quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Dignidade - song by Mart'nália




Diz NÃO à liberdade que te oferecem, se ela é só a liberdade dos que ta querem oferecer. Porque a liberdade que é tua não passa pelo decreto arbitrário dos outros. 
 
Diz NÃO à ordem das ruas, se ela é só a ordem do terror. Porque ela tem de nascer de ti, da paz da tua consciência, e não há ordem mais perfeita do que a ordem dos cemitérios. 
 
Diz NÃO à cultura com que queiram promover-te, se a cultura for apenas um prolongamento da polícia. Porque a cultura não tem que ver com a ordem policial mas com a inteira liberdade de ti, não é um modo de se descer mas de se subir, não é um luxo de «elitismo», mas um modo de seres humano em toda a tua plenitude. 
 
Diz NÃO até ao pão com que pretendem alimentar-te, se tiveres de pagá-lo com a renúncia de ti mesmo. Porque não há uma só forma de to negarem negando-to, mas infligindo-te como preço a tua humilhação. 
 
Diz NÃO à justiça com que queiram redimir-te, se ela é apenas um modo de se redimir o redentor. Porque ela não passa nunca por um código, antes de passar pela certeza do que tu sabes ser justo. 
 
Diz NÃO à verdade que te pregam, se ela é a mentira com que te ilude o pregador. Porque a verdade tem a face do Sol e não há noite nenhuma que prevaleça enfim contra ela. 
 
Diz NÃO à unidade que te impõem, se ela é apenas essa imposição. Porque a unidade é apenas a necessidade irreprimível de nos reconhecermos irmãos. 
 
Diz NÃO a todo o partido que te queiram pregar, se ele é apenas a promoção de uma ordem de rebanho. Porque sermos todos irmãos não é ordenarmo-nos em gado sob o comando de um pastor. 
 
Diz NÃO ao ódio e à violência com que te queiram legitimar uma luta fratricida. Porque a justiça há-de nascer de uma consciência iluminada para a verdade e o amor, e o que se semeia no ódio é ódio até ao fim e só dá frutos de sangue. 
 
Diz NÃO mesmo à igualdade, se ela é apenas um modo de te nivelarem pelo mais baixo e não pelo mais alto que existe também em ti. Porque ser igual na miséria e em toda a espécie de degradação não é ser promovido a homem mas despromovido a animal. 



E é do NÃO ao que te limita e degrada que tu hás-de construir o SIM da tua dignidade.
Vergilio Ferreira

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O grupo Anonymous - song by Stranglers



O Admirável Mundo Novo de Huxley está aí...
Os novos anarquistas, os ciber-guerrilheiros, o mundo já não é mais um lugar seguro, os inimigos combatem-se no éter, no ciber-espaço...


Uma visita ao website do grupo que se mobiliza em defesa de Julian Assange e seu Wikileaks, explica sua origem, quem são, como agem, e como participar.
Eis alguns dos esclarecimentos encontrados no website.
– Quem é Anonymous?
Somos uma colecção de indivíduos unidos por ideias. Somos seus irmãos e irmãs, seus pais e seus filhos, seus superiores e seus subordinados. Somos cidadãos interessados, a seu lado. Anonymous está em toda parte e em lugar nenhum. Nossa força está nos números. Nova vontade como um todo é a conjunto da vontade dos indivíduos.  Somos anónimos. Você também pode ser anónimo. Juntos, podemos mudar a sociedade.
- Por que usamos máscara?
A principal razão para as máscaras é a protecção da nossa identidade. Afinal, como poderíamos ser anónimos se expuséssemos nossas faces para o mundo? Uma segunda razão é a protecção de nossas vidas e nosso sustento.
- Como é a organização?
Anónimos é composta por pessoas de todas as esferas da sociedade e não tem hierarquia rígida nem liderança. Nossa organização é formada inteiramente por meio da acção voluntária e da colaboração de indivíduos, muitos dos quais não se conhecem directamente. Através do uso de canais públicos de comunicação, tais como [irc: / / irc.whyweprotest.net IRC (Internet Relay Chat)], fóruns e Wiki websites, os planos são elaborados por indivíduos e grupos unidos por um objectivo comum. Se os outros são inspirados por sugestões propostas por um agrupamento específico, Anonymous passa a agir como um todo.
A liderança do Anonymous é inexistente. Não existe ninguém no controle. Não estamos sob influência de nenhum indivíduo ou organização. Somos orientados apenas pelas decisões do todo. A orientação vem da mensagem, não do indivíduo.
- Quão séria é a organização?
Nossos objectivos são sérios e devem ser alcançados de maneira totalmente agradável. Para tanto, incentivamos o canto, música e animação geral em nossas demonstrações públicas. Assuntos sérios não impedem o bom humor. Nossa abordagem leve nos ajuda a manter a perspectiva, e ajuda a lembrar o grupo para que mantenha a calma. Como o confronto violento não é o nosso objectivo, fazemos o possível para manter a serenidade quando chegam nossos opositores. Esta é também a razão pela qual nós gravamos tudo que fazemos.
Quando ficamos de bom humor, nosso senso de perspectiva nos mantém seguros.


A CNN publicou uma conversa que manteve com um dos anónimos, na qual ele diz que a Operation Payback (Operação Vingança ou Operação Retaliação, como queiram) teve início como uma demonstração contra tudo que as pessoas não conseguiam mudar por meios legais. O anónimo disse também que o principal objectivo do grupo é a liberdade de informação. Toda e qualquer informação.
As acções do Anonymous são efectuadas utilizando diversos computadores – computadores de anónimos.
Gregg Housh, um activista baseado em Boston, que está apenas monitorizando as actividades do grupo, diz na reportagem da CNN que “Tudo que você tem que fazer é mandar um email para o Anonymous” dando permissão para que eles usem o seu computador. “Eles então conectam o seu computador com outros que já consentiram, e usam a força colectiva das máquinas para lançar os ataques.”

http://en.wikipedia.org/wiki/Anonymous_%28group%29

sábado, 15 de outubro de 2011

Terrakota - World Massala



Conheço há pouco tempo este grupo, foi o meu brother Miguel Rego que me passou e não fazia ideia da ousadia e seriedade deste projecto .
Muito bom, com alguns temas menos conseguidos mas no computo geral positivo !!

