influências: do can-can e do charleston, principalmente. Logo, essa dança que se pode até chamar de “mista”, tomou conta dos palcos e da broadway, transformando-se na conhecida comédia musical. A comédia musical, por sua vez, não é nada mais que o segundo nome dado à dança mais conhecida como jazz...

http://bluelester.no.sapo.pt/jazz/historia.htm








quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Borboletar - music by Jamiroquai












A borboleta é considerada um símbolo de ligeireza e de inconstância, de transformação e de um novo começo.
A psicanálise moderna vê na borboleta um símbolo de renascimento.
No Japão a borboleta é um emblema da mulher, por ser graciosa e ligeira. A felicidade matrimonial é representada por duas borboletas (masculino e feminino). Essas imagens são muitas vezes utilizadas em casamentos. Também são vistas como espíritos viajantes que anunciam a morte de uma pessoa próxima quando aparecem. A metamorfose das borboletas é simbolizada como: a crisálida é o ovo que contém a potencialidade do ser; a borboleta que sai dele é um símbolo de ressurreição. Também pode ser vista como a saída do túmulo.
O termo grego psyche tinha dois significados originalmente. Um deles era alma e o outro borboleta, que simbolizava o espírito imortal. Na mitologia grega, a personificação da alma é representada por uma mulher com asas de borboleta. Segundo as crenças gregas populares, quando alguém morria, o espírito saia do corpo com uma forma de borboleta.
No mito do imortal jardineiro (Yuan-ko), sua bela esposa ensina o segredo dos bichos-da-seda, sendo ela própria, talvez, um bicho-da-seda.
No mundo sino-vietnamita a borboleta serve para exprimir um voto de longevidade ou é associada ao crisântemo pra simbolizar o outono.









Um conto irlandês chamado Corte de Etain simboliza a borboleta como a alma liberta de seu invólucro carnal, como na simbologia cristã. No conto o deus Miter se casa pela segunda vez com uma deusa chamada Etain, e por ciúmes, sua primeira esposa, transforma-a em uma poça de água. Após algum tempo, a poça dá vida a uma lagarta que se transforma em uma linda borboleta. Mider e Engus (filho de Dagda) recolhem a lagarta e a protegem. "E essa lagarta se torna em seguida uma borboleta púrpura.(...) era a mais bela que já ouve no mundo. O som de sua voz e o bater de suas asas eram mais doces que as gaitas de foles, as harpas e os cornos. Seus olhos brilhavam como pedras preciosas na obscuridade. Seu odor e seu perfume faziam passar a fome e a sede a quem quer que estivesse cerca dela. As gotículas que ela lançava de suas asas curavam todo o mal, toda doença e toda peste na casa daquele de quem ela se aproximava. O simbolismo é o da borboleta, o da alma liberta de seu invólucro carnal, como na simbologia cristã, e transformada em benfeitora e bem-aventurada."
Os astecas consideram a borboleta como um símbolo da alma, ou o sopro vital que escapa da boca de quem está morrendo.







Os balubas no Zaire central também simbolizam a borboleta como a alma. Eles dizem que o homem segue o ciclo da borboleta desde sua nascença até sua morte. O homem na infância é comparado a uma pequena lagarta e na maturidade, uma grande lagarta. Conforme vai envelhecendo, ele vai se transformando em uma crisálida. O seu túmulo seria associado ao casulo, de onde a alma sairá sob a forma de uma borboleta.
Os iranianos acreditam que os defuntos podem aparecer sobre a forma de uma mariposa.
Para os mexicanos, os guerreiros mortos acompanham o Sol na primeira metade do seu curto visível, até o meio-dia. Depois os guerreiros descem à terra sob a forma de borboletas ou colibris. Essa associação se deve ao fato da analogia da borboleta com a chama. O deus do fogo asteca (HUEHUETEOTL) levava como emblema um peitoral chamado borboleta de obsidiana. Também é o símbolo do sol negro, pois atravessa o mundo subterrâneo durante seu curso. É o fogo oculto, ligado à noção de sacrifício, morte e ressurreição.

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Conta-se que, quando as tropas aliadas invadiram os campos de concentração na Alemanha e Polónia, encontraram algo que lhes chamou a atenção, nos barracões designados às crianças. A Dra. também pesquisou nos campos,dando essa significação espiritualista para as borboletas. Nesses diferentes campos de concentração havia, por todas as paredes, nos barracões onde essas crianças passaram sua última noite, desenhos de borboletas. Eram desenhos arranhados à unha, feitos com pedras ou pedaços de tijolos.






Essas crianças, em meio à miséria, fome e dor, apartados de seus afetos, conseguem nos dar a explicação maior da vida. As borboletas que desenhavam era aquilo que intuitivamente percebiam ser a morte: a liberdade de um casulo pesado.
Ao morrer, somos todos borboletas a sair de seu próprio casulo, para conseguir alçar voos maiores.
No enterro, apenas o casulo permanece encerrado no cofre fúnebre enquanto a alma, a borboleta, tem a possibilidade de, liberada, alçar voos em céus de liberdade e de felicidade.

  (com a devida vénia
          Regina Rozenbaum)