 O projecto Terrakota é uma banda de música portuguesa com uma sonoridade diversificada da África negra, das Caraíbas, Índias e Oriente . 
Têm como ponto de partida a música orgânica da África Negra, misturada com as sonoridades frescas das Caraíbas, das Índias e do Ocidente.
Nos Terrakota, a variedade de ritmos é a palavra-chave que permite transpor a energia de Romì, Junior, Alex, Francesco, David, Humberto e Nataniel, os sete elementos que constituem a banda. 
Por isso mesmo, essa fusão de influências reggae, sons do sahel, música mandinga, wassolou, chimurenga sound, música árabe, ritmos afro-cubanos ou soukous impõe o uso de uma grande variedade de instrumentos, provenientes dos vários pontos do globo - desde as congas ao djambé ou didjeridoo, além dos habituais baixo, guitarra e bateria.


O single "Bolomakoté" saiu na colectânea Optimus 2001.
O seu primeiro disco, com nome homónimo e lançado em 2002, foi fruto de dois anos de trabalho.
Em 2004 lançam o álbum Humus Sapiens  em 2007 o seu terceiro álbum Oba Train e finalmente em 2010 World Massala.

Um olhar do Buddha - song by Yes

               

                 
                 
                

O DESAPEGO

Quem a tudo renuncia jubiloso, alcança, já agora, a mais alta paz do espírito; mas quem espera vantagem das suas obras é escravizado pelos seus desejos.

Existe uma famosa história zen sobre um mestre e seu discípulo. Os dois estavam a caminho da aldeia vizinha quando chegaram a um rio caudaloso e viram na margem, uma bela moça tentando atravessá-lo. O mestre zen ofereceu-lhe ajuda e, erguendo-a nos braços, levou-a até a outra margem. E depois cada qual seguiu seu caminho. Mas o discípulo ficou bastante perturbado, pois o mestre sempre lhe ensinara que um monge nunca deve se aproximar de uma mulher, nunca deve tocar uma mulher. O discípulo pensou e repensou o assunto; por fim, ao voltarem para o templo, não conseguiu mais se conter e disse ao mestre:
— Mestre, o senhor me ensina dia após dia a nunca tocar uma mulher e, apesar disso, o senhor pegou aquela bela moça nos braços e atravessou o rio com ela.
— Tolo – respondeu o mestre – Eu deixei a moça na outra margem do rio. Você ainda a está carregando.






 Desapego não é desinteresse, indiferença ou fuga. Não devemos nos tornar indiferentes aos problemas da vida. Não devemos fugir da vida; não se pode fugir dela quando somos sinceros.
A vida e seus problemas devem ser encarados e lidados de frente, mas não são coisas às quais devamos nos apegar. É verdade que o dinheiro tem sua importância, mas a pessoa que se apega a ele torna-se avarenta e escrava do dinheiro. É muito fácil nos apegarmos à nossa beleza, às nossas aptidões ou às nossas posses, e assim nos sentirmos superiores aos outros. É igualmente fácil nos apegarmos à nossa feiúra, à nossa falta de aptidões ou à nossa pobreza, e assim nos sentirmos inferiores aos outros.  O apego às condições favoráveis leva à avidez e ao falso otimismo, enquanto que o apego às condições desfavoráveis leva ao ressentimento e ao pessimismo. Sem dúvida, nosso apego às coisas, condições, sentimentos e ideias é muito mais problemático do que imaginamos.
 Por isso, “deixe ir” as coisas. Todos os abusos, a raiva, a censura – deixe que venham e que se vão. Tudo o que fazemos, devemos fazer com sinceridade, com honestidade e com todas as nossas forças; e uma vez feito, feito está.
Não nos apeguemos a ele. Muitas pessoas se apegam ao passado ou ao futuro, negligenciando o importante presente. Devemos viver o melhor “agora”, com plena responsabilidade. Quando o sol brilha, desfrute-o; quando a chuva cai, desfrute-a. Todas as coisas nesta vida – deixe que venham e deixe que se vão. Este é um segredo da vida que nos impede de ficar aborrecidos ou neuróticos.
Buda disse que todas as coisas na vida e no mundo estão em constante mutação; por isso, não se torne apegado a elas.




quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Não desistir, nunca ! - song by Peter Gabriel





Um homem investe  tudo o que tem numa pequena oficina. Trabalha dia e noite, dormindo apenas quatro horas por dia. Dorme ali mesmo, entre um pequeno torno e algumas ferramentas espalhadas. Para poder continuar seus negócios, empenha sua casa e as jóias da esposa. Quando finalmente apresenta o resultado de seu trabalho à uma grande empresa, recebe a resposta que seu produto não atende ao padrão de qualidade exigido.
O homem desiste?
Não!
Volta à escola por mais dois anos, sendo vítima da chacota de seus colegas e de alguns professores que o chamam de "louco".
O homem fica ofendido?
Não!
Dois anos depois de haver concluído o curso de Qualidade, a empresa que o recusara, finalmente fecha um contrato com ele. Seis meses depois vem a guerra. Sua fábrica é bombardeada duas vezes...
O homem se desespera e desiste?
Não!
Reconstrói sua fábrica, mas um terremoto novamente a arrasa.
Você pensará, é claro: bom, agora sim, ele desiste!
Mais uma vez, não!
Imediatamente após a guerra há uma escassez de gasolina em todo país e este homem não pode sair de automóvel nem para comprar alimentos para sua família.
Ele entra em pânico e decide não mais continuar seus propósitos?
Não!
Criativo, ele adapta um pequeno motor à sua bicicleta e sai às ruas. Os vizinhos ficam maravilhados e todos querem as chamadas "bicicletas motorizadas". A demanda por motores aumenta e logo ele não conseguiria atender todos os pedidos! Decide montar uma fábrica para a novíssima invenção. Como não tem capital, resolve pedir ajuda para mais de quinze mil lojas espalhadas pelo país. Como a ideia parece excelente, consegue ajuda de 3.500 lojas, as quais lhe adiantam uma pequena quantidade de dinheiro.
Hoje, a Honda Corporation é um dos maiores impérios da indústria automobilística!

Esta conquista foi possível porque o Sr. Soichiro Honda, o homem de nossa história, não se deixou abater pelos terríveis obstáculos que encontrou pela frente.
Quantos de nós desistimos por muito menos? Quantas vezes o fazemos antes de enfrentar minúsculos problemas?
Todas as coisas são possíveis, quando sustentadas por sonhos e valores consistentes.
Pense nisso. Não desista!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ossie Dellimore - Reggae Music - 2011





St. Vincent born and Brooklyn resident Ossie Dellimore has been a long-time member of the reggae fraternity. His remarkable talents led him to capturing first place at the acclaimed ‘Amateur Night at the Apollo’, which is no easy task. You may remember his tune ‘Time Has Come’ from the first Easy Star records first full-length release ‘Easy Star, Volume 1’ back in 1998. Now 12 years later the talented veteran presents his latest effort, simply titled ‘Reggae Music’. Generic name? Call it what you will. The title aptly describes what is found therein. If one word were to preface the two Ollie chose for the title it would have to be ‘Quality’. The album is solid to the core. Original, bass heavy one- drops dominate the record. Ossie’s voice is smooth yet smoky and as crisp as a cool winter’s morn.
Stand out tracks include the pulsating, melodica-tinged ‘The Secret to Success’, the historically insightful ‘Old Time Something’ featuring a wicked guitar lick, and the hard hitting political exposé ‘How Come?’.‘Restless Soul’ is superb. The organ adds a beautiful dimension to a multi-layered tune, both lyrically and musically. Prominent yet again and equally welcome is the rhythm guitar, reminiscent of a time when reggae music was raw, rugged and real!
Dellimore has been rightly compared to reggae legend Peter Tosh with his booming baritone, socio-politically charged lyrics, and polished, precise delivery.
The title track is certainly another gem on the record. Dellimore adds a bubbling interpolation to the Black Ark recorded, Paul Weston produced, Gregory Isaac’s classic ‘Mr. Cop’ riddim. Ruff Scott’s old school toasting is more than respectable. He and Dellimore compliment each other nicely.
‘Scandal Mongerer’ adds yet another dimension to the record. The riddim track is upbeat with a classic reggae progression and a perfectly placed guitar solo creating an ideal platform for Dellimore’s crisp delivery and stirring lyrics.
‘Reggae Music’ was one of the best releases of 2010. Any fan of roots reggae, modern or classic, needs this record in their collection.
Highly Recommended!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A Ocupação de Wall Street - song by Bob Marley


Bob Marley, sempre actual neste pequeno cartaz da manifestante:
"Você pode enganar algumas pessoas algumas vezes, mas você não pode enganar toda a gente sempre "
Os ventos da mudança global sopram cada vez com mais força e nada nem ninguém os vai travar.
O mundo como está hoje, é um mundo esgotado  sem soluções e aqueles que pensam que vão perpetuar este desastre total estão a começar a perceber...só que ainda estão muito agarrados aos ramos das suas árvores das patacas e nem se apercebem que ela já está a ser cortada à machadada !!!



- Hey, Johnny, contra o que você está se rebelando?
- O que você sugere?
O diálogo do filme O Selvagem da Motocicleta, em que Marlon Brando atua como um motociclista juvenil, demonstra que já desde a década de 1950 os protestos sem uma razão específica para se protestar não são tão irracionais ou inesperados. “Isso talvez seja a maior força deste movimento, que não começou com metas fixas e rígidas”, acredita o professor de Políticas Sociais do Instituto Politécnico Rensselear, Langdon Winner, conhecido por seus artigos sobre cultura americana e tecnologia. Ele também foi repórter durante alguns anos da da revista Rolling Stone.
O movimento de ocupação de Wall Street tem sofrido grandes contestações da mídia por esta falta de definição específica sobre o que são os protestos. Desde o dia 17 de setembro, vários grupos sociais decidiram ocupar a praça onde os executivos das maiores instituições financeiras do mundo sentam para almoçar: a LibertyPlaza. A ideia, pegando como princípio o que aconteceu na Primavera Árabe, é demonstrar que o sistema financeiro e político do mundo está falido. Enquanto se vê uma crise do sistema capitalista cada vez maior, há 1% da população que representa cerca de 50% da riqueza mundial. A manifestação é a voz dos 99% restantes, como dizem os participantes da ocupação. “Só para citar um exemplo, hoje, nos EUA, os jovens enfrentam um terrível índice de desemprego. Esta situação é a pior porque contradiz o que sempre foi prometido para eles: 'o sonho americano'. O montante de débito estudantil por meio de empréstimos para pagar um curso superior atualmente ultrapassa o total de débito em contas de cartão de crédito. É quase 1 trilhão de dólares! Os estudantes saem das universidades devendo dezenas, às vezes centenas de milhares de dólares e descobrem que não há empregos esperando por eles. Será que eles são uma bomba relógio? Claro. Um dos itens que eles podem colocar como demanda é isso: perdão de todos os empréstimos estudantis”, conextualiza Winner.
Na quarta-feira (05/10), o movimento realizou uma manifestação que foi reprimida fortemente pela polícia, terminando com 28 pessoas presas. A manifestação, porém, marca uma mudança na estrutura e credibilidade do movimento para os olhos de grupos mais conservadores. O sociólogo e professor de Jornalismo e Sociologia da Universidade Columbia, Todd Gitlin, analisa o contexto: “A importância do que aconteceu na quarta-feira é que sindicatos e organizações liberais, que são mais tradicionais e hierárquicos, se juntaram aos grupos com posições mais anáquicas. E em números bem grandes. E de muita boa-fé. O que se tem é que a ingenuidade dos protestantes iniciais encontrou um meio para atrair e escolher um momento para que as pessoas que não se ligam culturalmente ao movimento entendam que algo está acontecendo e que estão cansadas de esperar. Nós estamos em uma posição bem diferente da que estávamos na semana passada”.
A demonstração de que o sistema vigente está falido é o que tem atraído cada vez mais organizações, inclusive as mais conservadoras e tradicionais, para o movimento. Nessa quinta-feira (06/10), a Federação de Professores Americanos oficializou o seu apoio à ocupação. Até o apresentador apolítico David Letterman disse em seu programa concordar com o acampamento no distrito financeiro.
Gitlin e Winner concordam que esses protestos já estavam anunciados para acontecer de qualquer maneira. O que adiou para que acontecesse agora foi a eleição de Barack Obama à presidência do país. Os grupos esperaram para ver se o líder eleito conseguiria driblar a crise e resolver a falência global. “Agora, está perfeitamente claro que Obama é só um outro político, alguém considerado relutante ou incapaz de domar a dolorosa crise econômica e política que os norte-americanos vivem todos os dias. Obama e os outros de Washington, a elite do distrito de Columbia, perderam o seu momento de agir. Eles provaram a sua irrelevância. Por razões muito boas, a população decidiu tomar a democracia com suas próprias mãos”, explana Winner.
O que se vê agora e que influenciará a próxima eleição, segundo Gitlin, é que os Estados Unidos contam com uma nova força que influenciará e até decidirá os rumos do país: a sociedade. A democracia norte-americana, agora, precisa lidar com um agente que estava até então oprimido das decisões e relações políticas. A ocupação e manifestação no coração financeiro do mundo fez com que o questionamento sobre o que é a democracia nos EUA se tornasse mais popular e divulgada por todas as camadas da sociedade. “Agora há uma nova força. Nós estamos em um novo contexto político”.
Para Langdon Winner, porém, o futuro pode não ser tão promissor quanto se parece agora. “É muito cedo para dizer se este fermento moverá a sociedade para uma situação mais justa, igualitária e de engajamento público. Aliás, um possível resultado é uma reação fascista viral, algo que frequentemente ocorre quando a economia quebra, como aconteceu na Europa durante os anos de 1930. Nos EUA hoje, é um desafio saber se vai prevalecer a democracia direta da ocupação em Wall Street ou o fascismo do movimento Tea Party. Estes são tempos extremamente perigosos.”
http://operamundi.uol.com.br/

sábado, 8 de outubro de 2011

Mikhail Bakunin - song by Richie Havens



 Li  Bakunin  quando tinha 20 anos, o livro " Deus e o Estado" e nunca mais fui o mesmo, Bakunin estava muito à  frente, era uma visão nova do mundo e tinha magia ...
Bakunin, considerado o pai do Anarquismo permanece actual face ao mundo em que vivemos e duma forma mais consciente o mesmo mundo está preparado para uma nova forma de viver, existe um anseio por um mundo em que a liberdade seja sinónimo de possibilidades para todos e não somente para uma máquina maquiavélica que vive do sangue de todos nós...
Por um mundo melhor, por uma realidade mais feliz para todos onde cada um possa ter  justiça na sua escolha...
Ler e pensar...





"Sou um amante fanático da liberdade, considerando-a como o único espaço onde podem crescer e desenvolver-se a inteligência, a dignidade e a felicidade dos homens; não esta liberdade formal, outorgada e regulamentada pelo Estado, mentira eterna que, em realidade, representa apenas o privilégio de alguns, apoiada na escravidão de todos; (...) só aceito uma única liberdade que possa ser realmente digna deste nome, a liberdade que consiste no pleno desenvolvimento de todas as potencialidades materiais, intelectuais e morais que se encontrem em estado latente em cada um (...)."


"Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Essa minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana"

.http://pasrupccl.no.sapo.pt/bibliografias_bakunine.htm

Tudo Está ao Nosso Alcance - song by Robert Cray



A vida traz a cada um a sua tarefa e, seja qual for a ocupação escolhida, álgebra, pintura, arquitectura, poesia, comércio, política — todas estão ao nosso alcance, até mesmo na realização de miraculosos triunfos, tudo na dependência da selecção daquilo para que temos aptidão: comece pelo começo, prossiga na ordem certa, passo a passo. É tão fácil retorcer âncoras de ferro e talhar canhões como entrelaçar palha, tão fácil ferver granito como ferver água, se você fizer tudo na ordem correcta. Onde quer que haja insucesso é porque houve titubeio, houve alguma superstição sobre a sorte, algum passo omitido, que a natureza jamais perdoa. Condições felizes de vida podem ser obtidas nos mesmos termos. A atracão que elas suscitam é a promessa de que estão ao nosso alcance. As nossas preces são profetas. É preciso fidelidade; é preciso adesão firme. Quão respeitável é a vida que se aferra aos seus objetivos! As aspirações juvenis são coisas belas, as suas teorias e planos de vida são legítimos e recomendáveis: mas você será fiel a eles? Nem um homem sequer, receio eu, naquele pátio repleto de gente, ou não mais que um em mil. E, se tentar cobrar deles a traição cometida, e os faz relembrar de suas altas resoluções, eles já não se recordam dos votos que fizeram. [...] A corrida é longa, e o ideal, legítimo, mas os homens são inconstantes e incertos. O herói é aquele imovelmente centrado. A principal diferença entre as pessoas parece ser a de que um homem é capaz de se sujeitar a obrigações das quais podemos depender — é obrigável; e outro não é. Como não tem a lei dentro de si, não há nada que o prenda.

Ralph Waldo Emerson, in "Considerations by the Way"

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Miss you Amy Winehouse


O mundo consumista e do imediatismo  retira-nos  a capacidade de sentir , vai-nos despojando do lado humano, do sentir saudades, do sentar num banco de jardim e ouvir os pássaros,  do chorar os nossos ídolos recém desaparecidos; vivemos sôfregos de novidades e descartamos sentimentos como quem deita fora a pastilha elástica depois de mastigar...
Tenho saudades da Amy, ela deixou um espaço vazio na minha memória afectiva e quando a  oiço cantar bate-me o sentimento triste de ter perdido uma amiga que me fez e ainda faz feliz...
Maputo está invernoso, a minha alma também está cinzenta e a Amy aqui está a aquecer o meu ser entristecido...
 Tu viverás para além de tudo, a tua música é eterna e única !!!
Miss you !!

domingo, 2 de outubro de 2011

O meu Moçambique com a alma cheia de vazio



Não dá , não aguento mais com isto, ver este País se esvaziar continuamente  do respeito devido aos seus filhos, nada mais tem valor na nossa terra, os critérios são surrealistas, parece brincadeira...
Organizamos os Jogos Africanos  mediocremente e dizemos que foi um sucesso, pode?
A cidade paralisada  com as provas de ciclismo; a chegada das bicicletas de competição  em cima da data das prova , a cerimónia de pódium sem flores; o abandono dos representantes do governo antes da entrega das medalhas, etc.
Em termos de resultados umas míseras gramas de prata e mais algumas de bronze, e não dizemos que isso é uma derrota total, sendo nós ainda por cima os organizadores...
Grande mérito para os atletas abnegados que tudo deram  , sem dúvida, independentemente das condições em que se prepararam , e  da quantidade de medalhas alcançadas !!
Não é por falta de valores, é por incúria e vazio de amor próprio ,vazio de ambição...
Esta é a terra de Lurdes Mutola, Eusébio , Repinga, Isaías Tembe, Mussa Tembe, Eduardo Mondlane,  Mia Couto, Malangatana, Ricardo Chibanga,, Rui Guerra, Pancho Guedes, Azagaia, Alberto Chissano, Craveirinha, Naguib, Eduardo White, Jaimito,  Fani Fumo, são muitos nomes a mencionar,e por último  da SELECÇÃO DE HÓQUEI QUE É UMA DAS 4 MELHORES DO MUNDO  !!
... foi ontem que esta selecção completamente desconhecida  conseguiu esse feito , e nós nada, vazio total, nem os conhecíamos, eles simplesmente são invisíveis , não merecem nada ...
Sim, este é o meu país e dele exijo tudo, não admito pouco porra, já estou farto de tanto desrespeito e tanta incompetência  !!
Levantou-se uma celeuma por causa duma preta feita cerveja e foi o que se viu, o vazio a conquistar território, uns grupos moralistas sem guerras para travar a dar o seu show de  activismo vazio , de falta de conteúdo, enfim ...
Oremos meu povo,que só dá mesmo para rogar aos céus !!
A IURD, enche os estádios do Zimpeto, Machava e Costa do Sol, e nós mais uma vez deliramos com o reino do vazio, e lá estamos com pompa e circunstância a discursar, a oficializar nada, a mostrar como é bom ver muita gente junta, que  espectáculo, e a perguntar-mo-nos:
Afinal o Dia D é o quê?
Não interessa,vamos lá, porque  é lá que está a salvação, pode ???
Encheram-se os estádios como nunca nenhum evento antes o fez !!
Porra ,que país é o meu ?
O que é que está a acontecer?
Ninguém diz nada? Ninguém diz nadaaaaaaaaaaaaaa .........
Onde estão os pensadores, os académicos, os jornalistas, os escritores, as pessoas que estão a ver e a sentir o vazio a entrar assustadoramente nas suas casas, nas suas vidas ?
Será que tudo se transformou em vazio , em nada e que nós já não sentimos, não pensamos, não percebemos que somos um país e que ele é o  reflexo daquilo que nós fizermos dele  ?
Doeu-me ver as notícias ontem, imprensa, rádio, tv  não dizerem rigorosamente nada do feito da nossa selecção de hóquei, não vou sequer falar da não  cobertura em directo , foi um vazio ao quadrado ....
São 04H10, e desde ontem que venho ruminando este veneno que me mata devagar; sinto que definitivamente não vou ver o vazio a regredir, é demais, sinceramente só consigo ver nada, !!!!
Que é que aconteceu connosco ?
Será que não somos capazes de nos amarmos ?
O reino do vazio expressa-se pelo consumo rápido, voraz ,  do imediato  do que está na moda ou é massificado pelos média...mesmo que sem conteúdo, apenas vazio, isso agrada aos habitantes do país oco  ...
Estamos dispersos como bêbados que caminham aos esses pela realidade, e nos perdemos de nós pátria, não conseguimos chegar a casa, não conseguimos nos emocionar com o facto de sermos moçambicanos , não exigimos responsabilidades, já nos habituamos e ficamos simplesmente a dormir num sujo vão de escada do planeta...a evolução , o desenvolvimento do povo fica na retórica vazia do deixa  para o futuro, e só sobra nada...
Porra ,VIVA A SELECÇÃO DE HÓQUE DE MOÇAMBIQUE !!!!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Nós somos uma surpresa para nós próprios




Somos Uma Surpresa Para Nós Próprios 

Como serão em privado as pessoas que conhecemos? Quanta surpresa se o soubéssemos. Porque nós, instintivamente, tendemos a julgá-las idênticas dentro e fora de si. Mas o que somos por fora é o que aceitamos que o seja e é o que os outros estabeleceram. Tal fanfarrão na praça pública pode ser um chilro piegas quando lá não está ou um medricas quando a coisa é a sério (Não dizia Aristóteles que os grandes atletas eram maus soldados?). Ou inversamente. O que aceita para si a imagem exterior de um mole, de um tíbio, de um encolhido de comportamento - no interior de si, e quando for caso disso, pode ser um obstinado de dente rilhado. Há um estilo de se ser que se adopta por convenção generalizada, orientação de uma época, obrigação protocolar no modo de nos manifestarmos.

(...) As regras de comportamento em grandezas chegam só à porta da rua ou ao menos da do quarto ou seguramente à da casa de banho. E daí para dentro, vale tudo, ou seja a regra somos nós. E é então que sabemos quem somos ou quem é aquele que consentimos que seja ou em que medida respeitamos em nós o que respeitamos nos outros. Mas nem é preciso talvez entrarmos na nossa intimidade. Quanta farófia se não desfaz em caca quando entra a polícia? Como se aguentaria ela, frente a um pelotão de fuzilamento? Mas o mesmo tipo revelado em fraqueza e enrolado de timidez poderia revelar-se em coragem quando a coisa fosse a doer. Tudo é tão casual. Somos tanto a invenção de nós em cada momento. Tudo é tão em nós uma fortuita conjugação de astros. Somos tão surpresa para nós próprios. Para a coragem ou o amor ou a verdade ou mesmo a inteligência. Ou o simples estar vivo.

Vergílio Ferreira, in 'Pensar'

domingo, 25 de setembro de 2011

Marisa Monte - A Minha Diva do Brasil




Adoro música brasileira, e Marisa Monte é para mim uma personagem que marcou uma época , ela trouxe para a música brasileira uma finesse , uma qualidade de voz, imagem e interpretação únicas.
Simplesmente amo ela...
O álbum que mais gosto é o " Verde , Anil, Amarelo ,  Cor de Rosa e Carvão "



Marisa de Azevedo Monte  nasceu no Rio de Janeiro, 1 de Julho de 1967 , é   cantora, compositora, instrumentista e produtora musical  de música pop e samba.
Marisa já vendeu mais de 10 milhões de álbuns e ganhou inúmeros prémios nacionais e internacionais, incluindo três Grammy Latino, sete Video Music Brasil, nove Prêmio Multishow de Música Brasileira, cinco APCA e seis Prêmio TIM de Música. Marisa é considerada pela revista Rolling Stone Brasil como a maior cantora do Brasil. Ela também tem dois álbuns (MM e Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão) na lista dos 100 melhores discos da música brasileira.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Marisa_Monte

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

R.E.M. - O fim duma super banda


Comecei a curtir REM  nos idos anos 80, altura em que a fama ainda estava longe.
Em 86 comprei um álbum chamado Fables of  the Reconstruction e foi um feeling imediato.Ouvia-se  então Echo and Bunnyman, Television, U2, Elvis Costello, Lou Reed, Stranglers, Smiths etc.
Com o passar dos anos a banda de Michael Stripe e Peter Buck  foi-se  afirmando e crescendo a olhos vistos e o mundo em 1991 foi surpreendido com um dos melhores álbuns de rock de sempre " Out of Time "


A presença em palco de Michael é ou era simplesmente alucinante, frenética, quase diria o " movimento rápido dos olhos " em pessoa !!
Chegou ao fim e eu sinto que o tempo é implacável e cruel, duma forma directa ele me avisa que o meu tempo também está a chegar.
Servem estas linhas apenas para homenagear esta banda que me fez curtir muito, ganzar, dançar e amar demais !!!




http://pt.wikipedia.org/wiki/R.E.M.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Sobre o ciúme - song by Craig Davis




          O Verdadeiro e o Falso Ciúme

O ciúme é uma espécie de temor, que se relaciona com o desejo de conservarmos a posse de algum bem; e não provém tanto da força das razões que levam a julgar que podemos perdê-lo, como da grande estima que temos por ele, a qual nos leva a examinar até os menores motivos de suspeita e a tomá-los por razões muito dignas de consideração.
E como devemos empenhar-nos mais em conservar os bens que são muito grandes do que os que são menores, em algumas ocasiões essa paixão pode ser justa e honesta. Assim, por exemplo, um chefe de exército que defende uma praça de grande importância tem o direito de ser zeloso dela, isto é, de suspeitar de todos os meios pelos quais ela poderia ser assaltada de surpresa; e uma mulher honesta não é censurada por ser zelosa de sua honra, isto é, por não apenas abster-se de agir mal como também evitar até os menores motivos de maledicência.Mas zombamos de um avarento quando ele é ciumento do seu tesouro, isto é, quando o devora com os olhos e nunca quer afastar-se dele, com medo que ele lhe seja furtado; pois o dinheiro não vale o trabalho de ser guardado com tanto cuidado. E desprezamos um homem que é ciumento de sua mulher, pois isso é uma prova de que não a ama da maneira certa e tem má opinião de si ou dela. Digo que ele não a ama da maneira certa porque se lhe tivesse um amor verdadeiro não teria a menor inclinação para desconfiar dela. Mas não é à mulher propriamente que ama: é somente ao bem que ele imagina consistir em ser o único a ter a posse dela; e não temeria perder esse bem se não julgasse que é indigno dele, ou então que a sua mulher é infiel. De resto, essa paixão refere-se apenas às suspeitas e às desconfianças; pois tentar evitar algum mal quando se tem motivo justo para temê-lo não é propriamente ter ciúmes.

René Descartes, in 'As Paixões da Alma'


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Cântico Negro - song by The Doors








"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"


Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...


A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe


Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...


Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?


Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...


Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.


Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...


Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...


Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.


Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!


José Régio, in 'Poemas de Deus e do Diabo'


terça-feira, 13 de setembro de 2011

A cerveja preta complexada da Laurentina 2 - Emmanuel Jal

                            Emmanuel Jal no CCFM




Hoje senti vergonha de ser moçambicano!!!
A ignorância é para mim o maior flagelo e esta noite senti que nós buscamos ser um povo ignorante.
Os fazedores de opinião, a "inteligenzia" , aqueles que são a elite pensante, os personagens da cultura, os que supostamente denunciam o que não vai bem, a nata da elite que estudou fora, aqueles que se acham conscientes da sua diferença dos demais, não estiveram, afinal não existem na realidade....
Não questiono o povo em geral, aquele que vive anónimo e morre anónimo , que há muito  deixou de fazer parte dos cidadãos com possibilidades de virem a construir uma sociedade normal, banal, sem nada mais que a simples possibilidade de serem pessoas comuns.
...não,  para esses o lúdico nem sequer faz parte do seu mundo, a sua realidade é mais a luta diária pela miserável sobrevivência, e desses é o reino dos céus....não o reino da terra !!!
Não acuso ninguém, não existe realmente alvo, existe sim é uma nuvem de ignorância  voluntariamente assimilada , naturalmente e por opção, fruto de um vazio no cerne do indivíduo, mesmo que na prática esse individuo  represente e exerça o mundo que supostamente "pensa", o mundo que dita leis, que manda bitaites , que cria fórums, que quer ser participativo e outros afins.
Bom, depois deste devaneio incompreensível para muitos, vou falar sobre os factos que me puseram assim, envergonhado de ser moçambicano !!


Emmanuel Jal  , não é simplesmente uma estrela sudanesa da world music, ele representa a história dos meninos da guerra, dos meninos usados em todas as guerras, dos meninos tantos que estiveram na guerra civil moçambicana,esses mesmos que fizeram operações militares letais,que atacaram colunas nas estradas deste país , queimaram autocarros , que matavam como os meninos do " Deus da Moscas "de William Golding ; a sua história passou ontem no CCFM,no Festival Dockanema.
Documentário terrível, chocante , uma forma de exorcismo da nossa própria história, momento solene que passou por nós como se nada tivesse acontecido, sem relevo, sem ser mencionado, sem ser sequer entendido, sem que a maior parte das pessoas estivesse minimamente ligando para o facto, resumindo, submerso num mar de desinteresse total, o auge do estado duma sociedade ignorante, fútil, desinformada, sem futuro, triste...


Hoje Emmanuel deu um espectáculo memorável, dos melhores que já passaram pelo CCFM, o menino da guerra metamorfoseou-se na voz que denuncia a guerra, a sua própria tragédia e fez também o anjo que canta a vida, o amor, o mundo melhor.
Showman,  possesso dos espíritos errantes e sem descanso daqueles que viu morrer na guerra do Darfur !!!
Pois é, está chegado o ponto crucial do porquê do titulo, da cerveja preta complexada  2...
A sala estava digamos fraca, para não dizer quase vazia  e pior do que isso é que a maior parte das pessoas que lá estavam mais ou menos 3/4  eram estrangeiros,brancos !!!!
Onde estavam os pretos, os representantes da maioria  dos moçambicanos?
Não digo o povo, não !!!!
Pergunto por todos aqueles que mencionei no principio do post, as classes mais preparadas os que botam discurso sobre os direitos, sobre o comportamento, sobre os valores, onde estavam?
Gerou-se uma peixeirada  fútil por causa duma  publicidade mas constato que a Cultura não apela, que realmente a reacção á preta mais que boa só tem quorum porque o pessoal não tem cultura não é estimulado para consumir cultura que é a forma mais simples e mais mobilizadora   para a  educação, para a  evolução de um povo !!!!!
A vontade de muitos grupos será sempre  desfeita á partida se não se trabalhar urgentemente nesta verdadeira perda de identidade, perda de capacidade de um dia podermos ser evoluídos suficientemente para não mostrarmos ao mundo o quão desfasados estamos   no respeitante a tolerância, modernidade, arte publicitária neste caso,etc.
Faço ideia o que o Emmanuel Jal  deve ter pensado quando num concerto em Moçambique  tem na sua assistência uma meia dúzia de brancos...
Sem ser complexado como a preta boa, imagino o Emmanuel a perguntar-se:
Mas onde estão os pretos ???
Gostei de ver os Tofo Tofo a acompanharem o músico, e fiquei orgulhoso pela presença activa ,feliz, verdadeira em palco,  do Mano Azagaia !!!
Se fosse o Mc Roger,ou a Dama do  Bling talvez estivesse mais cheio....


Parabéns ao CCFM pelo Festival,continuem que o pessoal a bem ou a mal vai acordar !!!!

http://en.wikipedia.org/wiki/Emmanuel_Jal



 



sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Nneka - Concrete Jungle




Este disco é uma super descoberta, como o são as surpresas maravilhosas da vida.
Álbum de R&B genial, uma mistura de Ayo, Lauren Hill , Erika Badu , disco que não tem momentos pobres,
Nneka nasceu na Nigéria e vive na Alemanha.
Este é o álbum da descoberta da América e o álbum da revelação....
Disco para acompanhar a leitura de um bom livro de poesia, bebendo um bom copo de vinho na companhia de alguém que nos seja especial, rezando para que esse instante dure eternamente...
Curtam que é do melhor que já postei, disco por demais especial para mim, único !!!


Reverência ao destino
                                                           
Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e reflectir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente eléctrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las.
Ter a noção exacta de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefónica.
Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fracção de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.



















   

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Deep Pleasure Vol. 1



Já tinha começado esta série, e é super deep house, mesmo do bom !!!!
Curtam enquanto bebem umas pretas boas....
Este é o 1º tema do álbum, tem um final super deep...

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A cerveja preta complexada da Laurentina




Apesar de estarmos independentes há 36 anos e termos passado dum regime marxista-leninista para uma democracia de capitalismo selvagem, os fantasmas do colonialismo ainda nos assombram...
A publicidade acima exposta deu azo a uma polémica que envolveu várias vozes da sociedade e levou à suspensão da mesma.
Os argumento esgrimido teve como base o desrespeito pela mulher moçambicana , a figura da mulher negra usada neste spot, diziam eles usada como objecto sexual .
Para quem conhece publicidade agressiva de teor sexual  este spot é absolutamente angelical, é apenas uma imagem esbatida  dum corpo  feminino sensual ,(até o pormenor do rótulo no lugar em que está foi mencionado).
Na minha opinião o que está subjacente a toda esta algazarra é o spot conotar a cerveja à raça negra, o facto de se colocar uma mulher preta e apelida-la directamente de preta...
Chamar-se preto a um individuo de raça negra era um insulto de terrível conotação  usado no tempo colonial  e que ficou alojado no subconsciente de muita gente e por isso, quanto a mim, a razão da vertiginosa mobilização e suspensão da publicidade.
Na minha óptica esta publicidade em vez de pejorativa é um elogio à negritude, ao orgulho de se ser preto e em especial à sensualidade da mulher moçambicana, não vejo onde esteja o desrespeito .
Parece-me também uma fuga para a frente por parte de muitos intervenientes nesta mobilização, pois existem problemas relacionados com a mulher moçambicana como a violência doméstica, a prostituição infantil, a exploração da mulher trabalhadora, abusos sexuais na escola etc , que mereceriam esta atitude e que são problemas que se arrastam há décadas.
Infelizmente isto parece um renascer da censura marxista, pois já se fala em censura na música, depois talvez na pintura ( o Naguib que se cuide que ele é o mestre dos nus femininos).

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Freddie Mercury - 65 anos hoje


Faria hoje 65 anos...
Estrela que permanece viva em tudo que é acontecimento desportivo, "We are the champions" é o hino dos vencedores.
Figura única no palco, marcou uma época, a sua presença em palco era arrepiante, pôs multidões em delírio; lembro-me por exemplo do Live Aid.
Não sou fã dos Queen, mas Freddy merece esta singela homenagem.

sábado, 3 de setembro de 2011

Thievery Corporation - Culture of Fear




 Os Thievery são uma sonoridade única e este último álbum é talvez o melhor, mais maduro e muito bem conseguido.
Música sensual,cool, boa onda !!!
Maravilha para os sentidos...


Thievery Corporation was formed in the summer of 1995 at Washington D.C.'s Eighteenth Street Lounge. Rob Garza and Lounge co-owner Eric Hilton were drawn together over their mutual love of club life, as well as dub, bossa nova and jazz records. They decided to see what would come of mixing all these in a recording studio, and from this, the duo started their Eighteenth Street Lounge Music record label.
The duo drew attention with their first two 12" offerings, "Shaolin Satellite" and "2001: a Spliff Odyssey" and with their 1997 debut LP, Sounds from the Thievery Hi-Fi.
In 2002 they released The Richest Man in Babylon on their ESL label. This fifteen track album is similar in sound and timbre to their earlier 2000 release, The Mirror Conspiracy, and features performances by vocalists Emilíana Torrini, Pam Bricker, and Loulou.
In 2005 they released The Cosmic Game, which has a darker, more psychedelic sound than The Richest Man in Babylon. The album also featured more high-profile guest singers on it, including Perry Farrell, David Byrne, and Wayne Coyne of The Flaming Lips.
In 2006 the group released Versions, a selection of remixes done by Thievery Corporation for other artists. They toured around the United States, playing at Lollapalooza. The tour was photographed by Rob Myers, Thievery Corporation's sitar and guitar player, in the Blurb photo book Thievery Corporation 2006.[1] In 2006, the band also recorded "Sol Tapado" for the AIDS benefit album Silencio=Muerte: Red Hot + Latin Redux produced by the Red Hot Organization.
The group released their fifth studio album, Radio Retaliation, on September 23, 2008. It was nominated for the Grammy for best recording package.[2] Thievery Corporation's tour started out with 5 consecutive sold out shows at the 9:30 Club in Washington, DC.[3]
The language of the group's lyrics throughout their career include English, Spanish, French, Persian, Portuguese, Romanian and Hindi. This reflects the group's world music influences.
They were the opening act on August 1, 2009 for Sir Paul McCartney at FedEx Field in Landover, Maryland.
On July 27, 2010, Babylon Central, the cinematic directorial debut of founding member Eric Hilton, was released. Set (and shot) in Washington, D.C., the film follows tripwire events in the interconnected lives of its characters, each influencing power brokers' schemes to manipulate international currencies.[4]
In June 2011, Thievery Corporation released their sixth album, Culture of Fear.
Wikipedia

Urban Myth Club - So Beautiful


Nada é Certo 

Ninguém avança pela vida em linha recta. Muitas vezes, não paramos nas estações indicadas no horário. Por vezes, saímos dos trilhos. Por vezes, perdemo-nos, ou levantamos voo e desaparecemos como pó. As viagens mais incríveis fazem-se às vezes sem se sair do mesmo lugar. No espaço de alguns minutos, certos indivíduos vivem aquilo que um mortal comum levaria toda a sua vida a viver. Alguns gastam um sem número de vidas no decurso da sua estadia cá em baixo. Alguns crescem como cogumelos, enquanto outros ficam inelutávelmente para trás, atolados no caminho. Aquilo que, momento a momento, se passa na vida de um homem é para sempre insondável. É absolutamente impossível que alguém conte a história toda, por muito limitado que seja o fragmento da nossa vida que decidamos tratar.

Henry Miller



Urban Myth Club foi post em Fevereiro de 2010 e vale a pena revisitar, nas coincidências, nas encruzilhadas da vida, certos sons retratam a alma tão nitidamente...




 

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Fat Freddy’s Drop Live at Roundhouse London



Palavras para quê????
Simplesmente fabuloso, quando é que vamos ter "isto" nos nossos palcos ?????


Not only have a thousand subgenres – witch house, anybody? – normally come and gone in the time it takes Fat Freddy’s Drop to finish one track, but the New Zealand group’s entire modus operandi seems out of kilter with the modern world. In an age in which ever more music is created from files swapped across the internet by people who’ve never met, the crucible of Fat Freddy’s music remains live performance. Instead of using their gigs as testing grounds for what they’re working on in the studio, their albums act more as condensed versions of the epic jams they play live, where the seven-strong core collective lock onto grooves for often 15 minutes or more.
Live at Roundhouse London not only captures Fat Freddy’s in their natural element, but also features tracks from 2009’s Dr. Boondigga and The Big BW LP in embryonic form. Except that “embryonic” gives completely the wrong impression, since these tracks are much bigger and fully-fleshed than their recorded incarnations. Recorded at the titular London venue in 2008, the crowd on that December evening wasn’t treated to recognisable favourites from 2005’s word-of-mouth success Based on a True Story album but – with the exception of Flashback – nearly 90 minutes of entirely new material.
They’re an act that’s either incredibly indulgent or incredibly brave – only managing to get through six tracks, it’s vital that each one has that instantly identifiable Fat Freddy’s vibe their fans adore them for, so that even the brand new can be greeted like an old friend. That’s not to say that everything sounds the same, but few bands have created a sound so uniquely theirs whilst keeping it so open for manoeuvre. So The Camel and The Raft find them steering through funk, jazz and soul whilst Pull the Catch and Shiverman take detours into drum’n’bass and house respectively, but are always steered by DJ Fitchie’s dub beats and Joe Dukie’s soulful vocals.
Trying to capture the atmosphere of a Fat Freddy’s Drop gig on record is ultimately futile, but if you’ve never been to one yourself this offers a good insight into what makes them so fertile.
Paul Clarke   BBC Music Review